Palestra no Mosteiro de Tibães/Braga, dia 15 de Dezembro, 15 h. Entrada livre. “Guadameci: a arte dos couros dourados – frontais de altar, panejamentos, coxins, biombos, calçado, estofos (sécs. XII-XIX)"
Criado no al-Andalus e desenvolvido na época tardo-medieval, o método de ornamentação do couro chamado guadameci – do árabe wad’ al-másir, ou gueld’ al-másir - utilizou-se sobretudo para criar revestimentos de parede, coxins e frontais de altar, de acordo com as
referências documentais do período medieval. A primeira referência em Portugal parece dever-se às posturas municipal de Coimbra, de 1145, listando calçado com guadameci. Técnica de luxo, as peças em guadameci eram usadas por nobres e eclesiáticos, conforme documentos dos dois países ibéricos saídos da Reconquista; apesar da maioria dos documentos ser relativa ao sul peninsular – directamente herdeiro das tradições do Islão -, também no norte se usou o guadameci; uma das notícias, de 1565, diz respeito ao Mosteiro de Tibães; uma outra, em Braga, de 1592, refere um frontal na Capela de Santa Ana, que se encontrava situada no que é agora a Avenida Central, tendo sido destruída no século XVIII. O Renascimento suplantou o
ornamento mudéjar e, no século XVIII, Portugal recebia das muito produtivas oficinas dos Países Baixos novos “panos” de guadameci em motivos barrocos e rococó, relevados por prensa. Obras em guadameci, e registos de inventários de palácios e igrejas, permitem considerar que tal uso se espalhava por todo o país. As mudanças de modas e um outro entendimento de conforto nos interiores, e o desenvolvimento da talha dourada nas igrejas, levaram ao declínio das oficinas e à extinção da técnica em inícios do século XVIII. O guadameci implica cobrir a superfície do couro fino com folha de prata, desenhar o motivo, pintá-lo em cores de óleo e texturá-lo com punções metálicas; um verniz dourado dá as tonalidades do ouro à superfície prateada, pois, apesar da designação de “couros dourados”, era raro o guadameci usar esse
metal precioso. Esta palestra condensa mais de 20 anos de investigação e viagens em torno deste tema da História da Arte e das manufacturas portuguesas, ainda mal estudado e difundido. Franklin Pereira frankleather@yahoo.com/www.frankleather.com |
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