Caros Amigos.
Ontem, dia 17 de Janeiro, Quinta Feira, acompanhei o meu Pai, João de Castro Nunes, a Arganil, para ouvirmos, no Tribunal Judicial, a sentença proferida na conclusão da primeira instância do julgamento de um processo posto pelo Presidente da Câmara de Arganil por injúria e insulto contra o ‘’Município’’.
Durante a leitura, tive que ouvir o juiz, tal atribiliariamente chamar o meu Pai, entre outros impropérios ofensivos, o de ‘’garoto’’.
Como todos, com certeza, sabem, a matéria que se debate entre o meu Pai e o ‘’Município’’ de Arganil tem substância arqueológica ou à Arqueologia associada. Trata-se de saber que destino pretende a Câmara Municipal de Arganil dar aos materiais procedentes do Campo Arqueológico da Lomba do Canho, do ‘’dolmen’’ dos Moinhos de Vento e de mais uma dezena de antas em todo o centro do país.
Num momento em que, de uma forma tão acutilante, se tem tratado da museologia, do património, do destino a dar aos materiais arqueológicos procedentes de escavações, a Câmara Municipal de Arganil, após ter desinstalado os materiais em causa do presumido ou projectado Museu Regional, com o compromisso de os reinstalar com a desejável dignidade e em condições em que o seu estudo pudesse prosseguir, ‘’encafuou-os’’, ao que parece sem paradeiro, em vários locais dispersos, inacessíveis aos investigadores, meu Pai incluído.
Dando-se a circunstância de alguns dos seus valiosos objectos já terem comprovadamente desaparecido.
Foi da sua revolta contra esta situação que surgiram as altercações ente meu Pai e a Câmara Municipal de Arganil. Concretamente o Presidente da Câmara e o ex-Vereador da Cultura, senhor António Cardoso..
Mas o que mais faltava era que um presidente de câmara queira aplicar medidas de censura e coacção aos munícipes, alegando que um presidente de câmara é um ‘’município’’, transferindo para este as alegadas ‘’ofensas’’ à sua pessoas.
Meu Pai acabou, face a desconsiderações sucessivas para consigo e para com o património arqueológico que reuniu em Arganil, por perder o respeito, porventura, pelas instituições da República na sua generalidade.
Enveredou por um estilo literário jocoso e sarcástico inesperado, para o qual as suas elevadas qualificações literárias o habilitaram, sem preconceitos nem inibições. Eu vou lendo, apreciando e concluindo: bem haja quando um impoluto cidadão revoltado se transforma num ‘’castiço’’. É a garantia de que as boas maneiras e a cortesia continuam a reger a nossa sociabilidade.
Mas espero que todos os colegas e amigos confirmem as elevadas qualidades académicas, científicas e cidadãs de meu Pai, permitindo-me recordar que do seu currículo consta que ‘’por todas as universidades por onde passou, deixou um rasto de simpatia e seriedade’’ (Professor Rosado Fernandes)
Diria, sem preconceito algum nem menosprezo para quem quer que seja, que o bom nome de meu pai é também o bom nome da Arqueologia.
Manuel de Castro Nunes.
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