Caminhos da Água - Paisagens e Usos na Longa Duração Coordenado por Manuela
Martins, Isabel Vaz de Freitas e Mª Isabel del Val Valdivieso, veio a lume o
livro Caminhos da Água - Paisagens e Usos na
Longa Duração, edição do CITCEM (Centro de Investigação Transdisciplinar
«Cultura, Espaço e Memória», datado de Maio de 2012. ISBN: 978-989-975558-8-8,
293 páginas, ilustradas. Reúne
o volume as contribuições apresentadas no I Seminário «Água. Abastecimento,
Construções, Gestão e Sociabilidade», realizado na Universidade do Minho a 6 de
Novembro de 2009. Pertencem as coordenadoras às três Universidades (Minho,
Portucalense e Valladolid), cujos investigadores estão empenhados no projecto com
esse nome A
estruturação do volume obedece a uma perspectiva cronológica (épocas romana,
medieval, moderna e contemporânea), partindo das informações colhidas quer
mediante a investigação arqueológica quer através de cuidadosa consulta a
fundos arquivísticos e minuciosa análise às fontes iconográficas, nem sempre
tidas em consideração neste tipo de estudos. Assim,
Manuela Martins e Maria do Carmo Ribeiro fazem uma primeira abordagem da gestão
e do uso da água na Braga romana (p. 9-52). Frédéric
Trément estuda o que se passou de finais da Idade do Ferro aos primórdios da época
romana «entre campos e pântanos» na grande planície francesa da Limagne, sita no
Maciço Central, cuja fertilidade é, desde longa data, reconhecida (p. 53-75). No
que concerne à Península Itálica, coube a Pier Luigi Dall’Aglio e a
Carlotta Franceschelli darem conta do que puderam observar acerca das intervenções
levadas a cabo na planície do Pó, tendo em conta um bom aproveitamento dos
recursos hídricos, no tempo dos romanos (a centuriação) e na época subsequente,
em que coube às comunas essa gestão territorial (p. 77-104). A
presença da água nas explorações mineiras determinou sempre especiais cuidados
de segurança, por exemplo; esse o objectivo da análise feita por Carla Maria
Braz Martins em minas romanas do Noroeste peninsular: Covas (Vila Nova da Cerveira),
Serra de Santa Justa e Pias (Valongo), Três Minas (Vila Pouca de Aguiar) e
Barca de Alva (p. 105-123). Olatz
Villanueva Zubizarreta e Juan Carlos Martín Cea, ambos da Universidade de
Valladolid, escolheram para estudo a «cultura da água» como património
imaterial, nas cidades medievais da bacia hidrográfica do Douro, em Castela (p.
125-141). María
Isabel del Val Valdivieso e Juan Antonio Bonachía Hernando analisaram, por seu turno,
as manifestações, na sociedade castelhana da Baixa Idade Média, de uma visível
consciencialização em relação à necessidade de bem gerir os recursos hídricos
(p. 143-161). «A
água no Livro das Fortalezas de
Duarte d’Armas» foi o tema escolhido por Isabel Vaz de Freitas (p.
163-177). Maria
do Carmo Ribeiro e Manuela Martins observaram o livro da cidade de Braga,
datado de 1737, na perspectiva do abastecimento de água à cidade, com especial
referência às fontes aí citadas (p. 179-222). Também
os mosteiros cistercienses do Minho tiveram, no Antigo Regime, uma «política de
recursos hídricos»: sobre isso escreve Salvador Magalhães Mota (p. 223-235). E,
afinal, aí pelas últimas décadas de Setecentos», o Douro era, ainda, «um rio selvagem»,
conta António Barros Cardoso (p. 237-251). Um
Douro cuja «barra» já nesse século XVIII merecia a maior atenção, dada a
necessidade de se manter navegável e de ser bom porto de abrigo, numa época de
comércio intenso: dessas preocupações, bem patentes na documentação da época, nos
fala Ana Sílvia Albuquerque Nunes (p. 253-265). Finalmente,
Francisco da Silva Costa esclarece-nos como é que devemos lidar inteligentemente
com o Arquivo da Administração da Região Hidrográfica do Norte, para dele
podermos retirar o maior número de informações, apresentando como estudo de caso
a bacia hidrográfica do Ave e os processos de licenciamento em domínio público
hídrico (p. 267-293). Adequada
maquetização e a inserção de resumos na língua em que foi redigido o texto e em
inglês, no final de cada contribuição, constituem, para além dos enunciados
conteúdos, complementar convite à leitura e à reflexão sobre uma temática, que
está presente, ficamos a saber melhor, na gestão pública de todos os tempos. José d’Encarnação |
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