Peça do Mês O Todos os períodos
cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota
Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças
etnográficas, estão representados no MNA. Às colecções portuguesas
acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito
diversificadas. O MNA é ainda o
museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de peças
classificadas como “tesouros nacionais”. Existe, pois,
sempre motivo de descoberta nas colecções do A peça do mês Inscrição rupestre do Cabeço das
Fráguas (Molde) A apresentar pelo Dr. Amílcar Guerra,
em 29 de Junho de 2013 às 15h A inscrição do
Cabeço das Fráguas, cujo original se encontra junto ao limite entre os
concelhos da Guarda e do Sabugal, constitui um monumento notável a vários
títulos. Desde logo pelo facto surpreendente de só em 1959 ter chegado ao
conhecimento da comunidade científica, através de uma notícia publicada por
Adriano Vasco Rodrigues. Foi essa publicação que permitiu a António Tovar
caracterizar, pela primeira vez, uma nova língua hispânica que designou como
"lusitano", abrindo o caminho a uma nova fase do estudo sobre os
povos e as culturas pré-romanas peninsulares. O monumento
epigráfico corresponde a um dos raros exemplos ocidentais de transcrição, em
caracteres latinos, de um texto de uma língua pré-romana. Insere num restrito
grupo de vestígios em que se incluem as inscrições de Lamas de Moledo (Castro
Daire, Viseu), Arroyo de la Luz (Cáceres) e Arronches (Portalegre), essenciais
para estabelecer o quadro linguístico e cultural do Ocidente hispânico no
período de transição entre os mundos pré-romano e romano. Na generalidade
tem-se apontado para todos eles uma cronologia centrada no séc. I d. C. A boa qualidade de
gravação faz com que não se registem praticamente hesitações na sua leitura. Já
quanto à sua interpretação nem tudo é tão claro. De qualquer modo, parece ser
consensual que a epígrafe dá conta de um sacrifício múltiplo em que se oferecem
pelo menos 2 cordeiros, um porco e um touro, o que levou António Tovar a
aproximar este ritual de uma prática idêntica bem conhecida em contexto romano
(a dos suovetaurilia) em que se
envolvem os mesmos animais. Esse acto sacrificial dedica-se a várias divindades
locais, entre as quais se incluem seguramente Labbo,
Trebarune e Reve e,
para muitos autores, também Trebopala e Iccona Loimina. Em suma, um
monumento extraordinário, mas até ao momento oculto nas serranias da Beira, que
agora se replica num lugar onde habitam as Musas que induzem o gosto pelo
saber.
Inscrição rupestre do Cabeço das Fráguas
(Molde)
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