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[Archport] Inscrição rupestre do Cabeço das Fráguas - no MNA, no dia 29

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Inscrição rupestre do Cabeço das Fráguas - no MNA, no dia 29
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Tue, 25 Jun 2013 11:23:33 +0100

 

 

 

Peça do Mês

 

O Museu Nacional de Arqueologia (MNA) possui um acervo de muitos milhares, na verdade centenas de milhares, de objectos. Provém eles de intervenções arqueológicas programadas ou de achados fortuitos, tendo sido incorporados por iniciativa do próprio Museu ou por depósito ou por doação o de investigadores e coleccionadores.

Todos os períodos cronológicos e culturais, e também todos os tipos de peças, desde a mais remota Pré-História até épocas recentes, neste caso com relevo para as peças etnográficas, estão representados no MNA. Às colecções portuguesas acrescentam-se as estrangeiras, igualmente de períodos e regiões muito diversificadas.

O MNA é ainda o museu português que possui no seu acervo a maior quantidade de peças classificadas como “tesouros nacionais”.

Existe, pois, sempre motivo de descoberta nas colecções do Museu Nacional de Arqueologia e é esse o sentido da evocação que fazemos, em cada mês que passa, e renovadamente no ano de 2013, em que o MNA celebra o seu 120º aniversário de fundação.

 

A peça do mês

 

Inscrição rupestre do Cabeço das Fráguas (Molde)

 

A apresentar pelo Dr. Amílcar Guerra, em 29 de Junho de 2013 às 15h

 

A inscrição do Cabeço das Fráguas, cujo original se encontra junto ao limite entre os concelhos da Guarda e do Sabugal, constitui um monumento notável a vários títulos. Desde logo pelo facto surpreendente de só em 1959 ter chegado ao conhecimento da comunidade científica, através de uma notícia publicada por Adriano Vasco Rodrigues. Foi essa publicação que permitiu a António Tovar caracterizar, pela primeira vez, uma nova língua hispânica que designou como "lusitano", abrindo o caminho a uma nova fase do estudo sobre os povos e as culturas pré-romanas peninsulares.

O monumento epigráfico corresponde a um dos raros exemplos ocidentais de transcrição, em caracteres latinos, de um texto de uma língua pré-romana. Insere num restrito grupo de vestígios em que se incluem as inscrições de Lamas de Moledo (Castro Daire, Viseu), Arroyo de la Luz (Cáceres) e Arronches (Portalegre), essenciais para estabelecer o quadro linguístico e cultural do Ocidente hispânico no período de transição entre os mundos pré-romano e romano. Na generalidade tem-se apontado para todos eles uma cronologia centrada no séc. I d. C.

A boa qualidade de gravação faz com que não se registem praticamente hesitações na sua leitura. Já quanto à sua interpretação nem tudo é tão claro. De qualquer modo, parece ser consensual que a epígrafe dá conta de um sacrifício múltiplo em que se oferecem pelo menos 2 cordeiros, um porco e um touro, o que levou António Tovar a aproximar este ritual de uma prática idêntica bem conhecida em contexto romano (a dos suovetaurilia) em que se envolvem os mesmos animais. Esse acto sacrificial dedica-se a várias divindades locais, entre as quais se incluem seguramente Labbo, Trebarune e Reve e, para muitos autores, também Trebopala e Iccona Loimina.

Em suma, um monumento extraordinário, mas até ao momento oculto nas serranias da Beira, que agora se replica num lugar onde habitam as Musas que induzem o gosto pelo saber.

 

          

Inscrição rupestre do Cabeço das Fráguas (Molde)

 

 

 

 










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