A linhagem feminina
nos couros artísticos: Maria Amélia da Costa Nery (1870 - 1960)
Maria Amélia da Costa
Nery (freguesia
de S. Pedro, Torres Novas, 1870 -
Lisboa, 1960) – “discípula de Carlos Reis”, pintor - foi sócia fundadora
da Sociedade Nacional de Belas Artes (sócia nº 33), em Lisboa. Integrou o GAP-Grupo de Artistas Portugueses;
deste grupo existem, ainda, alguns pintores vivos, todos eles de avançada
idade. O Museu de Torres Novas possui um pequeno baú em couro modelado,
coberto de folha de prata e pintado; e ainda um outro pequeno baú e uma cadeira,
ambos lavrados a cinzel e punções; um biombo, também lavrado, encontra-se num
antiquário em Braga.
Em 1952, ela e mais 13
“velhos Artistas” redigem uma carta ao ministro da Educação Nacional, para “chamar a atenção de
Vossa Excelência para os irremediáveis prejuízos de ordem espiritual, moral,
social e económica, resultantes do prolongado total encerramento há 94 dias, da
sua [SNBA] sede, biblioteca, museu, arquivo, secretaria, compromissos,
pagamentos, etc.”. Nessa altura, Amélia Nery tinha 82 anos.
Amélia Nery participou
regularmente nas exposições da SNBA, não só como pintora, mas como artista do
couro. Saliente-se um “Quadro em couro em relevo
prateado e pintado, imitando Córdova” – tal facto alterou a minha percepção da
longa história do couro dourado/guadameci em Portugal, que eu pensava ter-se
extinto em inícios do século XVIII; nesse catálogo da SNBA de 1915,
encontra-se ainda obras em couro de duas mulheres: Maria do Ceo Beça e Carolina Calheiros.
Amélia Nery era tia-avó
do pintor Eduardo Nery, falecido em Março deste ano.
O artigo “Maria Amélia da
Costa Nery – a excelência das artes do couro. Apontamentos para uma biografia”
foi publicado na revista anual “Nova Augusta”, nº 25, recentemente editada pelo
Gabinete de Estudos e Planeamento Editorial da Câmara Municipal de Torres
Novas.
Franklin Pereira - Braga