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Re: [Archport] O monopólio da memória nas políticas do IGESPAR

To :   ARCHPORT <archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] O monopólio da memória nas políticas do IGESPAR
From :   Maria Moreira Baptista de Magalhães Ramalho <mariabaptistaramalho@hotmail.com>
Date :   Wed, 4 Dec 2013 17:46:30 +0000

E a montanha pariu um rato… um assunto que à partida poderia ser importante e com imagens verdadeiramente interessantes e estimulantes,  fica-se pelas generalidades ou pior, por afirmações erradas e descontextualizadas, um absurdo no seu todo.  Apesar disso, pelas questões que coloca não deixa de ter algum interesse comentar à falta de debate sobre estas questões que realmente são importantes, senão vejamos:  

 

Porquê IGESPAR e não IPPAR/IGESPAR/DGPC ? Viu o autor sinais diferentes no IGESPAR ? e quais foram exactamente?  Seria interessante fazer este tipo de análise sobre as políticas patrimoniais mas com alguma base sólida, algum estudo minimamente sério: factos, números, consulta de processos etc.

 

Afirmações como estas não têm qualquer cabimento:

 

- O instituto português imprimiu um elevado dinamismo à actividade comercial (…)  Realmente esta aposta nasceu sobretudo com o IPPAR e não com o IGESPAR e não tem mal nenhum desde que feita com sentido. Esta é uma prática consensual em termos internacionais e o que se aponta no artigo é absurdo.

 

(…) quase absoluta ausência de mobiliário (...)  Esta realidade é o resultado de anos de política de despojamento quando se tratava de intervir em monumentos, sobretudo resultante da  prática da  DGEMN, pelo menos desde os anos 30 – devia consultar  vários estudos sérios  feitos pela  Professora Mª João Neto.

 

 (… ) revelar a grandeza alcançada por Portugal no passado, para assim transmitirem um retrato positivo da nação, útil à reprodução da sua identidade. Não era pois por acaso que, enquanto renunciava à valorização de monumentos chave para o conhecimento da história do Homem, como é o caso exemplar dos diversos recintos megalíticos alentejanos, o IGESPAR privilegiava a valorização de grandes complexos monumentais caracterizados pela imponência arquitectónica, fossem palácios nacionais, castelos, fortalezas ou conjuntos monásticos - Por razões históricas, que o autor deveria conhecer, foram principalmente esses os monumentos que ficaram afectos ao IPPC-IPPAR-IGESPAR-DGPC e a opção foi primeiro centrar as intervenções “em casa” como é lógico. Já agora quem pode dizer o que é melhor  - um conjunto megalítico ou um Mosteiro ? De qualquer forma foram feitos vários investimentos em conjuntos arqueológicos de maior ou menor dimensão (consultar dados concretos).

 

Por norma, as intervenções no património promovidas pelas suas equipes técnicas restituíam cada materialidade à pureza da sua forma original (linguagem utilizada nos Boletins da DGEMN)

 

Desta forma, nenhuma informação sobre o passado inconveniente à construção da identidade nacional era provida aos visitantes, a quem jamais eram fornecidos dados que permitissem questionar ou perspectivar criticamente o papel das elites dominantes na construção das sociedades portuguesas de outrora. -  O autor fala certamente da política patrimonial do Estado Novo. Lamento mas para afirmar algo deste tipo para o pós 25 de Abril teria que apresentar um estudo sério, estudo este que, por sinal,  seria até muito bem-vindo e muito haverá a dizer de positivo e negativo sobre as políticas seguidas....

 

Cumprimentos

 

Maria Ramalho

 

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> Date: Wed, 4 Dec 2013 13:40:14 +0100
> From: pedro_sanches@arcor.de
> To: archport@ci.uc.pt
> Subject: [Archport] O monopólio da memória nas políticas do IGESPAR
>
> Artigo no blog 'L'obéissance est morte', onde se faz uma digressão pelas políticas patrimoniais a que o poder tem recorrido em Portugal, na última década, para impor à nossa memória colectiva uma selecção de imagens legitimadoras do exercício do seu poder e da manutenção da hierarquia social em curso:
>
> http://obeissancemorte.wordpress.com/2013/12/04/o-monopolio-da-memoria-nas-politicas-do-igespar/#more-1972
>
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