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[Archport] Divergências profundas.

To :   port arch <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Divergências profundas.
From :   Manuel de Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com>
Date :   Wed, 8 Jan 2014 19:08:13 +0000

Divergências profundas.

 

 

‘’Divergências profundas’’ é uma citação num título dum artigo no PÚBLICO. Logo no subtítulo as divergências perdem o determinante ‘’profundas’’ passando a ser determinadas por ‘’lealdade’’. O determinante reaparece de novo no corpo da notícia, quando Isabel Cordeiro declara: “Há divergências profundas em relação às estratégias para o património”.

Todavia, confrontando a expressão com o resto das declarações de Isabel Cordeiro, a expressão parece um lapso ou precipitação na linguagem, tudo o resto atenuando a natureza das divergências, que passam a ser de detalhe técnico, com uma tónica especial para a lealdade. Já nos habituámos à forma como os nossos jornalistas são hábeis em transferir para os inquiridos as suas próprias convicções. E estão tão convictos delas que resguardam entre aspas os seus próprios juízos.

De facto, a única conclusão séria que se pode extrair da notícia é que Isabel Cordeiro não se vai apresentar no concurso público que a Lei determina. E que assim, obviamente, cessará as suas funções quando o novo director geral, admitido por concurso, tomar posse. Não anuncia, de resto, qualquer intenção de se demitir ou de apresentar pedido de exoneração, até que o próximo director geral tome posse. Quanto a isso é bem clara.

Na verdade, não se entende porque razão o facto de Isabel Cordeiro, no âmbito da sua liberdade de decidir sobre a sua vida e a sua carreira, não se apresentar a concurso público para um novo mandato no cargo que ocupa haveria de ser tema para uma notícia deste teor.

De resto, fica bem explícito que Isabel Cordeiro não contesta sequer as dotações orçamentais, pois está habituada a administrar magros recursos.

Lido o artigo, eu, como leitor, interrogo-me sobre a razão que incitou Isabel Cordeiro a prestar aquelas declarações, se a iniciativa partiu do jornalista do Público e sobre quais poderão ser as divergências, profundas ou não, da Directora Geral do Património Cultural com a estratégia do Secretário de Estado da Cultura.

Se Isabel Cordeiro não pretendia expor com clareza as suas divergências, ou se não sabe bem ainda quais são, ou se entende, por lealdade, ser mais oportuno expô-las depois do novo director geral tomar posse, ninguém entende o propósito deste artigo ou notícia, sobretudo a forma como foi redigida.

Quer-me parecer que nunca mais ninguém tem coragem para ser honesto, leal e claro.

Eu pessoalmente, não estou muito interessado na lealdade que Isabel Cordeiro tenha ou não para consigo própria. Interessa-me a lealdade que, como funcionária superior do estado, tenha para com os portugueses e face às responsabilidades que o seu cargo e função lhe deveriam propor e sugerir.

Isabel Cordeiro sabia, quando foi nomeada para o cargo, que estava a aderir à estratégia e ao programa da nova Secretaria Nacional de Informação, SNI.

Não consegui entender o que entretanto mudou.

 

Saudações.

 

Manuel.


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Manuel de Castro Nunes

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