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[Archport] Vassallo e Silva assume Direcção do Património em "condições difíceis"

To :   archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Vassallo e Silva assume Direcção do Património em "condições difíceis"
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Thu, 6 Feb 2014 00:47:00 +0000

Excelente escolha: pela pessoa, pelo perfil e pela bagagem académica e
cultural que aporta consigo. E, já agora, pela sensibilidade que tem
relativamente à arqueologia e ao património arqueológico.



"Vassallo e Silva assume Direcção do Património em "condições difíceis"

Público, por Isabel Salema e Lucinda Canelas

05/02/2014 - 19:20

Historiador de arte troca o Museu Gulbenkian pela direcção do maior
organismo da Cultura, que nos últimos tempos tem estado em foco devido
a cortes orçamentais, a divergências com o secretário de Estado e aos
polémicos casos Crivelli e Miró.

Nuno Vassallo e Silva estava era até aqui director-adjunto do Museu
Calouste Gulbenkian Nuno Ferreira Santos

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Património
Secretaria de Estado da Cultura
Direcção-Geral do Património Cultural

Vinte e quatro horas depois de ter sido publicado o anúncio com os
nome dos três finalistas do concurso ao cargo de director-geral do
Património Cultural, o secretário de Estado da Cultura deu ontem a
conhecer o seu novo titular, o historiador de arte Nuno Vassallo e
Silva, pondo fim a um processo aberto a 27 de Dezembro.

Vassallo e Silva, 52 anos, era até aqui director adjunto do Museu
Calouste Gulbenkian e, curiosamente, foi colega de curso de Isabel
Cordeiro, que agora abandona o cargo, na Faculdade de Letras de
Lisboa, onde se licenciou em História. Ao PÚBLICO, este especialista
em ourivesaria e joalharia disse que "está muito satisfeito por
colaborar com o país nesta fase difícil", acrescentando que "é ainda
muito cedo para falar" sobre as suas expectativas.

Foi já na qualidade de novo director do Património Cultural que
Vassallo e Silva esteve ontem de manhã na assinatura do protocolo
entre a Secretaria de Estado da Cultura e os ministérios das Finanças
e Administração Interna que permitirá a ampliação do Museu Nacional de
Arte Contemporânea - Museu do Chiado.

Doutorado em História de Arte pela Faculdade de Letras da Universidade
de Coimbra, o novo responsável pela Direcção-Geral do Património
Cultural (DGPC), o maior organismo da Cultura, que agrega monumentos e
museus, tem a responsabilidade de gerir um orçamento previsto de 33,1
milhões de euros e uma casa com 865 funcionários, tem já uma longa
experiência, sobretudo no universo dos museus. Vassallo e Silva foi
conservador do Museu e Igreja de S. Roque, da Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa (1992-1999), e técnico superior do Instituto
Português do Património Cultural (um dos organismos que deram origem à
DGPC), desempenhando funções na Galeria de Pintura do Rei D. Luís do
Palácio Nacional da Ajuda, palco de exposições temporárias, entre
1988-1992.

É precisamente essa experiência e "conhecimento profundo" do mundo dos
museus e do património móvel que dois outros historiadores ouvidos
pelo PÚBLICO realçam no currículo do novo director-geral, que ontem à
tarde estava ainda a arrumar o seu gabinete na Gulbenkian.

Walter Rossa, arquitecto e historiador de arquitectura, conhece bem
Vassallo e Silva e diz que a sua nomeação para o cargo é um "sinal de
esperança" numa altura em que o sector do património atravessa
"condições extraordinariamente difíceis".

Segundo este professor da Universidade de Coimbra, o historiador leva
para a DGPC "um currículo técnico e científico irrepreensível, de
grande qualidade", "uma visão internacional da cultura portuguesa" e
uma personalidade que lhe permite chegar aos outros com grande
facilidade, "um bom princípio quando se ocupa um cargo que tem muito
de político": "O Nuno Vassallo e Silva é uma escolha excelente e
inesperada. Para trocar a Gulbenkian pela DGPC numa altura como esta é
preciso ter um grande sentido de dever público."

Walter Rossa defende que, com os cortes financeiros e humanos, e a
"falta de uma visão estratégica, de uma ideia clara para o
património", a área nunca esteve tão em baixo: "Sinto que há um
desânimo generalizado que decorre da falta de meios e que leva a uma
atitude de gestão corrente. Tenho fé que o Nuno possa vir a quebrar
esse ciclo. Se terá condições para o fazer ou não vai depender da sua
capacidade de gestão e da equipa que escolher."

Também Paulo Pereira, historiador de arte que ocupou o cargo de
subdirector do Instituto Português do Património Arquitectónico, um
dos antepassados da actual DGPC, se surpreendeu com a nomeação de
Vassallo e Silva, de quem tem "uma excelente opinião como pessoa e
como historiador de arte".

Garante que, para assumir o cargo de director-geral numa fase em que
terá de trabalhar "com muito menos meios humanos do que aqueles que
deveria ter", Vassallo e Silva tem pelo menos de gostar tanto de
desafios como gosta de património móvel, área que domina. "Ele tem um
conhecimento profundo do mundo dos museus e da circulação de obras de
arte, conhece particularmente bem a sua mecânica dentro e fora do
país", diz este professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade
Técnica de Lisboa, para quem o lugar de director do património é
"sedutor, apesar de todas as dificuldades, sobretudo de ordem
financeira, que tenderão e a agravar-se neste e no próximo ano".

Paulo Pereira não deixa, também, de elogiar a directora cessante,
Isabel Cordeiro, que "veio provar que há sempre possibilidade de fazer
um excelente trabalho, mesmo com muito pouco".

Largos meses de polémicas

Nos últimos meses, a DGPC tem ocupado as páginas dos jornais devido a
assuntos polémicos. Primeiro com o "caso Crivelli", ainda em aberto,
envolvendo a intenção de venda no estrangeiro de uma obra do pintor
italiano do Renascimento Carlo Crivelli, protegida por lei e
propriedade do empresário Miguel Pais do Amaral; depois com o
distanciamento de Isabel Cordeiro das opções políticas para o sector;
e, por fim, com as ilegalidades que rodeiam a expedição das 85 obras
do pintor catalão Joan Miró que pertenciam à colecção de arte do Banco
Português de Negócios, entretanto nacionalizado, para Londres, onde
deveriam ter integrado um leilão promovido pela Christie's. Vassallo e
Silva optou ontem por não comentar este último, particularmente aceso
nos últimos dias.

Em Janeiro, Isabel Cordeiro revelou, em declarações ao PÚBLICO, que
não se candidataria ao cargo de directora-geral, alegando
"divergências profundas em relação às estratégias para o património".
"Digo apenas que saio por uma questão de lealdade para comigo e para
com o projecto que quis construir com as equipas desta casa. As
divergências são exclusivamente de ordem técnica e têm a ver com
aquilo que entendo serem as competências da DGPC e as suas linhas de
actuação", disse então Cordeiro, que ontem à tarde se despediu da
maior parte da sua equipa no Palácio da Ajuda. Anabela Carvalho, uma
das suas subdirectoras, também está de saída. Ao que o PÚBLICO apurou,
esta técnica que não quis prestar declarações pediu a demissão "com
efeitos imediatos" numa carta enviada terça-feira a Barreto Xavier e
aguarda resposta.

A DGPC é o maior organismo público da área da Cultura, tendo sido
criada recentemente agregando os desaparecidos institutos do
Património e dos Museus e a Direcção Regional de Cultura de Lisboa,
tem a seu cargo a gestão directa de museus e palácios nacionais, bem
como do património mundial, e a supervisão de quase 3700 imóveis
classificados. Num âmbito mais alargado, cabe-lhe assegurar a gestão,
salvaguarda, valorização, conservação e restauro dos bens que integram
o património cultural imóvel, móvel e imaterial português, assim como
executar a política museológica nacional.

Notícia actualizada às 19h20

http://www.publico.pt/cultura/noticia/nuno-vassallo-e-silva-e-o-novo-directorgeral-do-patrimonio-1622428";


-- 
Alexandre Monteiro
Instituto de Arqueologia e Paleociências
Instituto de História Contemporânea
Universidade Nova de Lisboa
Av. Berna 26C
1069-061 Lisboa
Portugal
almonteiro@fcsh.unl.pt
www.iap.fcsh.unl.pt
http://fcsh-unl.academia.edu/AlexandreMonteiro/Papers

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