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Re: [Archport] Acerca de ''Arqueologando'' e do ''património como bem de consumo''.

To :   Archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Acerca de ''Arqueologando'' e do ''património como bem de consumo''.
From :   Luis Luis <lsimoesl@hotmail.com>
Date :   Thu, 6 Mar 2014 18:01:42 +0000

Este futuro do “património bem de consumo” é hoje e não uma qualquer ficção científica distópica.

Atente-se nos chavões que se vão reproduzindo de forma aparentemente inócua, como as “indústrias do património”, os “gestores de património”, os “empresários do património”, os “produtos culturais”, o "consumo cultural"...

A este propósito, permito-me sugerir aqui um artigo que li recentemente acerca do papel da arqueologia e dos arqueólogos na presente e crescente ideologia de mercadorização do património e da ciência:

"Notre passé n’est pas à vendre", Laurent Olivier, Complutum 24 (1), 2013 : 29-39.


Luís Luís

 

De: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] Em nome de Manuel de Castro Nunes
Enviada: terça-feira, 4 de Março de 2014 21:16
Para: port arch
Assunto: [Archport] Acerca de ''Arqueologando'' e do ''património como bem de consumo''.

 

Acerca de ‘’Arqueologando’’ e do ‘’património como bem de consumo’’.

 

Impedido, por motivo de convalescença de uma cirurgia breve recente, de estar presente na sessão de 4 de Março, deixo uma breve reflexão.

É notório que o novo paradigma que se vai consolidando na relação dos profissionais do património com o binómio património versus consumo começa a ser, de um ponto de vista talvez tradicionalista, talvez céptico, preocupante.

Adivinha-se um futuro em que o objecto da musealização deixe progressivamente de ser o património e passe a ser o consumidor.

O objecto da musealização transfere-se progressivamente da parede ou da vitrine para a cafetaria ou para a loja de ‘’recordações’’ numa panóplia de réplicas do consumidor, desde o café ou do galão com torrada à caneca estampada, à agenda, ou ao postal.

Do ponto de vista do conhecimento, de resto, mobiliza-se a sociologia do ‘’marketing’’, passando a ser muito mais relevante compreender e caracterizar o consumidor do que descrever ou compreender o património, que se pressupõe compendiado.

É pois nos estratos mais profundos da génese desta nova disciplina que devemos formular a questão: ‘’Sou ou não sou arqueólogo?’’

E saber como ‘’comeremos’’ o património, com o corpo, com a mente ou com o espírito.

 

Saudações.

Manuel.

 

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Manuel de Castro Nunes


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