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Re: [Archport] Acerca de ''Arqueologando'' e do ''património como bem de consumo.

To :   Manuel de Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com>, "archport@ci.uc.pt" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Acerca de ''Arqueologando'' e do ''património como bem de consumo.
From :   joão Pereira <trainzeiro@gmail.com>
Date :   Mon, 10 Mar 2014 11:59:12 +0000

Não deixa de ser interessante este texto na sequência dos antecedentes.

Poderia destacar várias situações. mas para já evidenciaria uma delas que parece que nunca e ninguém alertou ou não quis alertar.

A frase que, concordando, "Os projectos e programas integrados de grande alcance, sediados por norma nas universidades, perdiam sucessivamente capacidade de aglutinação." chama atenção (ou pode chamar) ao facto de a tutela não ser a única responsável pelos desmandos da arqueologia portuguesa.

A pergunta que quer fazer é: por carga de água é que se perdeu (ou algumas vez teve?) essa capacidade de aglutinação?

Alguma vez as universidades (e seus professores / arqueólogos) se reuniram para construir uma ideia de jeito sobre a investigação arqueológica? Ou será que muitas vezes atiravam o barro à parede ou mesmo mexer alguns cordéis ...

No entanto, não sou contrário à proletrização na arqueologia pelo seguinte facto: por muito que se tenha tentado, a investigação arqueológica pura e dura não se pode compadecer com a aleatoriedade dos trabalho de arqueologia do tipo relacionado com as prováveis afectações dos projectos de obras possam trazer ao património arqueológico. E os trabalhos relacionados com estas obras que oo poderá fazer? Os professores universitários com os seus alunos?

Alguns até o fizeram, mas numa lógica diversa porque tem de ser diversa. Outros não iriam sujar as mãozitas, claro.




No dia 7 de Março de 2014 às 12:04, Manuel de Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com> escreveu:

Caro Luís Simões Luís.

Obrigado pelo seu contributo nesta questão.

O texto que reporta, curto e incisivo, sintetiza, do meu ponto de vista, lapidarmente, toda a complexidade que o tema envolve.

É gratificante saber que não estou só com as minhas preocupações.

Destaco do texto estas duas passagens.

 

‘’Esta sumisión encuentra su forma más visible en el auge de la arqueología denominada “preventiva”, (…).’’

 

‘’La sumisión de la arqueología se traduce, dentro de la disciplina, en el desarrollo de un auténtico proceso de proletarización de la investigación.’’

 

É de facto algo para que desde há cerca trinta anos chamamos a atenção. Em 1985 a questão colocava-se já de forma alarmante, embora ninguém quisesse dar-lhe a relevância que de facto tinha.

Na progressiva ausência de um plano integrado de escavações e na tentativa de cada um se apoderar do máximo de recursos institucionais, as universidades e as instituições académicas em geral iam perdendo capacidade de intervenção face a uma tutela todo poderosa o IPPAR e dos seus serviços regionais.

Os projectos e programas integrados de grande alcance, sediados por norma nas universidades, perdiam sucessivamente capacidade de aglutinação.

E a única forma de os arqueólogos debutantes iniciarem a sua carreira era no âmbito de uma arqueologia ocorrente, de emergência e salvamento.

Diria mesmo, correndo o risco de inflamar a polémica, que quando surgiu o Alqueva já todos estavam preparados para se integrarem e assumir a circunstância como a primeira grande oportunidade da arqueologia em Portugal.

E foi assim que a Arqueologia em Portugal se rendeu à soberania irreversível da contabilidade: A partir de então era multiplicar os sapos que se engoliam por milhares de escudos de receitas domésticas e centenas de títulos publicados para currículo ver.

Estavam lançadas as bases para a proletarização, não apenas da investigação mas também não sei de que mais.

Grato então por constatar que ainda haverá quem esteja atento.

 

Um grande Abraço.

 

Manuel.


*Grato também a todos os que se manifestaram.


--
Manuel de Castro Nunes

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