De um momento para o outro não se poderia ter feito melhor publicidade ao “Arqueologando”. O que a meu ver até é positivo pois estes
jovens merecem ser publicitados. Numa altura em o seu futuro profissional - e o dos seus companheiros de carteira -, na Arqueologia, parece estar completamente hipotecado, continuam a lutar e a acreditar na disciplina.
No entanto, esta discussão também tem sido um bom ponto de partida para se conhecer Oliver, cujo artigo citado nem sequer é muito
interessante quando comparado com Le
sombre abîme du temps. Paris:
Seuil de 2008. Talvez se esteja a abrir finalmente o caminho para a Arqueologia simétrica em Portugal?
Vivo
já há algum tempo naquele que é considerado provavelmente o principal país do liberalismo de mercado - o Chile - onde as ideias de Milton Friedman foram postas em práctica quase na integra. Posso dizer que estou pelos cabelos com o modelo, no entanto, não
sou capaz de afirmar categoricamente que o modelo público é melhor que o privado no que diz respeito ao património. Na minha humilde opinião, tudo depende das pessoas que estão a cargo, da conjuntura do país e dos políticos.
Seria
demasiado ingénuo acreditar que o património é um ente neutro. Como nos diz J-M Leniaud (outro francês) o património é sobretudo uma construção social de um passado realizada no presente, feita a partir da interpretação de uma memória (colectiva ou individual)
feita por historiadores (académicos ou amadores), cujo o objectivo é o de materializar in situ essa memória e torna-la acessível a todos. Contudo, todos sabemos, que a história e os interesses mudam com o tempo.
O
património é o domínio do imaterial sobre o material, quem o faz são as pessoas e as pessoas, como sabem, têm opiniões diversas. O património é regido por interesses: se um grupo de poder (sejam eles políticos, grandes empresários, grupos de força ou a maioria
da população) considerar que algo não merece a pena ser valorizado, não há entidade pública ou privada que o aguente.
Nesse
sentido, e apesar de apreciar e respeitar as boas intenções daqueles que defendem que a gestão do património deve ser, na sua totalidade, pública. Não poderei, por experiência, ser tão contundente... analisando
as minhas vivências em diversos países, apenas posso afirmar que tudo depende das pessoas e prefiro não defender modelos mas sim a eficiência das mesmas pessoas e dos organismos, sejam eles públicos ou privados.
Saudações
cordiais
Gonçalo |
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