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[Archport] Não há paciência

To :   Manuel de Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com>
Subject :   [Archport] Não há paciência
From :   Goncalo de Carvalho Amaro <gdecarvalho@uc.cl>
Date :   Tue, 11 Mar 2014 15:32:22 +0000

Caro Manuel de Castro Nunes, no passado já cometi o erro de entrar nestas quizílias que você e outros gostam de desenvolver aqui no archport, agora sinceramente não tenho tempo nem paciência. Mas qual estatuto? não "impus" uma opinião, como quer dar a entender, apenas dei uma opinião pessoal.


Quanto ao Arqueologando, volto a referir que tenho bastante apreço pela iniciativa da Patrícia Castanheira e do André Texugo, não vá o seu comentário (mais uma vez mal intencionado) dar a entender o contrário.

 

Cordialmente 


De: Manuel de Castro Nunes [arteminvenite@gmail.com]
Enviado el: martes, 11 de marzo de 2014 11:56
Para: Goncalo de Carvalho Amaro
Cc: archport@ci.uc.pt
Asunto: Re: [Archport] Mais publicidade para o Arqueologando e Laurent Olivier

Está equivocado, Caro Gonçalo Carvalho Amaro, ainda não faleci. Tenho sessenta e três anos completos, a caminho dos sessenta e quatro, mas ainda não faleci.
O que me compeliu desde logo a responder à sua intervenção foi o facto de se dirigir, indiscriminadamente, aos promotores de ARQUEOLOGANDO como ''este jovens'' que ''merecem ser publicitados''.
Sei que é uma tendência da moderna modernidade, o suposto de que os anciãos são jovens. E mandá-los falecer e cobrir de terra. Talvez para dar matéria à arqueologia futura, com dados osteológicos e de DNA.
Não entendeu que eu partira também do pressuposto de que a sua intervenção era no essencial jornalística, circunscrita a publicitar ideias e juízos sem qualquer outro suporte senão o do estatuto de estar a trabalhar no Chile e de ter completado a sua formação em Castela, Madrid.
Em tudo o resto é muito mais ''velho'', em idade, claro, do que os ''jovens'' de ARQUEOLOGANDO.
Seria pedir-lhe muito que esclarecesse as contradições ou incongruências que assinalei?
Sei que é muito mais fácil mandar-me falecer.
É o que os jornais vêm fazendo.
Um Abraço. Creia que nunca me esquecerei de que reforçou a minha ''razão''.

Manuel.


No dia 11 de Março de 2014 às 13:33, Goncalo de Carvalho Amaro <gdecarvalho@uc.cl> escreveu:

Caro Manuel de Castro Nunes, do seu sumarento comentário posso depreender que é um hábil jornalista. Capaz de fazer cortes, retirar frases do contexto e criar uma ideia diferente daquela que o autor pretende transmitir... certamente teria lugar em vários jornais de língua portuguesa.

 

Concluo ainda que é um especialista em latim, sendo assim, despeço-me também da mesma forma:

 

Sit tibi terra levis


De: Manuel de Castro Nunes [arteminvenite@gmail.com]
Enviado el: lunes, 10 de marzo de 2014 19:09
Para: Goncalo de Carvalho Amaro
Cc: archport@ci.uc.pt
Asunto: Re: [Archport] Mais publicidade para o Arqueologando e Laurent Olivier

Ex incognita orbis parte invenito, magister dixit.

Cito:
''O património é o domínio do imaterial sobre o material.''
''O património é regido por interesses.'' Imateriais?
Casos de museus privados que tiram partido do seu espólio existem em todo o mundo.
''Analisando as minhas vivências em vários países, posso afirmar que tudo depende das pessoas (...)''
As pessoas prevalecem sobre os modelos.
''Tenho visto vários casos de museus privados no Chile que são capazes de proteger e tirar melhor partido do seu espólio quando comparados com muitos museus públicos: e isto tudo se deve à capacidade dos seus funcionários, que para além de se desenvolverem com fundos privados são ainda capazes de ganhar fundos públicos estatais.''
Com fundos públicos estatais, qualquer funcionário de um museu privado tira partido dos seus espólios.
Etcetera e tal.

Saudações.

Manuel.


No dia 10 de Março de 2014 às 22:08, Manuel de Castro Nunes <arteminvenite@gmail.com> escreveu:
Ex incognita orbis parte invenito, magister dixit.

Cito:
''O património é o domínio do imaterial sobre o material.''
''O património é regido por interesses.'' Imateriais?
Casos de museus privados que tiram partido do seu espólio existem em todo o mundo.
''Analisando as minhas vivências em vários países, posso afirmar que tudo depende das pessoas (...)''
As pessoas prevalecem sobre os modelos.
''Tenho visto vários casos de museus privados no Chile que são capazes de proteger e tirar melhor partido do seu espólio quando comparados com muitos museus públicos: e isto tudo se deve à capacidade dos seus funcionários, que para além de se desenvolverem com fundos privados são ainda capazes de ganhar fundos públicos estatais.''
Com fundos públicos estatais, qualquer funcionário de um museu privado tira partido dos seus espólios.
Etcetera e tal.

Saudações.

Manuel.



No dia 10 de Março de 2014 às 20:43, Goncalo de Carvalho Amaro <gdecarvalho@uc.cl> escreveu:

De um momento para o outro não se poderia ter feito melhor publicidade ao “Arqueologando”. O que a meu ver até é positivo pois estes jovens merecem ser publicitados. Numa altura em o seu futuro profissional - e o dos seus companheiros de carteira -, na Arqueologia, parece estar completamente hipotecado, continuam a lutar e a acreditar na disciplina.

 

No entanto, esta discussão também tem sido um bom ponto de partida para se conhecer Oliver, cujo artigo citado nem sequer é muito interessante quando comparado com Le sombre abîme du temps. Paris: Seuil de 2008. Talvez se esteja a abrir finalmente o caminho para a Arqueologia simétrica em Portugal?

 

Vivo já há algum tempo naquele que é considerado provavelmente o principal país do liberalismo de mercado - o Chile - onde as ideias de Milton Friedman foram postas em práctica quase na integra. Posso dizer que estou pelos cabelos com o modelo, no entanto, não sou capaz de afirmar categoricamente que o modelo público é melhor que o privado no que diz respeito ao património. Na minha humilde opinião, tudo depende das pessoas que estão a cargo, da conjuntura do país e dos políticos.

 

Seria demasiado ingénuo acreditar que o património é um ente neutro. Como nos diz J-M Leniaud (outro francês) o património é sobretudo uma construção social de um passado realizada no presente,  feita a partir da interpretação de uma memória (colectiva ou individual) feita por historiadores (académicos ou amadores), cujo o objectivo é o de materializar in situ essa memória e torna-la acessível a todos. Contudo, todos sabemos, que a história e os interesses mudam com o tempo.

 

O património é o domínio do imaterial sobre o material, quem o faz são as pessoas e as pessoas, como sabem, têm opiniões diversas. O património é regido por interesses: se um grupo de poder (sejam eles políticos, grandes empresários, grupos de força ou a maioria da população) considerar que algo não merece a pena ser valorizado, não há entidade pública ou privada que o aguente.

 

Nesse sentido, e apesar de apreciar e respeitar as boas intenções daqueles que defendem que a gestão do património deve ser, na sua totalidade, pública. Não poderei, por experiência, ser tão contundente...  analisando as minhas vivências em diversos países, apenas posso afirmar que tudo depende das pessoas e prefiro não defender modelos mas sim a eficiência das mesmas pessoas e dos organismos, sejam eles públicos ou privados. Pois se seguimos essa premissa também poderíamos reclamar pelo facto de os museus cobrarem tarifas pela apreciação do património algo que, supostamente, seria de todos e de acesso livre, contudo, sabemos bem o que tende a acontecer quando "se abrem as portas" massivamente... e também sabemos das vantagens que essas tarifas podem trazer aos museus, quando bem aplicadas. Tenho visto vários casos de museus privados no Chile que são capazes de proteger e tirar melhor partido do seu espólio quando comparados com muitos museus públicos: e isto tudo se deve à capacidade dos seus funcionários, que para além de se desenvolverem com fundos privados são ainda capazes de ganhar fundos públicos estatais. Também tenho visto casos em que ocorre o oposto. Como disse anteriormente, não defendo nenhum modelo, mas queria dar uma opinião e falar de um caso externo. Há tantos exemplos por esse mundo fora, o património tem tantas tipologias (material, imaterial, natural, urbano, rural, móvel imóvel, etc) e tantos modos de valorização que não me parece positivo discriminar.

 

Saudações cordiais

 

Gonçalo


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