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Re: [Archport] Apresentação do Achado Arqueológico da Praia de Belinho - Amanhã, em Esposende

To :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Apresentação do Achado Arqueológico da Praia de Belinho - Amanhã, em Esposende
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Tue, 20 May 2014 23:11:28 +0100

Boa, finalmente um naufrágio interessante! Resta esperar pelo
relatório agora para se saber como é que se chegou à conclusão que era
um navio holandês. :)




O Inverno deixou uma prenda aos arqueólogos numa praia de Esposende

Público, por Abel Coentrão

20/05/2014 - 21:02

Vestígios do naufrágio de dois navios, um holandês do século XV ou XVI
e outro da época romana, foram encontrados na praia de Belinho.


Os efeitos do mar na costa de Esposende não são apenas um problema
ambiental. A fúria destruidora do Inverno deste ano deixou a
descoberto, na praia de Belinho, vestígios arqueológicos
correspondentes a dois naufrágios. Os achados, que esta quarta-feira
serão apresentados pela autarquia, são partes da carga e do casco de
um navio holandês, do século XV ou XVI, e de ânforas de um navio
romano, correspondendo, neste caso, ao segundo naufrágio desta época
descoberto neste concelho.

Os destroços foram descobertos por quatro pessoas durante o Inverno,
quando as notícias relatavam o efeito destruidor das grandes
tempestades nas praias deste e de outros concelhos. Em Belinho, a
norte da cidade de Esposende, em troca do areal que roubou, o mar
deixou uma oferenda preciosa aos arqueólogos e historiadores: mais de
900 fragmentos da época romana, peças de madeira do navio holandês e,
no caso deste, dezenas de pratos de esmola em latão, duas centenas de
pratos de baixela em estanho, pelouros (balas) de vários calibres,
entre outras peças, misturadas com pedra vulcânica usada para lastro
desta embarcação.

Entre os achados, encontram-se peças conhecidas como pratos de
Nuremberga ou dinanteries, por também serem produzidos e importados de
Dinant, na Bélgica. São peças importantes não pela sua raridade –
foram muito usados nas igrejas portuguesas e existem, aliás, em várias
colecções museológicas – mas pelo trabalho decorativo. No Museu das
Terras de Basto existe aliás um prato destes, praticamente igual a um
dos que foi agora encontrado em Esposende, representando Adão, Eva e a
inevitável serpente. Outro tem gravado o encontro de São Jorge com o
Dragão e não falta, nesta colecção arrojada pelo mar, um S. Cristóvão,
padroeiro dos viajantes.

Tal invocação de nada valeu aos que seguiam naquele barco. Naufragaram
numa zona difícil da costa, com rochedos submersos famosos, como os
Cavalos de Fão, um perigo para navegadores mais distraídos ou atirados
para perto da praia por alguma tempestade. O mesmo poderá ter
acontecido à embarcação da época romana que, pela carga, viria da
Bética, província no Sul da península bem servida, já na altura, pelo
porto de Cádis. Desfez-se por ali, no final do século I, deixando no
fundo do mar uma carga de ânforas cuja forma indica a zona em que
foram produzidas.

Mais provas na costa atlântica
Este naufrágio romano é o segundo já descoberto em Esposende. Há uma
década, em Marinhas, mais a sul, outros achados da Bética tinham sido
encontrados mas, então, foram pouco valorizados. Só nos últimos anos,
uma equipa envolvendo os arqueólogos municipais Ana Paula Brochado e
Ivone Magalhães, o investigador Rui Morais da Universidade do Minho, o
consultor Carlos Alberto Brochado de Almeida, arqueólogo jubilado da
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a catedrática em
geologia Helena Granja, e um especialista em química da Universidade
do Minho, César Oliveira, apoiados por investigadores espanhóis,
conseguiram revelar a importância daquelas ânforas do início do século
I, em plena era de Augusto.

O historiador Allan John Parker escreveu uma grande obra sobre os
naufrágios em época romana, mas listou apenas acidentes no
Mediterrâneo, omitindo por completo a navegação no Atlântico. Tal
lacuna começa a ser preenchida, acredita Rui Morais, para quem estes
dois naufrágios “vêm contrariar essa tendência historiográfica,
mostrando que houve um comércio permanente na fachada atlântica”. Que,
aliás, remonta já aos finais da Idade do Bronze, insiste.

O académico salienta que já se conhecia um número considerável de
produtos de importação ao longo da costa, em castros e cidades de
época romana, o que pressupõe um comércio marítimo, fluvial, em grande
escala, dado o elevado custo do seu transporte por via terrestre, mas
explica que faltava encontrar vestígios relacionados com naufrágios,
que demonstrassem que chegavam a esta parte da península pelo mar.
“Encontrar provas é uma situação muito rara na costa Atlântica, e
Esposende tem-nos brindado com estes achados”, congratula-se este
arqueólogo que, para além de ânforas Haltern 70, um tipo de ânforas de
fundo em bico e semelhantes a muitas que se encontram por toda a
costa, Galiza acima, e até na Grã-Bretanha, identificou, nessa
primeira descoberta, um novo tipo de vasilhame.

A essas novas ânforas, de fundo plano, chamou-lhes Rui Morais urceus.
Graças ao trabalho de análise de química orgânica de César Oliveira,
percebeu-se que traziam vinho adocicado com mel. As outras
transportavam outros tipos de vinho e uma conserva de azeitonas em
vinho cozido, conhecido como defrutum. O destino provável desta
mercadoria, tal como a que transportava o segundo navio romano agora
descoberto – em cujas ânforas se detectou conservas de peixe e outros
preparados piscícolas – seria Bracara, a Augusta, cidade fundada no
século I a.C. pelo imperador que morreu no ano 14, ou seja, há
precisamente, dois milénios.

Conta Rui Morais que um poeta de Bordéus, Ausónio, que viveu no século
IV, descreveu Braga como uma cidade situada perto de um golfo marinho.
E o que para nós, hoje, parece um erro que se desculpa pela distância
entre Burdigala e Bracara, é uma verdade geológica. O trabalho de
Helena Granja situa a foz do Cávado mais a sul do que na actualidade e
descreve-a como uma baía. Ou seja, esta foz, a par da foz do Ave, em
Vila do Conde, seria uma importante porta de acesso de mercadorias
àquela que era então a principal cidade da Galécia romana.

http://www.publico.pt/ciencia/noticia/o-inverno-deixou-uma-prenda-aos-arqueologos-numa-praia-de-esposende-1636792?page=-1


Em 20 de maio de 2014 18:57, José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt> escreveu:
> De: Ana Almeida
> Enviado: segunda-feira, 19 de Maio de 2014 20:36
> Para: archport@ci.uc.pt
> Assunto: Convite - Apresentação do Achado Arqueológico da Praia de Belinho
>
> CONVITE
>
>
>
> 21 de maio - Apresentação à comunicação social e ao publico em geral do
> achado da Praia de Belinho
>
> Local: Fórum Rodrigues Sampaio (junto à Biblioteca Municipal de Esposende)
>
> Hora: 10h00
>
>
>
> 23 de maio- Apresentação à comunidade local do achado da Praia de Belinho
>
> Local: Junta de Freguesia de Belinho (Belinho, Esposende)
>
> Hora: 21h00
>
>
>
>
>
> Ana Paula Almeida
>
> Coordenadora do CISL | SPC
>
> Centro Interpretativo de S. Lourenço | Serviço de Património Cultural
>
> Divisão de Ação Cultural
>
> Praça do Município | 4740-223 Esposende
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> Telef.: 253 960 179 | 253 960 100
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> Fax: 253 960 176
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