Irá decorrer às 18 horas do próximo dia 30 de Maio de 2014, novo ciclo dos Territórios de Fronteira co-organizado pelo Grupo de Estudos em Evolução Humana (GEEVH), pelo Museu Nacional de Arqueologia (MNA) e pelo Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia da Universidade do Algarve (NAP).
O ciclo inclui as seguintes palestras:
Ana Maria SilvaMoléstias do passado: Lesões e patologias nas populações humanas do Neolítico final/Calcolítico
CIAS - Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, Universidade de Coimbra
O território português é rico em monumentos funerários datados do Neolítico final e Calcolítico. Estes sepulcros, geralmente colectivos, contêm frequentemente um elevado número de restos ósseos humanos, muito fragmentados e predominantemente desarticulados dificultando a sua análise. Nos últimos 20 anos, o seu estudo sistemático tem permitido traçar um “perfil antropológico” destas populações humanas pré-históricas revelando aspectos biológicos e sociais.
Na presente comunicação serão documentadas alguns aspectos mais singulares destas comunidades humanas. Entre estes destacam-se o uso de dentes em actividades não mastigatórias, diversas evidências (patológicas e morfológicas) relacionadas com uma grande mobilidade de, pelo menos, alguns indivíduos, e patologias menos usuais.
João Cascalheira
Alterações climáticas abruptas e adaptação humana: o caso do Paleolítico superior português
ICArEHBUniversidade do Algarve
Recentes desenvolvimentos no campo da reconstrução paleoclimática atestam a presença de fortes e abruptas oscilações climáticas durante todo o Plistocénico final (c. 100-10 ka BP). Na Península Ibérica, o impacto destes eventos parece ter resultado em respostas complexas ao nível da distribuição e abundância dos recursos vegetais e faunísticos, dando origem a uma diversidade de nichos ecológicos relativamente isolados, os quais terão funcionado como territórios de refúgio para as comunidades humanas. Estas rápidas alterações ambientais terão tido repercussões bastante relevantes nas estratégias de adaptação das comunidades de caçadores-recolectores, sendo que alguns dos eventos climáticos mais intensos foram já sugeridos como os principais catalisadores de mudanças culturais de larga-escala, estando na origem daqueles que são tradicionalmente definidos como os principais tecnocomplexos do Paleolítico superior português (Gravetense, Solutrense e Magdalenense). A presente comunicação debruçar-se-á sobre os padrões de resiliência vs transformação, ao nível tecno-tipológico, da gestão dos recursos, da mobilidade e da ocupação do território, ocorridos após cada uma das alterações climáticas abruptas mais significativas e correspondentes mudanças culturais. Ter-se-ão por base as perspetivas teóricas da Panarquia e dos Ciclos Adaptativos enquanto modelos de explicação para a associação entre as flutuações do clima/ paisagem e a dinâmica dos mecanismos adaptativos dos caçadores-recolectores paleolíticos.
Convidamo-vos todos a aparecer no MNA e assistir a este ciclo!
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GEEvH - Grupo de Estudos em Evolução Humana
Departamento
de Ciências da Vida (Antropologia)
Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade
de Coimbra
Apartado 3046
3001-401 Coimbra
Portugal
http://geevh.jimdo.com/