Segue-se um excerto da entrevista do Papa Francisco ao jornalista Henrique Cymerman, em que nos deixa algumas reflexões sobre a História. O que acham disto?
"A interpretação histórica tem, a meu ver, de ter em conta uma coisa muito importante: a hermenêutica com que se faz a investigação histórica sobre a realidade.
Com que hermenêutica se faz?
E é preciso que seja feita com a hermenêutica da época.
Não posso julgar fenómenos de três, quatro, cinco séculos atrás com a hermenêutica de hoje porque não faz sentido, não vou chegar nunca à verdade.
O problema da INquisição. Li com muito interesse o livro que escreveu o pai do atual PM de Israel.
Foi ele quem mo deu.
É um problema é que, interpretado à luz atual, não o compreendemos. Interpretá-lo... Não vamos conseguir justificar, mas devemos entender, na sua justa medida, e então, vamos emitir juízos.
Ou seja, a hermenêutica tem de ser feita com os elementos da época.
Essa é uma das coisas que desejo sublinhar.
Se Pio XII falou ou não falou, se disse tudo o que tinha a dizer ou não, é preciso ver nos arquivos o que se passava naquela altura, e se era melhor não falar, porque senão matavam mais ou se teria de ter falado mais. Não sei.
Mas é com essa hermenêutica que deve ser examinado. E isso vale para tudo.
Uma segunda coisa, e não é que fique zangado, mas às vezes, fico com alguma urticária existencial quando vejo que todos se viram contra a Igreja, contra Pio XII...
(...)
E as potências?
Sabe que as grandes potências conheciam perfeitamente a rede ferroviária na qual transportavam os judeus para os campos de concentração. Tinham as fotografias. Não bombardearam essas redes ferroviárias. Fica esta pergunta. Então, falemos disso um pouco."
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