Ainda há dias, ao ser internado, dissera para o filho Pedro:
«Estou a ficar um colecionador de doenças que findam a vida mas que também merecem poemas».
Respondi, em jeito de brincadeira, que, sem dúvida, para ele seria motivo de inspiração, porque era do género nulla dies sine linea!
Ficamos tristes com o seu passamento. Elevamos uma prece pelo seu eterno descanso, ele que, nesta terra, não descansou mesmo, na sua perene actividade literária.
Não é apenas Castelo Branco que está de luto, estamos todos. Está a Poesia, a Literatura, a Museologia, o Património – que António Salvado foi, ainda que centrado na sua cidade beirã, o astro que em todos esses domínios brilhou e nos deixou exemplo de tenacidade. Castelo Branco e o Museu Francisco Tavares Proença Júnior muito lhe ficam a dever.
Perco um amigo do peito, duma sensibilidade enorme, atento, cordial, um Homem de enorme cultura, que deixa uma obra sem par!
Que descanse em paz.
À sua viúva, ao seu filho Pedro Miguel e demais familiares apresento mui sentidos pêsames, na certeza que estou a ser a voz de quantos com António Salvado algum dia se cruzaram nesta vida.
José d’Encarnação