Biblioteca de Arqueologia da DGPC
No início desta semana fomos surpreendidos pela notícia do encerramento da Biblioteca de Arqueologia da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), sem previsão de data de reabertura.
A Biblioteca de Arqueologia da DGPC nasceu da permanência em Portugal da biblioteca da delegação portuguesa do Instituto Arqueológico Alemão (DAI), quando esta foi encerrada, por contrato de comodato celebrado entre ambos Estados. A sua riqueza e relevância é extraordinária, fazendo desta biblioteca um equipamento de excelência, servido por excelentes profissionais, como bem sabem várias gerações de estudantes e investigadores que se habituaram a encontrar aqui um lugar ideal para o desenvolvimento do seu trabalho, com diligentes bibliotecárias, sempre prontas e disponíveis para ajudar os utilizadores.
A notícia do encerramento não é de todo surpreendente para quem frequentava a Biblioteca, mal acomodada, mal equipada em meios informáticos (que os teve, mas deixou de ter) e com deficientes condições, desde a conclusão do Palácio da Ajuda e criação do Museu do Tesouro Real, que a eficiência e profissionalismo das suas bibliotecárias a custo ia disfarçando.
A Biblioteca da DGPC era também o local onde os agentes de intervenções das actividades de Arqueologia de contrato consultavam os processos e relatórios de intervenções arqueológicas, uma vez que a DGPC persiste em ignorar conceitos básicos como a desmaterialização da documentação ou “sociedade digital” – a quem não saiba, explico: cada intervenção arqueológica gera um Relatório, naturalmente, elaborado por meios digitais, uma vez que já ninguém escreve á mão, mas a DGPC insiste em receber os ditos relatórios em formato digital e em formato papel, disponibilizando para consulta somente as versões em papel, que devem ser consultadas no Palácio da Ajuda, no espaço da Biblioteca, retirando pontos de leitura aos utilizadores. Não se sabe onde poderão agora consultar os processos todos os profissionais que o requererem.
Contudo, importa sublinhar a relevância da Biblioteca de Arqueologia da DGPC para todos os profissionais de Arqueologia, para os investigadores e, sobretudo, para todos os estudantes dos diferentes graus de Ensino (Licenciatura, Mestrado e Doutoramento). Os prejuízos deste inopinado encerramento para o bom desenvolvimento dos trabalhos destes diferentes utilizadores são mais do que evidentes, particularmente para estes últimos, agora que se aproxima o final de mais um ano escolar (para os estudantes de Licenciatura) e para os prazos sempre limitados dos estudantes de Mestrado e Doutoramento.
Presentemente, o Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (Uniarq) acolhe três estudantes de Doutoramento internacionais que esperavam naturalmente contar com este importante equipamento nas suas estadas temporárias de investigação.
Assim, na minha condição de docente do Ensino Superior de Arqueologia e de Director de um Centro de Investigação quero expressar a minha perplexidade por este encerramento não anunciado da Biblioteca e fazer votos para que este equipamento de excelência possa reabrir em melhores condições do que aquelas em que se encontrava anteriormente, custava ver a sua progressiva degradação.
Carlos Fabião
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