A ADECAP TEM O PRAZER DE ANUNCIAR A PALESTRA ABERTA, POR ZOOM NO Dia 26 de fevereiro de 2025, 21,30 h. (hora de Portugal) Por Florbela Estevão* e Nathalie Antunes-Ferreira** (*Câmara Municipal de Loures e ** Egas Moniz School of Health and Science) Sobre INTERVENÇÃO INTERDISCIPLINAR - ARQUEOLÓGICA E BIOANTROPOLÓGICA - EM BUCELAS, CONCELHO DE LOURES Foto fornecida pelas autoras: um momento dos trabalhos, vendo-se em primeiro plano a base de um muro romano Sinopse da palestra: A derrocada de um antigo muro de suporte de terras, em abril de 2018, colocou em risco parte do Largo do Espírito Santo e a Rua Marquês de Pombal, zona inserida no núcleo antigo da vila de Bucelas. Essa circunstancia implicou uma intervenção arqueológica de emergência que decorreu até dezembro de 2019, envolvendo uma equipa multidisciplinar de arqueólogos e bioantropólogos, além de muitos estudantes e voluntários. O trabalho prosseguiu, em laboratório, nos anos seguintes até 2022, tendo sido parcialmente financiado pelo programa Promuseus. Paralelamente, outras pesquisas documentais e laboratoriais estão em curso procurando melhor contextualizar a interpretação dos dados recolhidos. A palestra irá apresentar de modo sucinto os trabalhos arqueológicos realizados, os quais possibilitaram identificar dois níveis de ocupação distintos: uma necrópole moderna (séculos XV a XIX) e uma ocupação romana dos séculos I a II d.C. No entanto, convém salientar que a zona intervencionada apenas correspondeu a uma parcela do antigo cemitério, presumivelmente associado à desaparecida Capela do Espírito Santo e potencialmente também a uma parte do campo santo da Igreja Matriz. A escavação permitiu reunir uma importante coleção osteológica, 157 inumações primárias e secundárias (cujos ossários 1 e 2 continham, respetivamente, 101 e 262 indivíduos), além de reduções ósseas, distribuídas por uma ampla cronologia (séculos XV a XIX). Dos 157 indivíduos exumados foram identificados 59 não-adultos e 98 adultos e milhares ossos desarticulados. Nos adultos identificaram-se 33 mulheres, 59 homens e 6 de sexo indeterminado (esqueletos degradados impediram a estimativa sexual). Destaca-se a presença de pelo menos 7 indivíduos com os dentes incisivos intencionalmente modificados e com características morfológicas que sugerem possíveis afinidades populacionais africanas. Os dados sugerem que os indivíduos exumados – toda a coleção osteológica- tiveram condições de vida precárias e uma dieta rica em alimentos cariogénicos, como o pão. Relativamente à ocupação de época romana, foram identificadas estruturas murais simples formando três compartimentos sub-quadrangulares, datados dos séculos I a II d.C., o que veio reforçar a presença romana neste local. De acordo com os materiais reunidos e com base na diminuta área intervencionada, colocamos a hipótese de tratar de uma estrutura habitacional, com destaque para a recolha de vários peses de tear. Durante a intervenção arqueológica a equipa, em colaboração com as autoridades locais, procurou desenvolver um programa de arqueologia pública tendo concretizado um conjunto de ações que visaram estimular uma interação com a população local. Nesse sentido, foram realizadas várias visitas comentadas com públicos diversos; duas assembleias públicas para apresentação dos objetivos e metodologia da intervenção arqueológica, bem como para o esclarecimento de dúvidas. Ao nível de uma divulgação mais genérica foi possível envolver a imprensa local e nacional com artigos em jornais e breves noticias em programas televisivos. No Museu do Vinho e da Vinha em Bucelas ainda está patente uma exposição temporária sobre os resultados obtidos, a qual está por sua vez integrada num programa de dinamização do próprio museu. A edição de uma pequena monografia dirigida a um público geral, incluindo também a comunidade escolar. Este projeto obteve o prémio da Associação Portuguesa de Museologia – APOM na categoria Investigação e Difusão Científica em 2023. As Autoras: Florbela Estêvão é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pós-graduada em Arqueologia e mestre em Museologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com a tese “Transformações de uma paisagem: o Sistema Defensivo das Linhas de Torres e sua Musealização”. É investigadora do Instituto História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa desde 2014. É técnica superior da Câmara Municipal de Loures desde 1990, atualmente na Divisão de Património Cultural e Bibliotecas, Unidade de Património e Museologia. Tem desenvolvido vários projetos com responsabilidade na área do património cultural e em particular arqueológico, integra as equipas intermunicipais da Rota Histórica das Linhas de Torres e da Rota Memorial do Convento. Colabora no Jornal Noticias de Loures, publicação semanal, com uma crónica sobre Paisagens e Patrimónios. Nathalie Antunes-Ferreira é licenciada em Antropologia pela Universidade de Coimbra, mestre em Arqueologia pela Universidade de Lisboa e doutorada em Antropologia Biológica pela Universidade Nova de Lisboa. É Professora Associada do Egas Moniz School of Health and Science, lecionando atualmente na licenciatura em Ciências Forenses e Criminais e no mestrado em Tecnologias Laboratoriais em Ciências Forenses. É coordenadora do Gabinete de Biologia e Identificação Humana do Laboratório de Ciências Forenses e Psicológicas Egas Moniz (LCFPEM) e investigadora integrada do Centro de Investigação Interdisciplinar Egas Moniz (CiiEM). É coordenadora científica e formadora em diversas atividades formativas extra-curriculares, designadamente formações na área da Antropologia Biológica e Forense. Link zoom para acesso à palestra: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/94654531417?pwd=xAswwFRATKXf6TRJ4QaWzYXbTgl8F0.1 |
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