[Archport] solo de habitat do Paleolítico Médio de Vilas Ruivas

[José D´Encarnação <jde@fl.uc.pt>]

         Com a devida vénia, copio da página do FB de Luís Raposo, o depoimento infra:

 

O Tempo Levantado do Chão

 

Após três décadas de "sumiço", o solo de habitat do Paleolítico Médio de Vilas Ruivas vai de novo ficar visível numa exposição sobre a Arqueologia de Vila Velha de Ródão, a instalar na Casa das Artes. Cheguei a pensar que nunca tal veria, em minha vida.

Estes vestígios foram no início dos anos de 1980 transpostos do local do achado e colocados em exposição no Museu de Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco - uma operação inédita na época, registada em opúsculo que pode ser lido no endereço abaixo, em comentários. Em finais do século passado viriam a ser desmontados, sem o acompanhamento dos arqueológos responsáveis. Valeu, todavia, o imenso brio profissional, o amor pelo património e até a amizade pessoal dos trabalhadores daquele museu que quase 20 anos antes tinham participado, com entusiasmo, na instalação do solo. Garantiram que tivesse sido encaixotado em óptimas condições (conforme pude agora verificar) e levado para Ródão, cuja Câmara Municipal logo se prontificou recebê-lo.

Ainda hoje este solo de habitat, atribuível ao Homem de Néandertal, com os seus arcos pára-ventos e as suas lareiras, é talvez a mais antiga estrutura habitacional de ar livre encontrada em Portugal, datada de há mais de 50 mil anos (ou mais de 100 mil anos, conforme os mais recentes estudos sobre o sistema de terraços do Tejo).

Compreende-se, pois, o júbilo de vermos que irá "ressuscitar". Um júbilo meu e nosso, dos arqueólogos da chamada "geração do Tejo", mas também dos trabalhadores do MFTPJ da altura. E mesmo os que já partiram, sendo crentes, terão o seu "júbilo no Céu", como se lê em Lucas. Entre estes, o Dr. António Salvado, que sendo director era também um incansável trabalhador.