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[Archport] A greve dos arqueólogos da DGPC, um apontamento pessoal

To :   ARCHPORT <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] A greve dos arqueólogos da DGPC, um apontamento pessoal
From :   António Manuel Silva <amspsilva@hotmail.com>
Date :   Thu, 25 Apr 2019 10:13:30 +0000

Nos últimos anos, a expansão das redes sociais substituiu-se à Archport como forum de debate e troca de opiniões sobre muitos assuntos de arqueologia, o que por um lado evitou que por aqui se eternizassem alguns debates estéreis e até de tom menos recomendável, mas empobreceu a «nossa» lista para aqueles, como eu, que não seguem com regularidade as páginas do facebook ou outras que tais.

Permitam-me assim que partilhe uma breve nota com que, excecionalmente, concorri hoje para uma página do facebook.

Um bom 25 de abril, com memória e esperança num futuro melhor para todos, assente na democracia, na participação e na igualdade de oportunidades!

Não tenho visto muitas reações à greve dos trabalhadores da DGPC do passado dia 23, ou talvez tenham acontecido apenas através das redes sociais, que não sigo com tempo ou regularidade.

Todavia, parece-me uma greve importante e que marca significativamente as circunstâncias – que já não são meramente conjunturais – da salvaguarda, gestão e valorização dos bens arqueológicos na esfera da Administração Central.

Ao contrário de muitas greves noutros setores profissionais, esta não foi uma greve por atualização salarial (o que todos os trabalhadores da Administração justamente podem reivindicar) ou pela manutenção de quaisquer regalias ou regime de exceção.

Segundo a informação disponibilizada pelo sindicato, os trabalhadores da DGPC exigem especialmente o reforço dos quadros de pessoal para o melhor cumprimento das suas obrigações e, consequentemente, um melhor serviço à arqueologia e aos arqueólogos (sem esquecer, naturalmente, o quanto a incapacidade de resposta decorrente deste défice de pessoal terá levado muitos técnicos à exaustão e ao desalento).

Por isso, esta greve só pode suscitar a solidariedade e o apoio de todos os que têm a arqueologia como o seu exercício profissional, elogiando-se a coragem e a determinação dos colegas que encetaram esta forma de luta.

Mesmo sem informação detalhada, podemos também tentar compreender, do lado da Administração, as limitações e constrangimentos orçamentais que porventura tenham atrasado as soluções para uma ação patrimonial mais qualificada.

É que o problema vem de cima e muito de trás: radica na progressiva subalternização e desqualificação do património arqueológico e da sua salvaguarda que pelo menos há duas décadas se vêm observando no nosso País. E sobre isso devíamos todos – não só os colegas da DGPC – indignar-nos e atuar.

Neste dia 25 de abril, reclamar maior atenção e respeito pelo nosso património arqueológico e por aqueles que nele trabalham parece-me também uma forma de evocar a liberdade que há 45 anos nos abriu um novo futuro.


Cumprimentos,


António Manuel S. P. Silva






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