AINDA OS COCHES EM JEITO DE ABALADA!...
Como não podia deixar de ser, muitas
vozes se levantaram contra a pretensão - de acordo com despacho (penso que foi
despacho) superior - de a unidade hoteleira instalada na Coudelaria de Alter
passar a dispor, como ornamento e para dar ‘cor local’, de alguns
dos coches do Museu Nacional dos Coches.
Manifestou-se discordância não apenas em
relação à trasladação em si, atentatória do património, mas, sobretudo,
ao facto de ter havido essa decisão superior, assim sem mais nem menos, em
jeito de «quero, posso e mando!».
Juntaram-se essas vozes à estranheza já
antes manifestada - chamo-lhe ‘estranheza’… - quando veio a
conhecer-se a equipa nomeada para exercer funções directivas na Direcção-Geral do Património Cultural, sem que dos
membros empossados se conhecesse publicamente experiência ou mera ‘proximidade’
nas áreas que a essa Direcção-Geral
dizem respeito: Arquitectura, Museus, Arqueologia, Etnologia e afins…
Sabe-se que, amiúde, se justifica a vinda de alguém completamente alheio à
temática que vai ter entre mãos para nela introduzir uma… visão
inovadora, descomprometida, isenta de preconceitos… Sabe-se. Tem-se, porém,
dificuldade em aceitar, porque não é raro esse alguém acabar por dar com os
burrinhos na água ou escorregar na passadeira que, de um momento para o outro,
lhe retiraram de sob os pés!...
E así se hacen las cosas! - dizia o sempre oportuno Gil Vicente!
Não
quero, porém, terminar esta ‘intervenção’
(!) na lista museum
- que trata, fundamentalmente, de temáticas museológicas e de património
cultural -, na archport
- que trata, fundamentalmente, de temática arqueológica e de património
cultural - e na histport – fórum sobre a História de
Portugal - sem dar a palavra ao Dr. Luís Raposo, que preside ao ICOM –
Europa (!), ou melhor, sem copiar para aqui (com sua expressa autorização) o que escreveu na sua página do Facebook, no
passado dia 21, às 23.07 horas:
«Começam a
perceber-se as implicações mais amplas deste triste caso. A directora do Museu
Nacional dos Coches tem toda a razão, legal e ética, e pode contar com a
completa solidariedade activa dos seus colegas. Saberemos demonstrar isso
mesmo, a ela e "a quem de direito".
»E começa
infelizmente a ter de se perguntar à ministra da Cultura e ao Primeiro-ministro
se esta secretária de Estado da Cultura tem condições para continuar no cargo.
Por este caso, pela ameaça de outros e pela nomeação
inconcebível que fez para a DGPC.
»Começa
finalmente a ser necessário perguntar ao Partido Socialista, e mormente aos
seus deputados e membros da comissão de cultura da AR (de que conheço alguns e
sei serem pessoas sensatas, movidas por valores de politicas culturais cidadãs
e mesmo progressistas), se aceitam conviver calados com dislates deste tamanho.
É que há silêncios ensurdecedores, que jamais se esquecem.»
Ámen!
José d’Encarnação
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