[Archport] Virus e Congresso de Sevilla sobre o Neolítico Peninsular

[Victor Manuel Dos Santos Goncalves <vsg@campus.ul.pt>]

Notas soltas em tempo de crise 2

Depois da inenarrável introdução (que escaparia a qualquer primata que se preze) dos conceitos de «muita inteligência» do vírus e do conceito estatístico de «planalto», apetece-me alugar um T3 em Marte e abandonar este País que tais políticos produz. Valha-nos o Costa e o Rio, que ultimamente se portaram muito bem. O primeiro pela maneira como tem gerido a crise e, sobretudo, por mostrar que este não é um governo Cavaco ou Passos Coelho, e pôr na ordem o holandês. Quanto a Rio, faço-lhe uma vénia japonesa pela forma civilizada como entendeu o que é uma colaboração nacional em tempo de crise. Merece mesmo duas vénias, mas doem-me as costas de estar dobrado sobre o computador, escrevendo artigos ou montando os vídeos curtos que a minha Faculdade me pediu. E, infelizmente, os T3 em Marte são difíceis de encontrar e o saldo do meu Visa não cobre os custos.

Quanto ao Congresso de Sevilla, estou dividido, mas sou suspeito porque não gosto de Congressos, aos quais prefiro de longe os Colóquios ou workshops. Maa numa coisa, Sevilla marcou pontos, confirmando uma tendência que vinha desde o Congresso de Lisboa: a consagração do trabalho em equipa e uma forte presença de uma iniciativa privada, com qualidade. Houve comunicações más ? Bem, algumas foram péssimas, mas a maioria esteve bem. Que mais se pode pedir ? Não sou xenófobo, mas o facto de ter viajado num voo horrível, com quase dois terços de chineses a tossir e sem máscara, não me deixou de bom humor. Mas tive a oportunidade de rever velhos amigos, espanhóis e catalães, o que é sempre bom. E agradeço a distinção de ter sido convidado para proferir a conferência inaugural. Tenho muitos defeitos, mas sempre fui reconhecido e gostei de estar com amigos, apesar de, ao contrário do José Leite de Vasconcellos, ser um péssimo viajante.

Always. For ever.

Victor S. Gonçalves