Caro Vasco Mantas,
Ainda está por nascer um arqueólogo que não seja ideologicamente motivado. Ou será que o colega acha que é ideologicamente neutro?
As questões que coloca são naturalmente pertinentes. É de discussão, crítica e refletida, que precisamos nas universidades. Varrer este tema para debaixo do tapete e acenar com os fantasmas do vandalismo e do fim da “civilização”, como tem acontecido até agora, só serve um status quo que interessa muito pouco à sociedade portuguesa atual.
Confesso que não entendi as referências a demolições de estátuas, nem aos presidentes Lincoln e Wilson neste contexto. Também poderíamos falar da estátua do toureiro em Vila Franca ou de outra coisa qualquer, mas é uma confusão que em nada dignifica este forum.
Cumprimentos, Rui Gomes Coelho
Sent from my iPhone On 18 Oct 2020, at 17:20, vasco gil mantas <vsmantas@gmail.com> wrote:
Caro Rui Gomes
Nunca comento um texto sem o ler. O que está em causa são os motivos reais destas manifestações. Que história nos deixam? Que mudança desejam? Será a realidade americana determinante de outras iniciativas? Porquê agora? Demolir estátuas de Lincoln ou retirar a do presidente Wilson, que fez o que pôde por uma paz justa em Versalhes? É preciso reflectir, com inteligência, não por modismos mais ou menos ideológicos. E a história os EUA não é a história da Europa.E enquanto usarmos os espaços universitários herdados do EN é lógico que mantenhamos a sua decoração. Ou devo ver aqui um convite a que se vandalizem, por exemplo, os murais da Faculdade de Letras de Coimbra?. Não tenho que me envergonhar de nada do que lá está figurado. Cordialmente Vasco Gil Mantas
Caro Vasco Mantas,
O que me parece grave é que comente textos sem os ler. Quem ler o artigo que enviei poderá verificar que ninguém quer “condenar” a história.
O que os alunos fizeram, e estão a fazer, é questionar a presença de determinadas estátuas num campus universitário e a propor a sua remoção.
Espero que sirva de estímulo aos estudantes que, em Portugal, ainda têm de lidar todos os dias com a cenografia estadonovista nos espaços universitários.
Votos de boas leituras e bom resto de domingo.
Cumprimentos, Rui Gomes Coelho Sent from my iPhone Caras e Caros Colegas e amantes da História e da Cultura do Mundo Clássico, no qual temos as nossas raízes essenciais (certamente outros poderão procurar o que lhes convém)
O que se passa nestes últimos tempos mostra que a crise é bem mais grave do que se pressentia e a Covid apenas marginalmente o reflecte. O que se passou em Brown é de tal forma grave que merece uma resposta mais extensa, que não cabe aqui. Pensem bem no que esta condenação da História, desde logo absurda, pode significar. Agora só há uma versão correcta? Quem a sustenta? Continuaremos a assistir à vergonhosa destruição de estátuas com o respectivo aviltamento daqueles nelas representados ou do que na altura foi considerado correcto? Na verdade, como ex-combatente em África também me senti insultado recentemente, voltando a coisas que se consideravam superadas depois do PREC. Embora as borradelas que algum ou alguns energúmenos inscreveram na base da estátua em Coimbra não deixem dúvidas sobre a classificação, o que eu lá vi sempre foram soldados portugueses, não assassinos fascistas. Um pouco de bom senso faria bem a este mundo, antes que as realidades nos tragam surpresas desagradáveis.
Cordialmente desiludido Vasco Gil Mantas
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