De: Mário Jorge Almeida <mj.arqsub@gmail.com> Uma óptima resenha, à qual, se me é permitido, acrescento "a génese da Arqueologia Subaquática" oficial: Com efeito, no meio de algumas "tropelias", eu que recém integrado na equipa instaladora do Museu do Mar de Cascais, tinha, entre outros, dois dossiers sobre o naufrágio do l'Océan: um com a história do dito, e outro sobre "como fazer o seu estudo e recuperação". Pelos meados de Agosto de 80, eu e o então responsável pela instalação do M.M., Francisco Reiner, batemos à porta do MNA, pedindo para falar com o director, que não conhecíamos. A razão: havia anos que tentávamos obter autorização para o referido projecto, o que nos era sistematicamente recusado, numa verdadeira "pescadinha de rabo na boca". Não tínhamos antecedentes nem nos era reconhecida idoneidade para o efeito... E foi assim que fomos recebidos pelo Dr. Francisco Alves, a quem apresentámos os dois dossiers, no intuito de obter da parte deste e da instituição, a "cobertura institucional " para o projecto. Vistos os dossiers, jamais poderei esquecer a primeira afirmação do D. F.A: - "vocês sabem que, curiosamente, eu também sou mergulhador?". A esta seguiu-se a consideração de que era interessante, e viável, apenas com um "senão": - no MNA não havia ninguém com conhecimentos nem disponível para tal, e por tal só era possível se o M.M. me dispensasse para no MNA organizar o referido projecto, passando pela produção dos meios , formação de pessoal e criação de condições para o que foi a primeira intervenção oficial da Arqueologia Subaquática em Portugal: o Campo Arqueológico "Boca do Rio-Ocean. Foi assim que, com a participação dos sucessores da equipa do Prof. Vilar Moreira, os "Bandeirantes do Mar", à época sediado no Brasil, depois do conturbado desfecho da escola de mergulho do extinto Secretariado para a Juventude, sucedâneo das "EBEC's" e estas da "Mocidade Portuguesa", na senda do "pós 25 de Abril", se realizou no MNA o primeiro curso de mergulho, para capacitar alguns funcionários e técnicos do MNA, bem como alguns voluntários aos futuros trabalhos. . Como costumo dizer, houve um pai da Arqueologia Subaquática, mas também uma mãe que doou um óvulo pronto para ser fecundado... E deste episódio aos dias de hoje, o "aborto", o declínio, o estado de incúria, inépcia e incapacidade dos dias de hoje... Muitas vezes me pergunto se não teria sido preferível continuar a "masturbar-me" entre levantamentos e recolhas a esmo, entre Tróia, S.Julião da Barra, Cabo Raso, Berlenga e outras intervenções "clandestinas" sim, mas sempre com o objectivo de engrossar o espólio do Museu do Mar de Cascais. Algumas dezenas de novos e redirecionados mergulhadores e técnicos, passaram pela que foi uma verdadeira "escola" e que pelas mais diversas razões se afastaram e/ou foram afastados, deixando o vazio que temos nos dias de hoje, e que nem sequer conseguem fazer o mínimo que lhes compete, a "verificação de achados"... Deste "desabafo" usa o que/se te parecer interessante, cerceando o que achares por bem, e fica com um forte abraço e o meu sincero apreço. MJ |
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