Ainda sobre estátuas… “A arte fascista faz mal à vista” . Por imperdoável lapso na apresentação que usei na sessão “Património Cultural: orgulho e preconceito” e aqui referi, não figurei o diapositivo referente à acção promovida em 28 de Maio de 1974 pelo Movimento Democrático de Artistas Plásticos (MDAP) na sede do antigo SNI, aos Restauradores, em Lisboa, sobre a estátua em bronze de Salazar ali existente e mais tarde retirada (ver em anexo, reportagem da revista "FLAMA" sobre o assunto). Debaixo da consigna “A arte fascista faz mal à vista” a comissão central do MDAP (Alice Jorge, Ana Vieira, Artur Rosa, Aurélio, Conduto, David Evans, Eduardo Nery, Escada, Eurico, Fernando Azevedo, Helena Almeida, João Abel Manta, João Moniz Pereira, João Vieira, Lima de Carvalho, Nikia Skapinakis, Nuno San Payo, Pomar, Rogério Ribeiro, Sá Nogueira, Vespeira, Virgílio Domingues) convocou uma “operação de saneamento” da referida estátua, que passou pelo seu revestimento por pano negro e aprisionamento por cordas, emitindo seguinte comunicado: “´Casaca de cerimónia’ – foi assim que Salazar tratou a Arte (vidé livro de António Ferro, “Salazar”, 1933)- E no jardim do Palácio Foz – “Quartel da demagogia a cores”, como há muitos anos foi alcunhado pelos artistas, a estátua de Salazar continua um passado que se quer ausente. “O Movimento Democrático de Artista Plásticos não é partidário da destruição de obras de arte, ainda símbolos condenáveis deverão guardar-se como documentos históricos de uma política que não deve ser silenciada para jamais ser esquecida ou repetida. “A estátua de Salazar do escultor Francisco Franco, embora seja símbolo de uma nefasta ditadura, não pode de modo nenhum continuar presente num edifício público responsável pela democratização do País. “Hoje, 28 de Maio – quadragésimo oitavo aniversário do nascimento do fascismo – a comissão central do MDAP, resolveu ocultar a estátua, cobrindo-a com um pano negro e amarrando-a com cordas. “O ‘mestre’ da política ‘orgulhosamente sós’ ficará protegido dos livres olhares portugueses que abertamente querem estar acompanhados. “E ao mesmo tempo uma destruição simbólica e um acto de criação artística, num gesto de liberdade revolucionária. “A arte fascista faz mal à vista!” - Que lição para os “activistas tribais”, cheios de verbo “anti-racista” e “anti-fascista”, que nunca viveram uma ditadura, nem depois viveram uma revolução, e clamam que “o único destino que se pode dar às estátuas enxertadas da imaginação colonial lusotropical é o regresso à fundição” (Pedro Schacht Pereira, Rui Gomes Coelho, Patrícia Martins Marcos e Inês Beleza Barreiros, O padre António Vieira no país dos cordiais, Público, 2.2.2020). - Obs. Ainda sobre temática afim desta, a do “antes” e “depois” do 25 de Abril de 1974, atrevo-me a indicar, para quem possa interessar-se, a conversa que por convite do Núcleo de Estudantes de Arqueologia da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova Lisboa, tive no passado Domingo, dia 25 de Abril, e pode ser ouvida aqui: https://www.facebook.com/narqnovafcsh/videos/185730946729520 Ou aqui: https://www.youtube.com/watch?v=k8rFIPBtjfU Luís Raposo
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