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[Archport] Perspectivas sobre a investigação arqueológica no vale do Côa

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>, "porras" <pporras@der.ucm.es>
Subject :   [Archport] Perspectivas sobre a investigação arqueológica no vale do Côa
From :   <jde@fl.uc.pt>
Date :   Tue, 13 Jul 2021 08:23:59 +0100

 

ADECAP – Associação para o Desenvolvimento da Cooperação em Arqueologia Peninsular – Porto

 

CONFERÊNCIA ON LINE ABERTA, POR ZOOM

DIA 29 DE JULHO DE 2021 – 21 H.

 

LINK PARA ENTRAR NA REUNIÃO ZOOM :

https://videoconf-colibri.zoom.us/j/85326235998?pwd=bHI4VUlBR2Zqc2VRSGxQd0RBQkVUQT09

 

 

Perspectivas da investigação arqueológica no (/a partir do) Vale do Côa

 POR

 

Thierry Aubry, André Santos, Miguel Almeida, Luís Luís, Fernando Barbosa e Marcelo Silvestre

 

Resumo:

 

Em 1970, o comandante de artilharia Francisco Gozalo Quintanilla publicou o decalque de um cavalo do Cierro de San Isidro que “pudiera ser magdaleniense”.

Foi preciso, no entanto, passar mais de uma década para que Mazouco encetasse a série de novidades que transformaria o panorama da arte paleolítica da bacia do Médio Douro ibérico, culminando, em 1991, na publicação de Siega Verde e com a descoberta dos primeiros motivos gravados no Vale do Côa, cuja cronologia pleistocénica seria ferozmente questionada aquando da sua posterior revelação pública em 1994.

A ausência de evidências arqueológicas do Pleistocénico superior na região (interpretada como evidência de ausência!) enquadrava objecções à atribuição das gravuras ao Paleolítico reveladoras de uma estranha inércia científica e incompreensível confusão acerca das metodologias de datação.

As descobertas do Vale do Côa, porém, viriam revolucionar a compreensão da produção artística das comunidades finipleistocénicas europeias, revelando a existência de sítios arqueológicos coevos e demonstrando estratigraficamente a antiguidade das gravuras.

 

Por força do próprio objectivo assumido da prospecção (a contextualização da arte rupestre) os primeiros sítios arqueológicos identificados no Côa localizavam-se em terraços aluviais do Côa, indiciando uma preferência pela ocupação dos fundos de vale que a descoberta da Olga Grande 4 e 14 cedo matizaria.

Com efeito, a acumulação de indícios de deslocações importantes, resultando da presença de matérias-primas alóctones, similitudes conceptuais e estilísticas com grupos artísticos distantes e progressiva compreensão da evolução paleoambiental da região viriam a justificar um reforço da prospecção em ambientes topográficos e unidades geomorfológicas distintas, abrindo o caminho para uma percepção global do vasto território do Médio Douro, delimitado por Mazouco, Siega Verde, Côa e Sabor.

Nesta estratégia de investigação, a reconstituição paleogeográfica e ambiental precede metodologicamente a análise paletnológica dos grupos de caçadores-recolectores que ocuparam a região.

 

Este programa de investigação visa perceber o ciclo anual de exploração deste território amplo, mas também a sua integração em redes socioculturais mais vastas que se estendem pelo menos desde a Estremadura ao centro da Meseta, como denunciado pela origem das matérias-primas líticas identificadas no Vale do Côa e comparações estilísticas inter-regionais das manifestações gráficas.

É no quadro desta abordagem holística que deverá entender-se o carácter estruturante das produções visuais registadas nas rochas como elementos estruturantes destas sociedades pleistocénicas.

 

 

Sinopses biográficas dos autores:

 

Thierry Aubry trabalha como arqueólogo no Vale do Côa desde as primeiras descobertas na região, aí se dedicando essencialmente ao estudo das comunidades de caçadores-recolectores do Pleistocénico da região. Atualmente exerce as funções de responsável técnico-científico da Fundação.

 

Miguel Almeida criou o Octogroup, um conjunto de empresas CCI's em cujo âmbito presta serviços de consultoria científica em áreas de Arqueociências, Geociências e Engenharia inversa e participa em diversos projectos de investigação fundamental e aplicada dos quais resulta já uma longa lista de publicações, frequentemente multidisciplinares, explorando novas áreas do conhecimento e abordagens inovadoras.

 

André Tomás Santos trabalha como arqueólogo no Vale do Côa desde 2004, onde tem estudado essencialmente a sua arte rupestre de cronologia pleistocénica, tendo em 2017 defendido na Universidade do porto um doutoramento sobre a matéria.

 

 

 


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