ADECAP – Associação para o Desenvolvimento da Cooperação em Arqueologia Peninsular – Porto CONFERÊNCIA ON LINE ABERTA, POR ZOOM DIA 29 DE JULHO DE 2021 – 21 H. LINK PARA ENTRAR NA REUNIÃO ZOOM : https://videoconf-colibri.zoom.us/j/85326235998?pwd=bHI4VUlBR2Zqc2VRSGxQd0RBQkVUQT09 Perspectivas da investigação arqueológica no (/a partir do) Vale do Côa POR Thierry Aubry, André Santos, Miguel Almeida, Luís Luís, Fernando Barbosa e Marcelo Silvestre Resumo: Em 1970, o comandante de artilharia Francisco Gozalo Quintanilla publicou o decalque de um cavalo do Cierro de San Isidro que “pudiera ser magdaleniense”. Foi preciso, no entanto, passar mais de uma década para que Mazouco encetasse a série de novidades que transformaria o panorama da arte paleolítica da bacia do Médio Douro ibérico, culminando, em 1991, na publicação de Siega Verde e com a descoberta dos primeiros motivos gravados no Vale do Côa, cuja cronologia pleistocénica seria ferozmente questionada aquando da sua posterior revelação pública em 1994. A ausência de evidências arqueológicas do Pleistocénico superior na região (interpretada como evidência de ausência!) enquadrava objecções à atribuição das gravuras ao Paleolítico reveladoras de uma estranha inércia científica e incompreensível confusão acerca das metodologias de datação. As descobertas do Vale do Côa, porém, viriam revolucionar a compreensão da produção artística das comunidades finipleistocénicas europeias, revelando a existência de sítios arqueológicos coevos e demonstrando estratigraficamente a antiguidade das gravuras. Por força do próprio objectivo assumido da prospecção (a contextualização da arte rupestre) os primeiros sítios arqueológicos identificados no Côa localizavam-se em terraços aluviais do Côa, indiciando uma preferência pela ocupação dos fundos de vale que a descoberta da Olga Grande 4 e 14 cedo matizaria. Com efeito, a acumulação de indícios de deslocações importantes, resultando da presença de matérias-primas alóctones, similitudes conceptuais e estilísticas com grupos artísticos distantes e progressiva compreensão da evolução paleoambiental da região viriam a justificar um reforço da prospecção em ambientes topográficos e unidades geomorfológicas distintas, abrindo o caminho para uma percepção global do vasto território do Médio Douro, delimitado por Mazouco, Siega Verde, Côa e Sabor. Nesta estratégia de investigação, a reconstituição paleogeográfica e ambiental precede metodologicamente a análise paletnológica dos grupos de caçadores-recolectores que ocuparam a região. Este programa de investigação visa perceber o ciclo anual de exploração deste território amplo, mas também a sua integração em redes socioculturais mais vastas que se estendem pelo menos desde a Estremadura ao centro da Meseta, como denunciado pela origem das matérias-primas líticas identificadas no Vale do Côa e comparações estilísticas inter-regionais das manifestações gráficas. É no quadro desta abordagem holística que deverá entender-se o carácter estruturante das produções visuais registadas nas rochas como elementos estruturantes destas sociedades pleistocénicas. Sinopses biográficas dos autores: Thierry Aubry trabalha como arqueólogo no Vale do Côa desde as primeiras descobertas na região, aí se dedicando essencialmente ao estudo das comunidades de caçadores-recolectores do Pleistocénico da região. Atualmente exerce as funções de responsável técnico-científico da Fundação. Miguel Almeida criou o Octogroup, um conjunto de empresas CCI's em cujo âmbito presta serviços de consultoria científica em áreas de Arqueociências, Geociências e Engenharia inversa e participa em diversos projectos de investigação fundamental e aplicada dos quais resulta já uma longa lista de publicações, frequentemente multidisciplinares, explorando novas áreas do conhecimento e abordagens inovadoras. André Tomás Santos trabalha como arqueólogo no Vale do Côa desde 2004, onde tem estudado essencialmente a sua arte rupestre de cronologia pleistocénica, tendo em 2017 defendido na Universidade do porto um doutoramento sobre a matéria. |
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