Observando a primeira imagem deste artigo do Jornal Publico (imagem 3D) ficamos com a ideia real do objectivo da intervenção.
A cobertura desenhada pelo arquitecto é mais importante do que as estruturas que lhe deram razão de ser.
Como em tantos outros casos, o ego do arquitecto choca com a modéstia que deve existir quando estamos perante um património de valor excepcional
como este. O problema não é só o ego do autor mas os que lhe dão razão, ou porque seguem pela mesma cartilha, ou porque contribuíram para o desmantelar de vários outros «edifícios» de alto valor cultural como eram o IPPAR, o IPA, o IMC e a DGEMN. Apesar dos seus defeitos estas entidades eram capazes de fornecer não só outra resposta técnica, como reunir mais vozes num saudável contraditório que agora parece não existir não fossem «os de fora».
O que hoje temos são estruturas destroçadas, seguras apenas por ténues fios mantidos a muito custo pelos funcionários que restaram, são elas que,
apesar de tudo, vão dando resposta às missões do Estado que a Lei obriga mas falta tudo, ou quase tudo e por isso também chegamos a estas decisões, depois de anos de indecisões...
Garantir que se preservam estruturas como a Sé e o conjunto de vestígios que falam sobre a sua longa história é um dever, assim como deveria ser um dever não continuar a delapidar a percentagem diminuta de estruturas ou edifícios históricos que nos restam tendo em conta tudo o que já se construiu de obra nova em Portugal nos últimos anos, é só fazer as contas.
Quando se projectam criptas demolidoras, casas de fachada histórica, elevadores nos castelos, passadiços no Pulo do Lobo etc. etc. não se está a
responder às necessidades das populações, está sim a dar-se de bandeja milhares de euros para alimentar os egos dos projectistas, dos autarcas e de outros governantes.
Urge fazer o balanço de tudo isto, dos responsáveis pela descaracterização e pela voragem do território e daquilo que nos resta de biodiversidade,
paisagem e património, algo que, tendo em conta a sua acentuada raridade, obrigará certamente a medidas de protecção muito mais rigorosas.
Por tudo isto não há lugar para nos chamarem fundamentalistas, fundamentalista é o modelo de desenvolvimento que nos impõem.
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