Os trabalhos - escavação arqueológica e obra - no âmbito do “Projeto de Recuperação e Valorização da Sé Patriarcal de Lisboa – 2ª Fase – Instalação do Núcleo Arqueológico e Recuperação do Claustro da Sé de Lisboa” (cofinanciado pela Câmara Municipal) iniciaram-se em 2018. O dono de obra é o Cabido da Sé de Lisboa, sendo a obra dirigida direta e exclusivamente pela DGPC (Direção-Geral do Património Cultural, entidade tutelar da Arqueologia em Portugal). O objetivo do projeto é a valorização e musealização das importantes estruturas arqueológicas identificadas nas escavações (1990 - 2022) realizadas no Claustro da Sé de Lisboa.
Contudo, este projeto (arquitetura e estruturas) revela-se incompatível com a preservação e valorização de algumas das mais importantes estruturas arqueológicas aí conservadas (de período Romano, Islâmico e Medieval Cristão), ameaçadas pela construção de (i) escadas e rampa de acesso entre a cripta arqueológica e o Claustro e de (ii) um piso subterrâneo e respetivos acessos. Para além da afetação das estruturas arqueológicas já colocadas a descoberto, na área sudeste do Claustro, no subsolo, subsiste por escavar cerca de 1m em profundidade, o que colocará a descoberto novas estruturas arqueológicas de época romana e consequentemente, também, a sua destruição.
Assim, o Património Arqueológico conservado sob o Claustro da Sé Catedral de Lisboa, com incalculável valor histórico e patrimonial e elemento fundamental da nossa memória e identidade coletivas, encontra-se em perigo iminente de destruição.
A concentração e cordão humano junto à Sé Catedral de Lisboa (dia 25 de junho, 11h00) –
evento - que aqui se divulga, é uma ação integrada no amplo movimento cívico -
ApoiarSedeLisboa2022 - de defesa da preservação e adequada valorização do património arqueológico da Sé e que se encontra ameaçado pelo projeto em curso, que visa (ou deveria visar) a musealização e valorização desse mesmo património.
Uma vez que a DGPC se tem demonstrado incapaz de encontrar soluções que garantam, simultaneamente, a estabilidade e segurança da Sé de Lisboa e seu Claustro, Monumento Nacional, e a preservação e valorização integral de todo o conjunto arqueológico, igualmente abrangido pela classificação referida, APELAMOS aos arqueólogos (académicos, trabalhadores da Administração Pública Central e Local e em empresas de arqueologia), alunos de Arqueologia, empresas de arqueologia e do património, historiadores (medievalistas e outros), outros académicos, associações de defesa do Património e cidadãos em geral, para participarem na concentração em frente à Sé e na ação simbólica de formar um cordão humano em torno da Sé, no dia 25 de Junho, sábado, pelas 11 horas.
Esta manifestação pública que tem como objetivo a recusa do projeto (versão atual, 2.ª revisão, datada de Setembro-Outubro de 2021) e a exigência de uma nova revisão de projeto que contemple:
- A preservação integral de todas as estruturas que ainda se conservam in situ, medievais (Claustro dionisino), islâmicas (complexo da mesquita aljama de Lisboa) e romanas (estruturas urbanas sob canalizações islâmicas).
- A desistência, de uma vez por todas, da construção do piso -1 sob a ala sul do Claustro dionisino (e respetivos acessos), porque é inútil, tem elevados impactes destrutivos e, principalmente, porque oculta o ímpar conjunto arqueológico, impossibilitando, drasticamente, a visualização de conjunto do edifício monumental islâmico.
- Soluções de estrutura e estabilidade que garantam a estabilidade e segurança da Sé Catedral de Lisboa e o seu Claustro, de elevadíssimo valor patrimonial, e que, simultaneamente, não acarretem mais nenhuma afetação das estruturas arqueológicas e propiciem a sua boa visualização e leitura.
Contamos com a vossa colaboração.
Com os melhores cumprimentos,
A organização,
Cláudia Costa, Regis Barbosa, Raquel Gonzaga, Jacinta Bugalhão, Conceição Lopes, António Marques, Vítor Filipe, Vanessa Filipe, Pedro Braz