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[Archport] Aqueduto subterrâneo de abastecimento de água descoberto em Mangualde

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>, "histport" <histport@uc.pt>, "museum" <museum@ci.uc.pt>, "porras" <pporras@der.ucm.es>
Subject :   [Archport] Aqueduto subterrâneo de abastecimento de água descoberto em Mangualde
From :   <jde@fl.uc.pt>
Date :   Wed, 23 Nov 2022 12:34:05 -0000

No âmbito do Acompanhamento Arqueológico de uma empreitada de requalificação de uma área urbana na cidade de Mangualde, a equipe de arqueologia do Município de Mangualde colocou a descoberto uma caixa de visita, de granito, com uma profundidade de 5 metros, e configurando á superfície uma abertura rectangular com 107 por 75 cm, e que conduz a um aqueduto de abastecimento de águas à então vila de Mangualde, subterrâneo.

O aqueduto desenvolve-se no sentido Oeste / Este. A técnica de abertura do aqueduto alterna entre a escavação directa na rocha e, onde esta seria mais esboroável e menos consistente, entre a construção em alvenaria de granito, colocada a seco. A altura e a largura do aqueduto, variando ao longo dos troços, permite a passagem de uma pessoa – para garantir a necessária manutenção.

Desconhecemos o ponto de captação de água, pese embora haja alguns pontos onde há vestígios que sugerem captação por capilaridade. A água era distribuída – pois a cota da caixa de visita, 5 m, sobe até à superfície nos pontos mais afastados, a jusante -  através de uma rede de fontenários e de tanques (neste caso para rega dos terrenos agrícolas). Foi possível percorremos 162 m da estrutura hidráulica. Nesta fase de estudos, desconhecemos a cronologia de construção, percebendo que o abandono do seu uso se terá verificado entre as décadas de 1960/1970, com a implantação das infraestruturas actuais pela Câmara Municipal de Mangualde.

A estrutura descoberta encaminha-se ao longo da Avenida da Liberdade, via que atravessa na totalidade a actual cidade e que foi aberta em princípios do século XX, integrando a Estrada Nacional 16 (EN 16), e que permitiu a expansão da então vila no sentido Este (Espanha).

A caixa de visita, único ponto visitável, está a ser objecto de musealização para devolver a memória de um passado extinto, através de colocação de um vidro que permite a visualização do coroamento da caixa e o seu desenvolvimento em profundidade, assim como de um totem interpretativo em que um QR code remete para um vídeo das galerias.

 

António Tavares

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