Com a chegada do Inverno,
muitos são aqueles que entram em depressão, contudo convém lembrar, que o
tratamento precoce, para aqueles, que ano após ano sofrem este distúrbio, é uma
boa opção. Neste Artigo: - Quais são os tipos de depressão? A depressão é uma doença extremamente
comum, mas, infelizmente, dois terços dos pacientes afectados não são tratados
adequadamente pois não têm a doença diagnosticada ou não conseguem ajuda
médica. Os sintomas incluem distúrbios do sono, insatisfação com as atividade
diárias, desânimo, dificuldade de concentração e muitos outros. Todo mundo passa por períodos de desânimo.
Os sentimentos de pesar e dor que acompanham estes períodos geralmente são
necessários e transitórios, e podem até mesmo representar uma oportunidade de
crescimento pessoal. Todavia, quando a depressão persiste e começa a prejudicar
a vida diária, isto pode ser o indício de uma doença depressiva, e não somente
um quadro passageiro de melancolia. A gravidade, a duração e a presença de
outros sintomas são os factores que distinguem a tristeza normal de um
distúrbio depressivo. A maioria das pessoas deprimidas não
procura auxílio médico. Nos idosos, devido à relação complexa entre depressão,
medicações e doenças graves, é especialmente importante não deixar de detectar
este distúrbio. Ao contrário do que acontecia no passado, hoje a depressão é
reconhecida como uma doença. Quais são os tipos de depressão? Existem 5 tipos principais de Depressão: Depressão
Maior, Depressão Crónica Leve (ou Distimia), Depressão Atípica, Distúrbio Afectivo
sasonal, Tensão Pré-menstrual e Pesar. Depressão Maior Os pacientes com este tipo de depressão
apresentam pelo menos 5 dos sintomas listados a seguir, por um período não
inferior a duas semanas: 1. Desânimo na maioria dos dias e na maior
parte do dia (em adolescentes e crianças há um predomínio da irritabilidade). Além destes critérios, devem ser observados
outros pontos importantes: os sintomas citados anteriormente não devem estar
associados a episódios maníacos (como na doença bipolar); devem comprometer actividades
importantes (como o trabalho ou os relacionamentos pessoais); não devem ser
causados por drogas, álcool ou qualquer outra substância; e devem ser
diferenciados de sentimentos comuns de tristeza. Geralmente, os episódios de
depressão duram cerca de vinte semanas. Os sintomas da depressão nas crianças podem
ser diferentes daqueles dos adultos, incluindo tristeza persistente,
incapacidade de se divertir com suas actividades favoritas, irritabilidade
acentuada, queixas frequentes de problemas como dores de cabeça e cólicas
abdominais, mau desempenho escolar, desânimo, concentração ruim ou alterações
nos padrões de sono e de alimentação. Depressão Crónica
(Distimia) A depressão crónica leve, ou Distimia,
caracteriza-se por vários sintomas também presentes na Depressão Maior, mas
eles são menos intensos e duram muito mais tempo – pelo menos 2 anos. Os
sintomas são descritos como uma "leve tristeza" que se estende na
maioria das actividades. Em geral, não se observa distúrbios no
apetite ou no desejo sexual, mania, agitação ou comportamento sedentário.
Pensamentos suicidas não são comuns. Talvez devido à duração dos sintomas, os
pacientes com depressão crónica não apresentam grandes alterações no humor ou
nas actividades diárias, apesar de se sentirem mais desanimados e pessimistas.
Os pacientes crónicos podem sofrer episódios de Depressão Maior (estes casos
são conhecidos como depressão dupla). Depressão Atípica As pessoas com esta variedade geralmente
comem demais, dormem muito, sentem-se muito enfadadas e apresentam um
sentimento forte de rejeição. Distúrbio Afectivo sasonal
(DAS) Este distúrbio caracteriza-se por episódios
anuais de depressão durante o Outono e no inverno, que podem desaparecer na
primavera ou no verão – quando então tendem a apresentar uma fase
maníaca. Outros sintomas incluem fadiga, tendência a
comer muito doce e dormir demais no inverno, mas uma minoria come menos do que
o costume e sofre de insónia. Tensão Pré-menstrual
(TPM) Há depressão acentuada, irritabilidade e
tensão antes da menstruação. Afeta entre 3% e 8% das mulheres em idade fértil.
O diagnóstico baseia-se na presença de pelo menos 5 dos sintomas descritos no
tópico Depressão Maior na maioria dos ciclos menstruais, havendo uma piora dos
sintomas cerca de uma semana antes da chegada do fluxo menstrual, melhorando
logo após a passagem da menstruação. Pesar Os sintomas de Pesar e da depressão possuem
muito em comum. Na verdade, pode ser difícil diferenciá-los. O Pesar, contudo,
é considerado uma reposta emocional saudável e importante quando se lida com
perdas. Normalmente é limitado. Nas pessoas sem outros distúrbios
emocionais, o sentimento de aflição dura entre três e seis meses. A pessoa
passa por uma sucessão de emoções que incluem choque e negação, solidão,
desespero, alienação social e raiva. O período de recuperação consome outros
3-6 meses. Após esse tempo, se o sentimento de pesar ainda é muito intenso, ele
pode afectar a saúde da pessoa ou predispô-la ao desenvolvimento de uma
depressão propriamente dita. Quais são as causas da depressão? Factores Psico-sociais As pessoas que já experimentaram períodos
de depressão relatam um acontecimento stressante como o factor precipitante da
doença. A perda recente de uma pessoa amada é o fato mais citado, mas todas as
grandes perdas (e mesmo as pequenas) causam um certo pesar. Acontecimentos traumáticos, como a perda
súbita de um ente querido, ou mesmo eventos naturais como enchentes, podem
causar uma depressão imediata, sendo necessário um longo período de
recuperação. A maioria das pessoas supera este estado sem se tornar
cronicamente deprimida. Alguns factores genéticos ou biológicos podem explicar
a maior vulnerabilidade de certas pessoas. A existência ou a ausência de uma
forte malha social ou familiar também influenciam – positiva ou
negativamente – na recuperação. Factores Biológicos Alterações nos níveis de neurotransmissores
relacionam-se à susceptibilidade para depressão. Algumas hormonas também podem
ter um papel importante – ainda que isto não esteja muito claro. Ainda,
atrofias em certas áreas do cérebro (particularmente no lobo pré-frontal)
responsáveis pelo controle das emoções e produção de serotonina são
responsáveis por distúrbios depressivos importantes. Outras possíveis causas
de depressão: excesso de outras medicações Existem factores de risco para depressão? Sim, existem. Qualquer pessoa que já passou
por um episódio de Depressão Maior possui uma chance de 50% de apresentar outro
episódio – podendo acumular 4 a 5 episódios por toda a vida. Algumas
pessoas apresentam crises depressivas recorrentes separados por vários anos de
sanidade mental. Outras passam por crises repetidas separadas por breves
períodos normais. Infelizmente, cerca de 35% das pessoas apresentam uma
depressão crónica que nunca desaparece, nem mesmo com o tratamento adequado. O problema parece estar crescendo. Neste
século, cada geração teve mais episódios de depressão que a anterior, e cada
vez em idade mais tenra. Mulheres A correspondência de casos de depressão
entre mulheres e homens é de 2:1. Não se sabe exactamente porquê isto ocorre
– hereditariedade, desequilíbrios hormonais, maneira de lidar com as
próprias emoções, maior facilidade em diagnosticar depressão em mulheres, pior
situação sócio-económica, abuso físico e sexual, etc. Estima-se que uma em cada 4 mulheres
apresentará um episódio de depressão ao longo de sua vida. A maioria das
mulheres deprimidas encontra-se entre 25 e 40 anos, é casada e tem filhos para
criar. A depressão é mais comum nos dois extremos sócio-económicos e naquelas
que fazem uso abusivo de medicamentos. Crianças Acontecimentos desagradáveis na escola ou em
casa podem desencadear uma crise depressiva, esta, porém, quando dura mais de
duas semanas, torna-se preocupante. Crianças deprimidas tornam-se irritadiças,
cansadas ou ansiosas. Podem perder o interesse em suas actividades habituais,
recusar a ir para a escola ou se auto-agredir (batendo a cabeça contra a
parede, por exemplo). Até mesmo crianças de 5 ou 6 anos de idade podem tentar o
suicídio. Em geral, a depressão dura cerca de 7
meses, e as dances da criança vir a apresentar um novo período depressivo são
grandes. A consulta médica é imprescindível para se confirmar o diagnóstico de
depressão e, principalmente, excluir a possibilidade de outras doenças. Algumas crianças e adolescentes podem
necessitar de medicamentos anti-depressivos, mas os remédios devem ser
utilizados como parte de um tratamento que inclua acompanhamento de psicoterapia.
Entretanto, ainda existe muita controvérsia quanto ao uso de anti-depressivos
nesta faixa etária. Em geral, os anti-depressivos tricíclicos são a primeira
escolha, pois seus efeitos já são bastante conhecidos. A principal preocupação
com seu uso é o risco de morte, principalmente decorrente de problemas
cardíacos, e jovens hiperactivos. Adolescentes Muitas pessoas experimentam sua primeira
grande crise de depressão durante a adolescência, ainda que não o saibam. Comummente
ocorre entre os 15 e 19 anos de idade e o suicídio é sempre uma preocupação
nesse grupo. Pode manifestar-se como baixa auto-estima, consumo de drogas e/ou
abuso de álcool, abandono da escola, problemas com a autoridade, comportamento
anti-social, pessimista, supersensível, pouco cooperativo ou agressivo. Uma vez
que estes padrões de atitude são, até certo ponto, considerados normais por nós
em um adolescente, não é de se espantar que muitos casos de depressão neste
grupo permaneçam não-diagnosticados e sem tratamento adequado.
Idosos Este é outro grupo onde a depressão é mal
interpretada. Estima-se que cerca de 20% das pessoas acima de 65 anos de idade
apresentem distúrbios depressivos. Na verdade, a depressão é 4 vezes mais comum
nesta faixa etária que na população em geral, e o risco de suicídio para
pessoas com mais de 65 anos é 15 vezes maior. A depressão não faz parte do
envelhecimento, apesar de se acreditar justamente o contrário. Uma vez que esta
doença causa dificuldade de concentração, indiferença, problemas de memória e
desorientação, frequentemente ela não é percebida, sendo confundida com
senilidade. Cerca de 12% dos idosos com diagnóstico de demência na verdade
estão deprimidos (associações entre demência e depressão também são possíveis). Além disso, muitas das doenças que acometem
os idosos podem se manifestar como depressão: doença de Parkinson, doença de
Cushing, doenças da tireóide, doenças pulmonares, deficiências de vitaminas,
câncer e derrame. Uma vez que o metabolismo diminui com a idade, geralmente os
idosos necessitam de uma dose menor de antidepressores para obter uma boa
resposta. Qual a gravidade da depressão? A preocupação com o suicídio ou ameaça de
suicídio, especialmente vinda de alguém sabidamente infeliz ou que tenha
sofrido uma perda recente, deve ser considerada séria. Estima-se que a depressão contribua para
cerca de 50% de todos os suicídios e é uma causa importante de morte entre jovens.
Na velhice, os homens respondem por cerca de 80% dos casos de suicídio –
o maior risco encontra-se entre os divorciados ou viúvos. A depressão exerce um efeito importante na
piora de várias doenças e pode até mesmo predispor a pessoa a outros males.
Estudos recentes indicam que a depressão pode influenciar aspectos do sistema
imune, coagulação sanguínea, pressão arterial, vasos sanguíneos e ritmo
cardíaco - em alguns casos, até mesmo prejudica a resposta aos medicamentos
utilizados para controlar uma doença cardíaca. A saúde dos idosos deprimidos
que são hospitalizados tende a piorar, e sua recuperação é mais lenta. Existe uma forte associação entre depressão
e aumento na incidência e na gravidade de derrames e ataques cardíacos. A
depressão aumenta a autocrítica e diminui o desejo sexual, além de ter um
efeito direito sobre o sistema nervoso, podendo acarretar problemas de erecção.
Por outro lado, disfunções erécteis podem causar depressão, e as duas condições
podem terminar perpetuando-se. A pessoa deprimida possui um maior risco de
alcoolismo, tabagismo e abuso de outras drogas. A despeito da eficácia do tratamento, mais
de dois terços das pessoas com depressão não serão tratados. Mesmo nos EUA,
pesquisas indicam que apenas 3% dos idosos com depressão estejam sendo
adequadamente tratados. Imagine no Brasil... Algumas vezes, o distúrbio é sério o
suficiente para necessitar hospitalização, mas na maioria dos casos o
tratamento pode ser realizado no consultório ou ambulatório. Psiquiatras são
médicos e são os únicos que podem prescrever medicamentos, mas muitos
Psicólogos possuem acordos com psiquiatras para medicar seus pacientes. A confiança do paciente em seu médico ou
psicólogo é o componente mais importante do tratamento. Não se sinta embaraçado
em dizer ao seu analista que você não se sente à vontade com ele, e troque de
profissional se não se sentir confiante. A maioria dos adultos necessita de anti-depressivos
e psicoterapia – estes variam de caso para caso. Nos casos que não
conseguem sucesso com esta abordagem, a terapia é uma boa opção. Crianças e adolescentes respondem melhor a
psicoterapia que ao uso de remédios. Quando se necessita lançar mão de uma
droga, os inibidores selectivos de recaptação de serotonina (ISRS) são os mais
indicados. Os medicamentos são mantidos inicialmente por 6 meses, quando se
inicia a fase de manutenção, que pode durar um ano ou mais. Em idosos, se dá preferência ao uso de
ISRS, pois seus efeitos colaterais são menos intensos que aqueles dos
tricíclicos. Contudo, devido aos benefícios ainda modestos destes medicamentos
e o risco de queda, os especialistas recomendam psicoterapia para os casos
leves e moderados. Idosos com depressão grave respondem melhor ao uso de anti-depressivos
tricíclicos – mas estes devem ser usados com cautela devido ao risco de
doença cardíaca e outros efeitos indesejáveis. Copyright © 2009 Bibliomed,
Inc. Dezembro de 2009 Isabel Maria Paiva dos Reis Assistente Técnico Departamento Académico APOIO TÉCNICO-PEDAGÓGICO A ESTUDANTES DEFICIENTES DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA Tel 239857000 |
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