Acusação
Nova lei ameaça 300 postos de trabalho para
deficientes
por PATRÍCIA
JESUS Hoje Limite de cinco anos para apoio do Estado vai causar o
fecho dos centros de emprego protegido, garante Comissão
Aurélio Carvalho tem 37 anos e uma
deficiência mental ligeira. Por isso, quando chegou a altura de sair da Cerci,
há 19 anos, contou com o apoio da Elo Social para arranjar trabalho num centro
de emprego protegido (CEP). De manhã, acompanha as carrinhas da câmara, no
transporte de pessoas com deficiências físicas, e à tarde ajuda a desmanchar
mobília e reparar estofos. Trabalhos a que se foi adaptando, apesar das suas
dificuldades. "Se não estivesse aqui nem sei o que podia fazer", diz. Mas
segundo a Comissão dos CEP pode ter de começar a pensar nisso. É que Aurélio é
um das 300 pessoas com incapacidades em risco de ficar desempregadas devido à
nova lei. Em causa está o DL 290/2009, que
introduz um limite de cinco anos (podendo ser estendido por outros cinco) para
os apoios concedidos pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP)
aos trabalhadores com deficiência. Um limite que põe em risco a sobrevivência
dos CEP, argumenta António Martins, responsável pelo Centro da Elo Social, em
Lisboa, e representante da Comissão. "Temos pessoas que estão aqui e recebem
apoios há 10, 20 anos. Conquistaram este trabalho, apesar das suas limitações, e
merecem mantê-lo" - o que não será possível sem o apoio do IEFP,
diz. Aurélio, por exemplo, é apoiado há
19 anos: o IEFP paga parte do seu salário, de forma a compensar adiminuição na
produtividade causada pela sua deficiência. Ou seja, como o seu grau de
produtividade ronda os 40%, o IEFP paga um subsídio correspondente aos outros
60%. Para Aurélio, que vive com a mãe de 78 anos, o salário que recebe no Centro
é fundamental para conseguir sobreviver. No total, estes subsídios
representam até 32% das receitas dos CEP. Estes centros, geridos por
instituições de solidariedade, funcionam como empresas, edando trabalho a
pessoas com deficiência mental ligeira ou moderada em actividades como
carpintaria ou jardinagem. "São adultos com um défice cognitivo que se traduz em
dificuldades de compreensão e de obtenção de conhecimentos, com alterações de
comportamento associadas. Têm de ter uma produtividade equivalente a pelo menos
um terço de outro trabalhador, mas é muito difícil conseguirem emprego", explica
António Martins. Apesar de tudo, os centros conseguem colocar no mercado normal
16% dos formados, assegura. "Nos 11 CEP que existem pelo País,
sem contar com os dois tutelados pelo IEFP, trabalham cerca de 300 pessoas com
deficiência e outras 75 em equipas de enquadramento", diz. O CEP da Arcil, na
Lousã, por exemplo, tem cerca de 70 pessoas e é um dos maiores empregadores do
concelho. O da Elo Social emprega 28 pessoas com deficiência e sete
encarregados. Por outro lado, a Comissão argumenta que o acabar deste apoio ao
fim de cinco anos vai custar mais dinheiro ao Estado. Isto porque os gastos com
os subsídios, estimados em 869 mil euros por ano, são equivalentes aos encargos
das pensões sociais, já que estas pessoas vão ficar no desemprego e terminado
esse apoio vão precisar de outros para sobreviver, diz António Martins.
Questionado pelo DN, o Ministério do
Trabalho e da Solidariedade garante que "o Governo é sensível à questão" e está
"a analisar a forma como a mesma ficará prevista na regulamentação" do
decreto-lei. Universidade de Coimbra ?
Administração Departamento Académico ?
Divisão Técnico-Pedagógica Apoio Técnico-Pedagógico a
Estudantes Deficientes Palácio dos
Grilos ? Rua da Ilha | 3000-214 COIMBRA ? PORTUGAL Tel.: +351 239
857 000 (Ext. 395) | Fax: +351 239 857 012 E-mail: mcorreia@ci.uc.pt www.uc.pt/depacad/atped | www.uc.pt/administracao Este e-mail
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