Estado não ajuda a única oficina de bengalas para cegosAssociação Promotora de Ensino de Cegos auxilia sozinha invisuais de todo o
país
00h30mCRISTIANO PEREIRA
A única oficina de bengalas para invisuais de Portugal funciona nas traseiras da Associação Promotora do Ensino de Cegos, em Campo de Ourique, Lisboa. Fabricam bengalas para todo o país enquanto a Associação luta com falta de apoios. Até há uns anos, as pessoas com deficiência visual eram obrigadas a comprar bengalas importadas do estrangeiro e a preços pouco simpáticos, quase proibitivos. Hoje, uma dessas bengalas custa cerca de 50 euros. Todavia, já há quem as faça em Portugal e a um preço de venda bem mais acessível: 15 euros. É das mãos de Álvaro Ribeiro, um amblíope, que nascem grande parte das bengalas "made in Portugal". "Começa-se por partir um tubo grande", explicou ao JN, "e depois é ir fazendo", disse, algo vago, justificando que "é mais fácil fazer que explicar". Na verdade, Álvaro Ribeiro parecia mais interessado em debitar piadas futebolísticas sobre o seu Benfica mas lá foi dizendo que uma bengala "demora cerca de uma hora a fazer se tudo correr bem". A maior dificuldade do seu ofício, asseverou, "é trabalhar à segunda-feira". Dois cegos também trabalham com Álvaro mas só Álvaro é que dominava as máquinas. "Esta aqui chama-se Touro e é para laminar à maneira", informou-nos. "Aquela ali", apontou, "é uma máquina de abutelhar". "As bengalas que são produzidas aqui também podem ser aqui reparadas", apontou, por seu turno, Vítor Graça, da direcção da Associação Promotora de Ensino de Cegos. O responsável disse que recebem "encomendas de bengalas do país inteiro" e depois enviam à cobrança. As bengalas, articuladas, de vários tubos (normalmente seis), são feitas de alumínio com um fio elástico no interior. A Associação Promotora de Ensino de Cegos tem mais de 120 anos de história e tem desenvolvido actividades regulares como cursos de leitura e escrita em Braille ou workshops sobre como usar a bengala. Isto entre outras valências. Todavia, o responsável da Associação teceu críticas à falta de apoios do Estado que "se esquece que estas instituições prestam um serviço à sociedade que cabia ao Estado fazer mas não faz". Vítor Graça criticou ainda o facto de nunca ter sido feito um levantamento para apurar o número certo de cegos em Portugal. "Os únicos dados que existem são os do Censos de 2001 e que foram mal feitos", apontou. Neste sentido, o responsável da Associação disse calcular que existem cerca de 40 mil cegos em território nacional, sendo que uma parte significativa diz respeito a pessoas que cegaram a partir dos 50 anos devido a diabetes ou outras doenças. Vítor Graça alertou para o perigo de muitos desses cegos estarem fechados em casa. Um dos colaboradores da Associação é Rogério Silva, também ele com deficiência visual, mas que tem desempenhado papel fundamental para facilitar a vida a cegos e amblíopes que pretendam usar telemóveis, de forma a que, por exemplo, as pessoas não paguem para ter o telefone adaptado. |
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