[Atped] Diário de Coimbra - Semana Cultural reinventa uma

[luís barata <lbarata@ci.uc.pt>]

Iniciativa constitui um dos maiores eventos culturais de Coimbra e reúne, até 6 de Março, bem mais de uma centena de propostas nas mais diversas áreas artísticas
Abre hoje a XIII Semana Cultural da Universidade de Coimbra (UC). Um dia marcante, porque se celebra o 721.o aniversário da UC. Mais ainda porque muda toda a equipa reitoral. Seabra Santos passa a pasta a João Gabriel Silva, mas não sem antes dar o pontapé de saída para seis dias dedicados às mais diversas formas de arte. Elencar todos os espectáculos seria difícil, dada a quantidade e, diz a organização, qualidade. Alguns, porém, pela sua grandeza, merecerão especial atenção. A coreógrafa catalã Marta Carrasco é um dos exemplos. Por vários motivos: porque hoje apresenta, no Teatro Académico Gil Vivente (TAGV), o espectáculo de dança de aniversário da UC, porque é o único espectáculo que não é produção nacional, mas também porque está em causa uma carreira com mais de 20 prémios recebidos ao longo dos últimos 15 anos.
Com Marta Carrasco, sobe ao palco ?Blanc d?Ombra. Recordant Camille Claudel?. Se dúvidas houvesse quanto à qualidade deste espectáculo de dança contemporânea, a Escola da Noite, que o promove, desfá-las: «a crítica dispensou-lhe os maiores elogios». E cita Pablo Ley, do jornal espanhol El País: «Todo o público celebrou de pé a es-
treia do seu esplêndido ?Blanc d?Ombra?. Dança ou teatro, a definição é indiferente, quando o resultado é de extrema qualidade». Já a UC define o espectáculo como «uma homenagem ao carácter, força e valentia daquela escultora francesa (Camille Claudel)».
A dança contemporânea de Marta Carrasco é, porém, apenas uma das mais de uma centena de propostas da Semana Cultural. «É uma das intervenções de maior cultura que se faz anualmente na nossa cidade», descreve o ainda reitor Seabra Santos.
?Reinventar a cidade? assume-se como o mote para esta 13.ª edição. Reinventar porque «há um lugar para esta entidade (a UC) que não é constituída só pelo espaço físico, mas por uma comunidade urbana», diz José António Bandeirinha, pró-reitor para a Cultura, também ele de saída hoje da equipa reitoral, falando numa cidade que «tem cultura própria» e, mais do que isso, «identidade própria».
«Pretende-se dizer e afirmar que a produção cultural desta cidade podia ser afirmada em qualquer outro local do mundo», diz ainda Bandeirinha, lembrando, a propósito, que grande parte da arte que a partir de hoje é dada a conhecer tem o seu berço na cidade do Mondego.

 

Projecto une
UC a toda a cidade
O ciclo que hoje se abre reúne as propostas das estruturas internas da UC ? o que, segundo José António Bandeirinha, demonstra a «dinâmica» da universidade ? e todo um vasto leque de agentes culturais da cidade que se associam, apresentando os chamados eventos externos. Outra cooperação não seria de esperar, tendo em conta que, justifica Seabra Santos, «numa conjuntura como é a nossa, o papel da universidade e da cidade é complementar e indissociável». E constata que existem cada vez mais à volta desta organização «várias entidades da nossa cidade», que promovem mais e mais iniciativas «em várias áreas autónomas de intervenção cultural», desde as artes plásticas ao cinema, passando pelos colóquios, desporto, workshops e muito mais. A própria Câmara de Coimbra é uma das naturais associadas, assim como o é a Direcção Regional de Cultura do Centro e a Escola da Noite, esta última responsável pela coordenação dos eventos externos.
O espectáculo de Marta Carrasco assume-se talvez como um dos de maior relevo, mas a Escola da Noite destaca muitas outras iniciativas que integram este bloco denominado de ?A criação artística n(est)a cidade?. Desde logo a inauguração, hoje também, às 19h00, na Casa da Escrita, da exposição ?João Mendes Ribeiro: reinventar (3) edifícios?, criada propositadamente para esta Semana Cultural e que reúne materiais sobre três obras emblemáticas deste arquitecto e cenógrafo conimbricence: as recuperações artísticas de três edifícios ? Centro de Artes Visuais, Casa das Caldeiras e Casa da Escrita ? para a função artística. Espaços que, de resto, até 6 de Março, acolhem, juntamente com outros de grande importância, os vários eventos da Semana Cultural.
Mas há também, destaca a Escola da Noite, «espectáculos, exposições e outras iniciativas, de cerca de 20 dos mais significativos criadores e estruturas de criação artística que trabalham profissionalmente a partir de Coimbra, nas diversas áreas artísticas ? artes plásticas, fotografia, teatro, arquitectura, design, música e cinema», que podem ser acompanhados e conhecidos através de um blog em permanente actualização (http:// acriacaoartisticanestacidade. wordpress.com/).
Palavra de ordem em todo este projecto da UC é, de resto, criação de Coimbra ou a partir de Coimbra.

 

?tarefa é enorme?
João Gabriel explica maior número de vice-reitores
O catedrático e antigo dirigente ecologista João Gabriel Silva é hoje investido como reitor da Universidade de Coimbra (UC), propondo-se responder aos desafios da instituição em «tempos de globalização».
«É uma enorme honra poder servir a Universidade no cargo de reitor, uma tarefa que espero conseguir executar condignamente e ajudar a promover a Universidade como é necessário nestes tempos de globalização que põem desafios novos», declarou João Gabriel Silva à agência Lusa.
O novo reitor da UC sucede a Fernando Seabra Santos, que desempenhou as funções em dois mandatos consecutivos, nos últimos oito anos.
Sobre a nova equipa reitoral, que aumenta de três para oito vice-reitores, João Gabriel observa que «a tarefa é enorme, os desafios são verdadeiramente grandes e, portanto, é preciso uma equipa com os braços necessários para se conseguir responder a essa tarefa. Tinha que ser uma equipa mais numerosa do que é habitual», afirmou.

Luís Barata
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