Sinopse:
«A História da colina de S. Roque, no centro de Lisboa, tem dois momentos fundamentais. O primeiro, do qual temos conhecimento pela atividade arqueológica, é o estabelecimento das primeiras ocupações humanas, protagonizada por uma população neolítica. O segundo momento é a primeira expansão planificada da urbe para fora da Cerca Fernandina, promovida por D. Manuel I, no início do século XVI. A presente [conferência] refere-se essencialmente ao momento neolítico através dos contextos identificados no decorrer dos trabalhos de escavação em área no Palácio Ludovice ao longo de 2018 e 2019. Com origem no final do século XV (CARITA, 1999), o Bairro Alto de hoje é, no essencial, o mesmo que antes de 1 de novembro de 1755, quando o Grande Terramoto reduziu a escombros a cidade intramuros. Anos antes, em 1747, foi construído o Palácio Ludovice, numa segunda fase de expansão para Norte da Travessa da Queimada, o limite setentrional da então designada Vila Nova de Andrade. Esta expansão foi promovida pela aristocracia, motivada em grande parte pela instalação da Companhia de Jesus na Igreja de São Roque a partir de 1553. Pioneiro no que toca a técnicas de construção depois apelidadas de pombalinas, segundo um traço de definiria o Barroco tardio lisboeta, o arquiteto de origem suábia João Frederico Ludovice projetou este edifício como precursor de um Bairro Alto que passou de estar virado para as suas próprias ruas e travessas, a estar voltado para a cidade, do alto de S. Pedro de Alcântara. Após 1755, fracionamentos e remodelações do edifício deram lugar a arrendamento popular e instalação de diversos estabelecimentos comerciais, industriais e hoteleiros. Depois de ter servido de Quartel Geral da Polícia e sede de companhias, do Instituto Português de Cinema e, mais recentemente, do Instituto do Vinho do Porto, o Palácio Ludovice será convertido numa unidade hoteleira. Foi deste mais recente projecto de conversão e reabilitação que resultou a necessidade de escavação arqueológica integral dos depósitos do subsolo do edifício para dar lugar aos pisos subterrâneos da futura unidade. A presente [conferência] destina-se a dar conhecimento, necessariamente sumário, das preexistências que foram identificadas, valorizando a sua importância no contexto da Arqueologia Pré-histórica da cidade de Lisboa.»
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