«Se folhearmos um bom livro de medicina da primeira metade do século XVIII e compararmos com outro da segunda metade do século XIX, o que salta primeiro à vista não é propriamente a diferença de conhecimentos, mas sim o facto de se encontrarem escritos com linguagens diferentes. Aqui, «o passado» é mesmo «um país estrangeiro» [L. P. Hartley, The Go-Between (1953)]. Se aplicamos a mesma comparação entre o mesmo livro oitocentista e um livro médico de meados do século XX ou mesmo do século XXI, os problemas serão outros, os conhecimentos acumulados também, mas a diferença na linguagem é muito reduzida. A medicina atual e a dos finais do século XIX partilham, no essencial, o mesmo núcleo teórico. O que aconteceu na teoria e na prática médicas ao longo do século XIX? O que aconteceu na sociedade europeia nesse período que permitiu essa mudança, não apenas no léxico, mas na própria gramática da medicina? A Revolução Francesa e o Liberalismo tiveram algum papel neste processo? Qual o papel dos médicos que também se tornaram cirurgiões? E o que aconteceu nas enfermarias e morgues dos hospitais? E os laboratórios, quando se tornaram relevantes para a teoria e a prática médicas? Quando é que a medicina recorreu com sucesso às ciências físicas e químicas? Estas são as principais questões que vamos procurar abordar nesta conferência..
José Pedro Sousa Dias (CIÊNCIA ID: CF12-2567-85A4) é Professor Associado na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, onde é atualmente responsável pela disciplina de História da Farmácia e da Terapêutica. Entre 2012 e 2019 foi diretor do Museu Nacional de História Natural e da Ciência/Museus da Universidade de
Lisboa. Licenciado (1981) e doutorado (1991) em Farmácia pela Universidade de Lisboa. Tem centrado o seu percurso como investigador na História das Ciências da Saúde. É membro integrado do grupo de investigação Ciência: Estudos em História e Filosofia da Cultura Científica (CEHFCi-UE) do Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH-UNL), tendo como atuais interesses de investigação, a história contemporânea das ciências biomédicas em Portugal, os aspetos científicos e sociais da história do medicamento nos séculos XVII e XVIII e a história da medicina e da farmácia na expansão e colonização portuguesa (séculos XVI a XVIII). Publicou recentemente o livro Homens e Medicamentos. História da Farmácia e da Terapêutica. Lisboa: Caleidoscópio, 2022..».
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Ana Cristina Martins, Ph.D
Institute of Contemporary History, University of Évora / IN2PAST — Associate Laboratory for Research and Innovation in Heritage, Arts, Sustainability and Territory
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