Esta iniciativa pretende identificar e discutir as diferentes funções que o Castelo desempenhou desde a sua fundação até aos dias de hoje. De primitiva construção defensiva-militar, foi local de residência de reis e da Corte, e de elites da cidade, albergando numa das suas torres o arquivo da Coroa. Múltiplas terão sido as festas, receções e comemorações solenes realizadas no seu espaço, juntando gentes de muitas partes do Mundo. Ao longo dos tempos, a fisionomia do Castelo tem sido alterada, em prol de imperativos militares, políticos e culturais, transformando a sua imagem no interior e para o exterior. Hoje, como ontem, o Castelo continua a ter muitos usos. O desafio que propomos é conhecê-los melhor.
Os mais importantes diplomas emanados e recebidos pelos reis portugueses, assim como outros documentos relativos à administração do Reino e da Coroa, terão sido guardados numa das torres do Castelo de São Jorge desde, pelo menos, o ano de 1378 até ao terramoto de 1755. O arquivo da Coroa conheceria no Castelo o seu primeiro lugar fixo, onde guardas-mores e demais funcionários se atarefavam a transcrever para os seus livros documentos régios e outras determinações com impacto na vida do Reino, assim como a conservar, em caixas e armários, papéis vindos de diversas partes do Mundo; do mesmo modo, copiavam-se novos documentos que partiriam, de seguida, por terra ou por mar.
O colóquio pretende explorar o Castelo de São Jorge como arquivo régio e da Coroa e encontra-se integrado na iniciativa “Os usos do Castelo: Produção textual e Arquivo documental”. Considerando cerca de quatro séculos de história, procurar-se-á refletir sobre o espaço físico que albergou a documentação preservada, e a forma de organização deste arquivo, assim como os intervenientes que nele trabalharam. Pensar-se-á em que medida foi um espaço de intensa atividade de escrita, promovendo uma intensa troca de informação política, diplomática, social e cultural com o mundo conhecido. O Castelo não foi apenas o arquivo de um Reino, foi também o arquivo das terras de além-mar.