In memoriam de Maria Luísa Estácio da Veiga da Silva Pereira Nascida em Lisboa a 20 de Fevereiro de 1942, bisneta de Estácio da Veiga, o grande impulsionador da arqueologia do Algarve, Maria Luísa Estácio da Veiga da Silva Pereira Affonso dos Santos recebeu, de certo modo, a herança de continuar a obra de dar a conhecer os vestígios arqueológicos da província onde seu bisavô nascera (Tavira, 6 de Maio de 1828) e pelo prestígio da qual tanto lutara, até porque dele herdara muita documentação. Assim, preparou com D. Fernando de Almeida a sua tese de licenciatura, que viria a ser publicada, em 1971 e 1972 (dois volumes), pela Associação dos Arqueólogos Portugueses, Arqueologia Romana do Algarve, obra que é, ainda hoje, de consulta obrigatória. Tendo ingressado no quadro dos técnicos superiores do Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia, como conservadora, continuou a estudar parte do espólio de seu bisavô que aí continuava depositado e que ainda não fora dado a conhecer por completo. Estácio da Veiga sonhara com um ‘Museu do Algarve’, ideia que não logrou concretizar, como Maria Luísa salientou quer em «O Museu Archeologico do Algarve (1880-1881) – Subsídios para o estudo da museologia em Portugal no século XIX», Anais do Município de Faro 9 1979 159-284, quer na evocação «Estácio da Veiga – Cientista algarvio – Pioneiro da Arqueologia em Portugal», publicada pela Casa do Algarve, Lisboa, 1985 (XVII vol. dos Estudos Algarvios). Pode, aliás, ver-se algo mais acerca dessas diligências de Estácio da Veiga no artigo «Documentos para a história do Museu Nacional de Arqueologia – Aquisição da colecção de Estácio da Veiga», O Arqueólogo Português IV série 22 2004 491-513. No âmbito da actividade de Luísa Estácio da Veiga no Museu Nacional de Arqueologia podem inserir-se os seguintes trabalhos: – «Actividades do Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia», O Arqueólogo Português 3ª série 7-9 1974-1977 6-29 (de colab. com Manuel Maia, Maria Amélia Horta Pereira, Elisabete Cabral e Maria Luísa Abreu Nunes – justamente integrantes do grupo dos primeiros arqueólogos ‘nascidos’ da leccionação de D. Fernando de Almeida); – «Marcas de oleiros algarvios do período romano», O Arqueólogo Português 3ª série 7-9 1974-1977 243-268; – «Alguns aspectos da arqueologia romana do Algarve», Anais do Município de Faro 6 1976 161-203; – «Instrumentos cirúrgicos de Balsa (Quinta de Torre de Ares)», Conimbriga 29 1990 107-127. Chegou a pensar seriamente em preparar tese de doutoramento sobre Balsa, de certa maneira em homenagem à terra natal de seu bisavô, Tavira. Recolheu muita documentação para esse efeito, mas o falecimento de seu marido em Abril de 1998 e, por outro lado, o facto de essa época ter correspondido a renovado interesse pelo estudo dessa cidade romana, alvo da atenção de vários arqueólogos, acabaram por a fazer desistir do plano que acalentara. Deixa-nos agora, aos 81 anos. E se muitos dos seus sonhos acabaram por não se concretizar, o seu legado manter-se-á vivo entre todos os que mais ou menos de perto acompanharam o seu percurso. Que descanse em paz! A seus filhos – Leonor, Mafalda e Filipe – e demais família renovamos os votos de mui sentidos pêsames. O seu corpo está em câmara ardente na Basílica da Estrela, hoje, domingo, 30. Amanhã, 1 de Maio, será aí rezada missa de corpo presente a partir das 12:30h, seguindo depois para o cemitério do Alto de S. João, onde Maria Luísa Estácio da Veiga da Silva Pereira Affonso dos Santos será sepultada. José d’Encarnação |
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