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[Museum] O que é o desejo? Saiba mais no próximo dia 18!

To :   "histport" <histport@uc.pt>, "museum" <museum@ci.uc.pt>, "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Museum] O que é o desejo? Saiba mais no próximo dia 18!
From :   <jde@fl.uc.pt>
Date :   Thu, 28 Oct 2021 19:02:38 +0100

SPAE - Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia -Porto
CONFERÊNCIA POR ZOOM

Link de acesso:  https://videoconf-colibri.zoom.us/j/84795876586

Gratuita e aberta a todos/as os/as interessados/as

18 DE NOVEMBRO DE 2021 - 21 H.

TEMA: EM QUE CONSISTE O DESEJO HUMANO ?

Por Vítor Oliveira Jorge 
IHC-FCSH- UNL / SPAE

Imagem (detalhe da pintura) do domínio público, retirada da wikipédia: https://en.wikipedia.org/.../Venus,_Cupid,_Folly_and_Time...
Public Domain
Autor: Angelo Bronzino 
Created: between 1540 and 1545
Localização do quadro: National Gallery, Londres.

Nota: esta conferência substitui a anunciada palestra (para este dia e hora) do nosso sócio honorário, escritor Jose Viale Moutinho, que, por motivos de força maior da sua vida pessoal, não a pode apresentar agora, mas esperamos que a possa oferecer-nos em 2022, presencialmente, no Porto.

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EM QUE CONSISTE O DESEJO HUMANO?

O título desta conferência inclui, deliberadamente, para efeitos de divulgação, um pleonasmo. Na verdade, o desejo é algo de exclusivo do ser humano; os animais são dotados de instinto, são movidos pelo instinto, e não pelas pulsões e pelo desejo. Esse foi um dos contributos decisivos de Freud, o criador da psicanálise e o inventor do inconsciente, nos inícios do século XX, cuja prática e teorização foram depois aprofundadas por numerosos autores, numerosos psicanalistas, entre os quais avulta o nome de Jacques Lacan. A psicanálise é uma prática clínica e um saber que têm o máximo expoente em Lacan e seus continuadores, desde logo o seu genro, Jacques-Alain Miller, seu testamentário intelectual, que tem vindo a prestar um serviço imenso à humanidade publicando os seminários de Lacan, que não ficaram escritos por este. O VI desses seminários, datando de 1958 e 1959, chama-se precisamente “O Desejo e a sua Interpretação”. Com a ajuda e orientação preciosas do Prof. Doutor José Martinho (Antena do Campo Freudiano, Portugal) tenho vindo, com outros 3 colegas, a estudá-lo desde outubro de 2020, tendo a agradecer o que aprendi, na leitura linha por linha desse livro de 600 pp., a esta enriquecedora experiência. 
Claro que sendo a linguagem, por um lado, o que radicalmente nos aparta dos restantes animais, e, por outro, a entrada no simbólico (no sentido lacaniano) que essa linguagem nos permite - passando da demanda inicial para satisfação das necessidades que o infans, o desprovido de fala, faz à sua mãe - para a aquisição na linguagem e portanto, como sujeito falado e falante, adquirir a capacidade de formular desejos, isso não pode deixar de ter uma profunda repercussão na nossa concepção do humano e do laço social, e portanto na antropologia.
É nesse sentido, como arqueólogo da pré-história que sempre situou os seus estudos na margem entre a natureza e a cultura, que me interessei e interesso profundamente pela psicanálise, porque ela permite ultrapassar as banais teorias da psicologia do desenvolvimento e entrar naquilo que mais constitutivamente está na base do humano e do que o torna um animal único à superfície da Terra. É para entender esse ser do desejo que é o ser humano, ser de um desejo nunca satisfeito (a sua satisfação completa, sem portanto apelar a mais nenhum desejo, implicaria a eliminação do ser humano), ser que o que deseja é desejar, que me lancei nestes estudos complementares da minha formação inicial como arqueólogo, que primeiro, já há muito, lançou mão da antropologia tout court, e que depois, mais recentemente, percebeu que essa antropologia ficava coxa sem a contribuição lacaniana. Esta é uma autêntica revolução.
É isso, esquematicamente, o que motiva a presente conferência, que estava para ser feita mais tarde, numa fase de maior maturação das minhas ideias, mas que apresento agora, para preencher uma falha no nosso programa de palestras. Curiosamente, “falha” é uma palavra que aparece muito em Lacan, e tem a ver com o sujeito desejante, com o ser humano. Veremos como e porquê, de uma forma necessariamente muito rudimentar.
VOJ, outubro de 2021 

 

 


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