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[Museum] Qual o lugar do Património e Museus, e da sua gestão, na inevitável co-evolução entre a espécie humana e as máquinas ? Debate e Oficina Experimental. 10 abril 2023.

To :   museum <museum@ci.uc.pt>
Subject :   [Museum] Qual o lugar do Património e Museus, e da sua gestão, na inevitável co-evolução entre a espécie humana e as máquinas ? Debate e Oficina Experimental. 10 abril 2023.
From :   Pedro Pereira <pedropereiraoffic@outlook.com>
Date :   Sun, 9 Apr 2023 14:47:04 +0000

 

 

 

O Lugar do Património na coevolução «inteligência artificial – cognição humana»

Qual o lugar do Património e Museus, e da sua gestão, na inevitável co-evolução entre a espécie humana e as máquinas ?

 

Debate e Oficina Experimental

coord. Pedro Manuel-Cardoso

 

Espaço “Impronuncialismo”, Campo Grande, Lisboa

10 abril 2023

 

 

            No próximo dia 10 de abril 2023 decorrerá a Conferência dedicada à relação entre o Património e os atuais avanços técnicos e científicos na área da inteligência artificial e robótica. Seguida de Debate. E da participação numa «Oficina Experimental – Atelier», que será um exercício coletivo de localização e geometria dos conhecimentos no espaço-tempo, concretamente, a escolha, composição, encadeado e exposição de textos e imagens por cada participante. Cujo resultado final será uma exposição final comparativa (um debate visual), constituída pelos vários arranjos e possibilidades de opinião e perspetiva dos participantes.

            O objetivo desta jornada-de-trabalho consiste em avaliar e responder à pergunta: Qual o lugar do Património e Museus, e da sua gestão, na inevitável co-evolução entre a espécie humana e as máquinas ?

            O ponto-de-partida neste debate é contextualizado – para caracterizar as propriedades específicas a partir das quais evoluirá – por dois constrangimentos naturais (físico-químicos e biológicos) que determinam a espécie humana (dita, H. sapiens sapiens):

1. Por um lado, o constrangimento de fazer parte de um subconjunto do conjunto mais vasto do Sistema-Vida – ser uma espécie entre os vários outros milhares que evoluíram na história da filogenia (“Classification phylogénétique du vivant“, Guillaume Lecointre; Hervé Le Guyader, 2001, Éditions Belin, Paris. ISBN 2-7011-2137-X). Valendo neste debate a atual definição científica de ‘Vida’, concretamente:

Um sistema químico autónomo capaz de seguir uma evolução darwiniana, originado a partir de matéria inerte através de processos de auto-catálise (moléculas com a capacidade de criarem cópias de si mesmas) e de processos de auto-organização (moléculas com a capacidade de criarem espontaneamente estruturas mais complexas a partir de estruturas mais simples)” (Gerald Joyce, NASA, 1994/2013; Otto Sijbren, 4jan2016, Nature Chimestry)

 

2. Por outro lado, o constrangimento de o modo como funciona a atual percepção-cognição humana. E, como através desse limite e dessa especificidade, se poderá perspetivar a sua evolução na relação com a capacidade das máquinas (IA, machine-learning, robótica, redes neurais, avatares, segundas-vidas, metaversos, software’s, chatGPT’s, etc.). Valendo neste debate a seguinte constatação:

Um objeto (coisa, realidade) é percepcionado e concebido como sendo «um agregado-conjunto de diferenças-partes» por causa do sistema de percepção-cognição humana ser como é (aquele que foi herdado geneticamente, e co-evolucionou com a cognição e com as ferramentas que foram sendo fabricadas durante o contexto social humano). ‘Átomo’, etimologicamente, na Grécia Antiga, significava «aquilo que é indivisível», «aquilo que não pode ser fragmentado» (‘a’ = não, ‘temno’=cortar). Logo, desse limite-especificidade-funcionamento da percepção-cognição humana deriva o modo como se concebe a ‘realidade’ (isto é, aquilo que se designa por ‘real’). E também, a ideia-compreensão-convicção de que os objetos-coisas «se fazem, desfazem, e refazem, e estão presos a um substracto energético que subjaz e une essa mudança permanente». No Hinduísmo, essa trifuncionalidade – que G.Dúmézil haveria de descortinar como princípio organizador do próprio sistema social e político, inclusive do sistema ontológico e cosmológico, e que está presente em todas as línguas provenientes do Indo-Europeu – expressa-se nas três divindades do TrimúrtiBrahma(criação), Shiva(destruição), Vishnu(conservação) – unidas pelo Krishna (“Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, a Verdade Absoluta, a fonte de tudo, a causa de todas as causas. Krishna expande-se em formas ilimitadas, porém, mantém sempre a Sua forma original como Krishna no mundo espiritual. Todas Suas expansões são ‘sac-cid-ananda’, ou seja, são formas de eterna bem-aventurança e conhecimento, totalmente espirituais. Todos os seres vivos, no mundo espiritual e no mundo material, são uma Sua energia, um Seu modo de energia; são almas, ou jivas em Sânscrito”). Descartes, tido na história da Ciência e do Conhecimento como o símbolo da objetividade e do positivismo científico, através da obra “Discurso sobre o Método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência”, publicada em Leiden, em 1637, afirma, na sua autobiografia, que esse Método Científico nasceu de um sonho que teve na noite de 10 para 11 de novembro de 1619. Portanto, a propalada objetividade da atual Ciência também nasceu, em termos factuais, ... de um “sonho”.

 

            No espaço da «Oficina Experimental – Atelier», em resultado destas duas premissas de partida, serão afixados os seguintes três Quadros:

QUADRO 1: Mostra o processo de como a Realidade (um qualquer ‘objeto’ ou ‘coisa’) é construída pela cognição humana, devido ao facto do sistema perceptivo obrigar a que seja concebida e percepcionada como sendo «um agregado-conjunto de diferenças-partes».

 

 

 

 

OBJETO

(Re-)

 

 

 

USO

 

 

 

 

VALOR

 

 

NOME DA OBJETO

nome/identidade

 

 

(ponto)

NARRATIVA

 

sentido/definição/conceito/orientação/

encadeado/sintagma

 

(linha)

CONTEXTO

 

paradigma/epistema/estrutura/

sistema/ideologia/valor/necessidade

(plano)

CONSTRUÇÃO

(fabrico, invenção, criação, neguentropia)

 

 

CORRUPÇÃO

(interpretação, utilização)

 

 

ANIQUILAMENTO

(decaimento, degeneração, desnecessidade, esquecimento, entropia)

¯

Memória

(mudança de estado, reminiscência, histerese)

«o novo valor ou substância que irá ser incorporada no Objeto no reinício do novo ciclo comportamental

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CODIFICAÇÃO

«o que o Objeto é-foi em cada época e em cada ideologia» fica guardado, abrindo a possibilidade de re-conceptualização ou re-criação…

 

 

 

QUADRO 2: Mostra as consequências, para a compreensão e consciência humana, desse limite e desse constrangimento de ser obrigada a conceber-percepcionar um objeto-coisa-realidade como sendo «um agregado-conjunto de diferenças-partes». O Quadro está divido nas seguintes 10 partes:

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

 

As 4 partes envolvidas na percepção

 

As outras 4 partes envolvidas na percepção

 

Os 4 modos de separar os conjuntos e níveis que compõem o Real

 

Os 3 modos de separar os conjuntos e níveis que compõem o Real

 

 

As 5 Variáveis do Comportamento humano

 

Os 4 tipos de acções do Fazer humano

 

 

Os 7 tipos de objetos-partes resultantes do Fazer

 

Os 8 critérios pelos quais se escolha a Relevância daquilo que se classifica como Património (“Estrutura da Relevância”)

 

Os Níveis de Complexidade da cognição humana

 

(Aristóteles, Descartes, Kant, Hegel,

C.S. Peirce, N.Hartmann, P.Ricoeur, José Marinho,

Chaitin-Kolmogorov, “Cayley Groups e Teorema dos Grupos Finitos, “Conjectura László Babai, William Kantor and Alex Lubotzky, 1989; e,

Martin Kassabov, 2007“)

 

 

 

Coevolução IA-Cognição Humana

(coevolução humanos-máquinas):

 

1.Momento atual 2023: A.H1(versão2023)= B

 

[H1 corresponde à «versão da cognição humana mais evoluída existente em 2023»]

 

2.

B.(A.H2)=C

 

3.

C.[B.(A.H3)]=D

 

4. D.{C.[B.(A.H4)]=E

 

5. E.|D.{C.[B.(A.H5)]|=F

 

6. c(Fn+1).Hn=Yn

 

...

 

Em que H1 aN é a interferência, alteração e correção humana no resultado-resposta.

 

Sendo B, C, D, E, x.Fn+1 e Yn os sucessivos resultados-respostas dadas pela atual IA, e todas as outras versões que se sucederão.

 

 

QUADRO 3: Permite prospectivar a «Coevolução IA-Cognição Humana» (coevolução máquinas-humanos), percebendo qual o lugar que a espécie humana. Concretamente, neste Quadro 3, vê-se como, com o decorrer do tempo, se vai modificando o lugar que ‘H (a capacidade da cognição humana) ocupa na equação que calcula e localiza a relação entre a cognição humana e a capacidade das máquinas. O Quadro 3 permite antecipar, em termos matemáticos, como a cognição humana irá usar a IA para gerir cada nível de complexidade, ou seja, como irá usar a IA para gerir a IA, e co-evoluir através dessa relação miscigenada.

 

NÍVEIS

 

 

 

 

 

 

Coevolução IA-Cognição Humana

 

 

 

 

 

 

 

 

6

 

 

 

 

 

c(Fn+1).Hn=Yn

5

 

 

 

 

E.|D.{C.[B.(A.H5)]|=F

 

4

 

 

 

D.{C.[B.(A.H4)]=E

 

 

3

 

 

C.[B.(A.H3)]=D

 

 

 

2

 

B.(A.H2)=C

 

 

 

 

1

A.H1(versão2023)=

B

 

 

 

 

 

 

momento

 

2023

H1 corresponde à «versão da cognição humana mais evoluída existente em 2023»

 

 

?

 

 

?

 

 

?

 

 

?

 

 

?

O ‘H’ estará condenado a fazer parte de um organismo ou sistema mais complexo (evoluído?), tal como os outros atuais organismos que vivem no interior do corpo humano, designados no seu conjunto por “microbioma”?

 

            Em suma, esta jornada-de-trabalho sobre o lugar do Património e Museus na co-evolução entre a espécie humana e as máquinas toma por pressuposto-de-partida a crença de que o conhecimento de «o que foi o Passado, e é o Presente da condição da espécie humana», será o caminho que fornecerá a melhor probabilidade para se adquirir a chave da compreensão de «como irá evoluir». O que não é mais do que, afinal, tomar por válida a presunção de que o Património é crucial para o sucesso adaptativo humano no Futuro. Uma convicção, que a espécie humana herdou do seu passado filogenético, ao derivar da ‘estratégia eucariote’ dentro do Sistema-Vida há mais de dois mil milhões de anos: guardar no núcleo da célula, num local especial, protegida por uma membrana, as informações vitais a transmitir às gerações futuras”. Aquele fenómeno, ao qual chamo: «o primeiro museu».

 

Pedro Manuel-Cardoso

 


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