Sinopse
«A Real Ordem de Santa Isabel, fundada em 1804 por D. Carlota Joaquina, representa um marco significativo na história de Portugal, tendo sido inspirada na ordem criada por sua mãe em Espanha, a Real Ordem das Damas Nobres. A sua instituição permitia que a fundadora dispusesse do importante poder simbólico de redistribuição de honras, criando uma rede de influência, ao distinguir um selecto grupo de mulheres ligadas à Casa da Rainha, como camareira-mor, donas de honra e damas. Centrada na figura da Rainha Santa Isabel, a ordem tinha como objectivo principal promover a caridade, mas ao longo do tempo, especialmente após o falecimento da sua fundadora, esse propósito perdeu relevância. Contudo, a ordem não foi extinta, tendo sido agraciadas senhoras durante os reinados posteriores. O advento da monarquia constitucional promoveu mudanças substanciais. O monarca tornou-se o responsável pela concessão de novas nomeações e o grupo das agraciadas aumentou numericamente, diversificando as origens sociais e nacionalidades.
Estas alterações são indicadoras dos novos objectivos da ordem, nomeadamente o estabelecimento e reforço de relações diplomáticas, com a nomeação de membros de casas reais europeias, mulheres de diplomatas e de figuras políticas estrangeiras. Através da análise de uma variedade de fontes, incluindo algumas inéditas, procura-se reconstruir o perfil das mulheres agraciadas e compreender a evolução da própria Ordem. Essa investigação permitirá uma compreensão mais profunda das características distintivas das agraciadas e dos contextos sociais e políticos que influenciaram suas nomeações, lançando luz sobre uma parte importante da história portuguesa..».