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[Museum] CIDADE ABSURDA objectos do património esquecido | Debate pós-Exposição | Museu do Ser-Humano

To :   museum <museum@ci.uc.pt>
Subject :   [Museum] CIDADE ABSURDA objectos do património esquecido | Debate pós-Exposição | Museu do Ser-Humano
From :   Pedro Pereira <pedropereiraoffic@outlook.com>
Date :   Mon, 13 Jan 2025 16:33:08 +0000


      Após a Exposição “CIDADE ABSURDA: objectos do património esquecido” ocorreu o Debate, do qual partilho, adiante, uma parte…


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      Coisas … Objectos … Aquilo que se diz ser a realidade (real).

      Para uns basta dizer «estou a ver isto ou aquilo», para acreditarem que vêem, que a coisa existe, e que sabem o que é. Para outros, «ver, é não ver outros modos de ver».

      Para o Impronuncialismo (para o ‘robot Impronuncia – versão 24dez2024’) uma coisa ou um objecto é um estado excitado de um campo colapsado pelo impacto da observação (isto é, colapsado ou curvado pelo apedrejamento de fotões). É na curvatura do campo, causada pelo impacto dos fotões (observação) – é através da retroação desse impacto – que os ‘humanos’ adquirem a perceção da tridimensionalidade das coisas e dos objectos.

      Na conferência que proferi em 20 de março de 2018 (que intitulei “Antropologia do Objeto: o encontro entre Descartes e Agamben a propósito do conceito de Objeto e de Real”) apresentei um ‘Modelo do processo de como se formam as coisas e os objectos na cognição humana’. Que o Quadro adiante resume:

  

 

 

1 →

 

2 →

 

 

3

 

OBJECTO|COISA →

 

 

 

USO →

 

 

VALOR|SIGNIFICADO|SENTIDO

 

OBJECTO|COISA →

nome/identidade

 

(ponto)

NARRATIVA →

sentido/orientação

 

(linha)

CONTEXTO

paradigma/epistema/estrutura/ideologia

 

(plano/campo)

 

 

CRIAÇÃO|CONSTRUÇÃO|PERCEPÇÃO

acção

 

 

CORRUPÇÃO →

interpretação/desgaste

 

ANIQUILAMENTO

esquecimento|memória

 

Modelo do processo de como se formam as coisas e os objectos na cognição humana |

Model of the process of how things and objects are formed in human cognition

(Pedro Manuel-Cardoso, 2018)

 

 

 

 

 Escrevi:

“The Original is always a Copy from the moment of the Formalization (that occurs in cognition or imagination). So all materiality is copies. Memory as the algorithmic solution to save annihilation of the Original. It is necessary to understand the two cycles of the object: the cycle of neguentropy (genesis/formation/creation/identity) and the cycle of entropy (decay).

[See “Heptadimensional concept of Object”, 2018, Pedro Manuel-Cardoso]

             

              No Impronuncialismo, diferentemente de Heidegger ou Agamben, a questão não é a ‘procura ou a compreensão de uma essência’, nem saber acerca de uma ‘existência do que não se sabe’. No Impronuncialismo é a procura da transformação física até à «propriedade SAP3i».

 

              Todavia, é interessante ler o que Agamben, Heidegger, Badiou, Dilthey, e outros, escreveram acerca do que é uma coisa e um objecto:

 

O Real só se descobre através da inconsistência do fantasma, no carácter antinómico do suporte fantasmático e da nossa experiência da realidade.” (Alain Badiou)

 

"A realidade, para cada indivíduo, só existe nos factos da consciência vindos da sua experiência interior" (W. Dilthey, 1976)

 

"A linguagem (a razão) é o que faz com que algo exista em vez de nada” (G. Agamben, 1990, “A Comunidade Que Vem”)

 

Le monde est un tout formé de choses et de changements. Du point de vue muséologique un objet est le document le plus authentique de la réalité, la preuve directe de ce qui unit les choses et les changements. Un objet n’a de valeur documentaire pour l’homme que s’il répond à certaines exigences. Le muséologue extrait les objets de leur situation originelle parce qu’ils peuvent satisfaire le besoin de connaissance, d’éducation ou de comparaison des valeurs. Ce qui intéresse la muséologie, c’est donc la valeur documentaire authentique de la réalité qui est contenue dans le produit culturel” (Evžen Schneider, 1977, Museum (UNESCO), vol. XXIX, n.º 4, pág. 189).

 

Assim seja. Em cada coisa afirmar simplesmente o «assim», «sic», para além do bem e do mal. Mas «assim» não significa simplesmente, deste modo ou de outro, com aquelas determinadas propriedades. Assim seja, significa ‘seja o assim’. Isto é. «sim». É este o sentido do «sim» de Nietzsche. Diz-se «sim» não apenas a um estado de coisas, mas também ao ser-assim. Esta é a única razão do seu eterno retorno. O «assim», assim, é eterno.” (G. Agamben, 1990, “A Comunidade Que Vem”)

 

É o poder de ter no espírito um ‘objecto’, mesmo que esse ‘objecto’ não esteja lá na sua presença física, que chamo ‘representação’. Somente a ‘representação’ tem a propriedade de ser sempre uma nova versão de qualquer coisa quando deixamos de ter a possibilidade de conhecer o modelo real a partir do qual a «cópia» ou a nova versão foi construída.” (S. Freud, in A. Green, 1989).

 

Como o mundo é – isso é exterior ao mundo” (G. Agamben, 1990, “A Comunidade Que Vem”)

 

O ser humano é o ser que, confrontando-se com as coisas, e unicamente neste confronto, se abre ao não-coisal. E inversamente: aquele que, sendo aberto ao não-coisal, está, unicamente por isso, irreparavelmente entregue às coisas. Não-coisalidade (espiritualidade) significa: perder-se nas coisas, perder-se até não poder conceber mais nada senão coisas. E só então, na experiência da irremediável coisalidade do mundo, chocar com um limite, tocá-lo. Este é o sentido da palavra: Exposição.” (G. Agamben, 1990, “A Comunidade Que Vem”)

 

Sentido e denotação não esgotam a significação linguística. É necessário introduzir um terceiro termo: a própria coisa. O ser tal qual. Que não é nem o denotado nem o sentido. Este é o sentido da teoria platónica das ideias.” (G. Agamben, 1990, “A Comunidade Que Vem”)

 

No princípio de razão (ratio est cur aliquid existit potius quam nihil |há uma razão que faz com que algo seja em vez do nada) o essencial não é «que algo seja» (o ser). Nem que «algo não seja» (o nada). Mas que algo seja e não o nada. Por isso, o princípio da razão não pode ser lido como uma oposição entre dois termos: «é/não é». Pois contém um terceiro termo: o «potius» (de «potis», que pode). O poder de não-ser. O espantoso não é que algo tenha podido ser, mas que tenha podido não não-ser.” (G. Agamben, 1990, “A Comunidade Que Vem”)

 

O que é na verdade a coisa, na medida em que é uma coisa? Quando assim perguntamos, queremos conhecer o ser-coisa (Dingsein), a coisalidade da coisa (die Dingheit). Importa experienciar o carácter coisal (das Dinghaft) da coisa. Para tanto, temos de conhecer o âmbito a que pertencem os entes a que, desde há muito, chamamos com o nome ‘coisa’. [….] Uma tal coisa, que não «aparece», a saber, uma «coisa em si», é, segundo Kant, por exemplo, o todo do mundo. Uma tal coisa é até mesmo o próprio Deus. Todo o ente que de todo em todo é designa-se, na linguagem da Filosofia, uma coisa.” (Martin Heidegger)

 

A obra de arte abre à sua maneira o ser do ente. Na obra, acontece esta abertura. A saber, o desocultar. Ou seja, a verdade do ente. Na obra de arte, a verdade do ente pôs-se em obra na obra. A arte é a verdade a pôr-se-em-obra. [….] As obras de arte mostram sempre, se bem que de formas completamente diferentes, a coisalidade (das Dinghafte). A coisalidade na obra nunca poderá ser encontrada, enquanto o puro estar-em-si-mesma (reine Insichstehen) da obra não se tiver claramente manifestado.” (Martin Heidegger)

 

            Etc….

 

Pedro Manuel-Cardoso

 



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