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Mais uma vez, parabéns à
Jacinta Bugalhão! Pela coragem, pela inteligência e pela calma com que
faz as coisas. Parece impossível, mas a
verdade é que tudo indica que este governo, como outros, prefere destruir um
instituto pequeno, barato e ágil, que funciona – apesar de, em minha
opinião ter dois problemas (enormes) que eu me vou escusar de nomear aqui
– do que renovar o IPPAR! Sem querer generalizar
– todas as generalizações são injustas – para quem está de fora o
IPPAR aparece, consistentemente e independentemente dos governos para quem
trabalha, como uma massa informe, onde imperam a preguiça, a ignorância, a
irresponsabilidade e o cinismo. Onde grande parte dos funcionários não
tem convicções, nem brio, nem sentido das responsabilidades, nem espírito de
equipa. O IPPAR é o tipo de
organização que só aparece nos jornais quando acontece uma calamidade. E é o IPPAR que a
ministra quer proteger e encarregar de zelar pela arqueologia em
Portugal? É espantoso como a
política promove este tipo de pessoas. Refiro-me aos ministros em geral.
Com raras e honrosas excepções, pode-se sempre contar com eles para nos
demonstrarem um zelo infinito pelas próprias carreiras, uma falta de coragem
abjecta, uma subserviência absoluta aos poderes instalados (os dirigentes
profissionais da administração pública, que vivem acima da crítica e do
escrutínio dos mortais) e uma visão do futuro que corresponde aos interesses
pessoais de curto prazo. E como em Portugal a
Arqueologia não tem qualquer impacto na vida das pessoas (é uma actividade
secreta e esotérica, que acontece por trás de tapumes e nunca é publicada senão
em relatórios que ninguém lê), deve ser facílimo tramar os arqueólogos sem
sofrer consequências políticas, para além duma reacção corporativa. Filipe Castro College Station, TX P.S.: E acho que
devíamos todos escrever ao Partido Socialista a pedir que pare de andar a fazer
danças do ventre à nossa volta e mude o nome, de uma vez por todas, para
Partido Neo-Liberal, ou Partido do Mercado, ou Partido do Capitalismo Selvagem,
ou Partido da Direita Católica e Conservadora. Ficava-lhes bem assumir as
coisas (estas e outras) volta e meia. From:
archport-bounces@lserv.ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@lserv.ci.uc.pt] On Behalf Of Jacinta Bugalhão Caros colegas, Como todos os arqueólogos temos acompanhado
atentamente o evoluir da situação relativamente a reorganização orgânica do
Ministério da Cultura, que aparentemente se encontra em curso. Como parte
interessada resolvemos desenvolver algumas iniciativas de divulgação da nossa
posição sobre a matéria. Assim, junto a esta mensagem, cópia do comunicado de
imprensa que divulgámos no princípio da semana e que, grosso modo, exprime o nosso “estado
de espírito”. Saudações arqueológicas Jacinta Bugalhão COMUNICADO Em 2002, Pedro Roseta, ministro do governo de Durão Barroso, anunciou a
“fusão” do Instituto Português de Arqueologia (IPA) com o Instituto
Português do Património Arquitectónico (IPPAR). Este processo arrastou-se
penosamente por meses e anos, até que, em Julho de 2004, a então Ministra da
Cultura, Maria João Bustorff, anuncia a decisão governamental de abandonar a
medida de fusão entre os dois Institutos. Vemos agora novamente recuperada esta ideia, inserida numa mega
reestruturação da administração pública, acerca da qual vão surgindo, dia após
dia, rumores veiculados pela comunicação social, em forte contraste com o
silêncio da tutela. Esta situação reveste-se de maior perplexidade, pois não só
o PS tinha concedido apoio inequívoco aos protestos da comunidade arqueológica
em 2002, como o novo governo integra algumas das personalidades que
explicitaram o seu apoio à manutenção da autonomia orgânica do IPA, entre os
quais se conta a actual Ministra da Cultura, na altura exercendo as funções de
deputada pelo Partido
Socialista. Parece certa, neste contexto, a perda da autonomia orgânica da
arqueologia, sem que em momento algum tenha sido auscultada a comunidade
arqueológica. Por considerarmos que esta medida continua a encerrar todos os
malefícios e problemas que motivaram a nossa mobilização em 2002 e também por,
mais uma vez, não se detectar qualquer intenção de ter em conta os pontos de
vista dos arqueólogos, previamente à concretização da reorganização do sector,
vimos por este meio solicitar a colaboração dos órgãos de comunicação social,
respeitando as opções de política editorial, na divulgação das nossas
preocupações, que consideramos revestirem-se do maior interesse público. · Uma vez mais esta proposta de reestruturação da gestão pública
arqueológica não é precedida do devido debate, que envolva verdadeiramente os
profissionais do sector (nem o Ministério da Cultura, nem a comissão de
reestruturação do mesmo, conta, que se saiba com qualquer colaborador ou
assessor da área da Arqueologia) ou as suas associações representativas. · Consideramos que a atitude do actual Ministério da Cultura – como
dos dois executivos anteriores, ao manterem por quatro anos a Arqueologia
Nacional numa situação de total indefinição, de falta de orientação estratégica
e de desinteresse notório – manifesta um desrespeito e desprezo pela
Arqueologia e pelos Arqueólogos, para além de reflectir a irresponsabilidade
dos dirigentes políticos para com um Bem que é Público. · Aparentemente, pretende-se alterar a forma de gestão pública da
Arqueologia, no sentido de retomar modelos passados de má memória e que tantos
danos produziram nos vestígios arqueológicos nacionais. · Consideramos que a “extinção” do IPA, poderá trazer sérias
consequências para a crescente actividade arqueológica, que depende da acção
reguladora e fiscalizadora deste Instituto. · O IPA é um Instituto pouco burocrático, com orçamento reduzido e pouco
pessoal, altamente qualificado e motivado; tem uma estrutura horizontal, não hierarquizada
que funciona de forma eficaz utilizando abundantemente as novas tecnologias.
Porquê destruir um organismo com estas características, pretendendo integrá-lo
numa mega-estrutura, que só poderá potenciar todos os tão falados defeitos da
nossa administração pública? · A autonomia orgânica da Arqueologia no Ministério da Cultura é a única
forma de conferir aos arqueólogos força legal e institucional para esgrimir com
os agentes económica e socialmente mais poderosos. · O funcionamento do IPA, baseado no princípio da Arqueologia Preventiva,
é a única forma de impedir as situações de destruição de vestígios
arqueológicos, sem o devido registo, tão frequentes no passado. · O IPA, durante os seus 8 anos de existência, favoreceu a afirmação da
arqueologia portuguesa no panorama internacional, sendo uma Instituição
respeitada, destacando-se ao nível do Sistema de Informação e Gestão
Arqueológica (Endovélico), o e–IPA (toda a infra-estrutura ligada
às novas tecnologias da informação: o site,
a Rede Digital nacional, etc.), a Biblioteca Arqueológica, a Política
Editorial, o Parque Arqueológico do Vale do Côa, o Centro Nacional de Arte Rupestre,
o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática e o Centro de
Investigação em Paleoecologia Humana e Arqueociências. Os trabalhadores do IPA pretendem, enquanto lhes for possível,
persistir na defesa do Instituto, por imperativo de cidadania, e de ética
profissional, como arqueólogos e como servidores do Estado, nomeadamente nos
contactos com órgãos de soberania, partidos políticos, órgãos de comunicação
social, etc. |
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