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Ha varios anos, durante um jantar de
amigos (no tempo do Cavaco e do relatorio Porter) um dos yuppies que estava em
Portugal a trabalhar no relatorio Porter disse-me que os politicos portugueses
nao eram nem melhores nem piores que os dos paises desenvolvidos (eu acho que
ele nao conhecia o Alberto Joao Jardim…), mas que os empresarios eram
maioritariamente ignorantes, arrogantes e incapazes de pensar a longo prazo. Alias disse-me uma coisa interessante: que
lhe parecia que a escola em Mas enfim, E o resultado e que Portugal e o pais em
que os empreiteiros se atreveram a pedir a cabeca do Joao Zilhao, porque ele
tentava fazer cumprir a lei, em que o governo a entregou sem pestanejar e onde (quase)
ninguem se indignou. Acho portanto natural que o IPA se encolha
e deixe os empreiteiros e os presidentes da camara “desenvolverem o pais”
em paz e harmonia. Nem me parece que ninguem no IPA pudesse contar
com a solidariedade da classe, na hipotese (implausivel) de o IPA (ou o IPPAR) decidir
um dia tomar uma decisao corajosa e embargar uma obra ao abrigo da lei. :-) Eu lembro-me que quando o Francisco Alves fez
frente ao Santana Lopes e ao Gomes da Silva (e ao Cavaco!) por causa da lei
criminosa da caca aos tesouros, se contaram pelos dedos os arqueologos que
vieram a publico defender a arqueologia contra os doutores Arrojas da SEC. :-) Filipe Castro From:
archport-bounces@lserv.ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@lserv.ci.uc.pt] On Behalf Of ozecarus Caros archportianos(as) É com tristeza e mágoa que noticio a destruição de vestígios
arqueológicos em Tomar, junto ao Pavilhão Municipal de Tomar. Para quem não saiba ou não se lembre, a construção deste
Pavilhão e parque de estacionamento subterrâneo, da responsabilidade da
TomarPolis, viu-se envolto em grande polémica, pela destruição de uma boa fatia
da antiga cidade romana de Seilium. Cerca de 3/4 do desaterro foi efectuado sem acompanhamento
arqueológico. Quando a OZECARUS, Lda. chegou ao local para fazer o
acompanhamento arqueológico, deparou-se com um corte onde se encontravam grande
quantidade de muros romanos ceifados pelas máquinas. As medidas de minimização ditadas pelo IPA, traduziram-se na
escavação de uma boa área (paralela à Rua do Centro Republicano), tendo
sido posto à vista, parte de um santuário dedicado às àguas, com paralelos
na Gália e em Espanha. A outra metade, A partir desse momento qualquer vala aberta foi precedida de
escavações arqueológicas que vieram a revelar várias casas romanas em No dia 26 de Setembro de 2006, demo-nos
conta que estavam a abrir uma grande vala de saneamento no centro desta rua,
apenas com acompanhamento arqueológico. A vala encontra-se a mero 1,5 m de distância das ruínas que
escavámos. O corte que dá para a vala que se está a abrir, apresentava duas
calçadas (uma de Época Moderna e outra Medieval) sobre o pavimento de rua
romano que rodeava o santuário, datado do séc. I Como calculam, contactámos de imediato o IPA, pois achámos
estranho que a 1,5 m das ruínas romanas se estivesse a abrir uma vala sem serem
efectuadas sondagens prévias, como é de lei e a prudência aconselha. O arqueólogo da empresa contratatada (de que não revelo o
nome, por enquanto) não encontrou qualquer vestígio arqueológico. Pudera! Com
uma giratória gigante a escavar estruturas frágeis, não admira! O que me admira, e me deixa triste, é que o IPA Central foi
contactado de imediato por nós, a quem solicitámos a paragem da obra, para
averiguar que vestígios existiam no corte. A resposta foi lacónica e cordata. Iam lá mandar os seus
técnicos para averiguar. Mas pelo que sabemos, as deligências estão a ser
feitas muito lentamente, e qundo lá chegarem já não há nada para contar. Vocês sabem que quantidade de terra retira uma máquina
dessas num dia? Só vos digo (e tenho conhecimento de causa) que são muitos e
muitos metros cúbicos de terra. Apresentámos ao IPA toda a documentação que elucida bem a
destruição que está a ocorrer. O IPA tem o relatório preliminar dos trabalhos que aí
efectuámos. O IPA tem o nosso parecer para musealização do que resta do
santuário. A área está vedada com um muro de betão e o arqueólogo que
está a fazer o acompanhamento, da borda da vala que está a acompanhar, pode
voltar-se para trás e ver os muros romanos. Alguém cometeu um erro grosseiro, e o que exigimos ao IPA é
que proceda a um inquérito rigoroso, para apurar responsabilidades. Quem é que
autorizou estes trabalhos, sem ter em conta os trabalhos arqueológicos que ali
foram feitos? A empresa que acompanha os trabalhos tinha conhecimento dessas
escavações? O que é que consta do Plano de Trabalhos? (O qual já pedimos
ao IPA, mas sem resultados, pois mandaram-nos pedi-lo por ofício. Maldita
burocracia!). Não estou a exigir mais do que o que o IPA nos costuma
exigir, a nós, arqueólogos profissionais, que passamos a vida a acompanhar
máquinas daquele calibre. E que muitas vezes nos persegue, atafulhando o nosso local
de trabalho, numa imensidão de cartas e cartas, para explicarmos isto e aquilo,
num tom inquisitorial, ofendendo por vezes, a dignidade e profissionalismo de
quem dá o seu melhor pela Arqueologia. Podem fazê-lo para ozecarus@sapo.pt Carlos Batata, arqueólogo |
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