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Venho por este meio responder ao colega André Gregório, o qual pareceu ficar bastante incomodado com a defesa que alguns colaboradores e a minha própria pessoa fizemos à empresa Archeocelis. Devo também pedir desculpas se no meu anterior e-mail feri a sensibilidade de alguém, mais fiquei indignada com a forma que alguns colegas tiveram para abordar os problemas. Em primeiro lugar devo afirmar que na actualidade, alguns outros colegas e eu nos encontramos a trabalhar para empresa Archeocelis com contrato. Sim, daqueles com segurança social, subsidio de ferias, subsidio de almoço....em fim, daqueles. A verdade é que esta situação não abrange a totalidade dos trabalhadores, mais acredito que com o tempo, outras pessoas irão incorporando-se ao quadro de pessoal da empresa. Devo também informar que a Archeocelis possui instalações no Montijo, com instalações para tratamento do espólio e elaboração de relatórios. Posso assegurar aos colegas que sugeriram certa coacção para efectuar estas afirmações que, antes do que arqueóloga, considero-me pessoa, e nem a minha ética pessoal nem a minha consciência, deixariam fazer declarações que realmente não sentisse. Já agora informo que nem todas as pessoas que defenderam a empresa são na actualidade colaboradores desta entidade. Será que não são dignas de respeito as pessoas que em vez de criticar defendem? Está mal visto? Possuo seis anos de experiência profissional, três dos quais passados em Espanha. Colega André Gregório, já fui tão explorada! Já recebi pagamentos com cheques que venciam a 180 dias, já trabalhei a mais sem ser paga para "poupar" horas caso chovesse e não pudéssemos trabalhar, só que quando chovia também se trabalhava....já fiquei a arder em pagamentos.... Por isso, não me levem a mal, se no meu caso particular, tive a sorte de encontrar uma entidade que me permite viver fazendo o que mais gosto. Não é "graxa", é justiça. Tem-se falado muito aqui sobre a criação de uma entidade que defenda os direitos profissionais do arqueólogo. Por experiência própria (na Espanha estive sempre inscrita no Colégio de Arqueólogos, depois, visto a inutilidade, deixei de pagar as quotas). Desde aqui aplaudo esta iniciativa e me uno a ela, mas salvaguardando uma pequena questão, esta entidade deve ser realmente competente, e ter capacidade efectiva de actuação. Considero importante que uma questão a ser regulada de forma urgente sejam os honorários mínimos que um arqueólogo ou um técnico devem receber, tendo em atenção questões como experiência, tipo de trabalho (acompanhamento, prospecção, escavação), deslocação....... Permitam-me fazer mais algumas reflexões. Quando entrei no curso de Arqueologia, sabia que nunca na vida seria milionária, nem sequer imaginava que algum dia trabalhasse efectivamente. Tenho trabalhado sim senhor, mas como já disse fui muito explorada. Lamentavelmente nesta parte do mundo que nos tocou viver, e incluo não só Portugal, mas também a Espanha, a arqueologia não é considerada um bem de primeira necessidade, e desta forma um licenciado em arqueologia nunca virá a receber o mesmo que um engenheiro ou um economista qualquer, mesmo que os três tenham gasto as pestanas a estudar. Como gostaria ser alemã, ou inglesa, países onde está situação já foi superada há muito tempo!! Não, neste lado do mundo os governos de diferentes ideologias vão-se sucedendo, mais nenhum deles tem verbas para, por exemplo, pagar a arqueólogos para estudar os caixotes e caixotes de espólio arqueológico que se acumulam nos museus (mais uma sugestão, que tal deixar de escavar por uns tempos e começar a estudar e publicar os dados das escavações já realizadas ??). Já para não falar de projectos para os quais não há dinheiro.......tudo isto porque a arqueologia é considerada um luxo, não é necessária. Que se pode dizer de governos que tem os seus próprios funcionários a recibos verdes!!! Que nos resta então? Entrar numa empresa privada. Mas, é aqui que está o problema. Existem empresas a surgir por todos os cantos e assim funciona a lei básica do mercado: demasiada oferta para pouca procura. Os preços descem vertiginosamente Ora, agora, um exemplo; se uma empresa apresenta-se orçamentos inferiores a 2000 euros, quanto receberia por sua vez o arqueólogo? E mais uma, se uma construtora demora seis meses a pagar a uma empresa de arqueologia, como faz esta entidade para pagar entretanto aos técnicos? A solução a estes exemplos e bem simples e bem triste, há que descer o ordenado ao arqueólogo ou ao técnico. Por isso, a situação é bem mais complexa do que até o momento tem-se mostrado. A solução, ao meu ver e como já disse, passa por criar um organismo que regule os honorários mínimos de prestação de serviços, embora ache isto muito difícil, uma vez que supõe que algumas empresas teriam que aceitar valores muito superiores aos que costumam apresentar nas suas propostas. Mais não é impossível, só é preciso reunir-nos e dialogar nos locais adequados. Comecemos a tratar dos problemas como pessoas educadas, analisando as situações em profundidade e não apontando o dedo a empresas em e-mail anónimos e por fascículos. Por último, junto-me ao comentário da colega Maria Araújo aos anónimos: Trabalhem e deixem trabalhar! Com os melhores cumprimentos, Luísa Cabello.
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