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[Archport] Manifestações Sísmicas em Contexto Arqueológico (exemplos)


•   To: archport@list-serv.ci.uc.pt
•   Subject: [Archport] Manifestações Sísmicas em Contexto Arqueológico (exemplos)
•   From: "Joao Gomes" <jpagomes@gmail.com>
•   Date: Fri, 6 Oct 2006 15:14:21 +0100

Caros Colegas,

Na sequência de alguns pedidos de esclarecimento sobre os diversos tipos de manifestações sísmicas que se podem esperar num contexto arqueológico, tomei a liberdade de apresentar, de modo muito esquemático, alguns exemplos (eventualmente mais frequentes) de sismoturbações nesse contexto:

São várias as realidades arqueológicas que se podem estudar, como sabemos. Assim podemos esperar:

 

- Ao ar livre e num aglomerado de estruturas habitacionais e/ou estruturas "secundárias" quer positivas (muros, fornos, etc.) quer negativas (silos, fossos, etc.): Tombo de "colunas"; queda de muros visivelmente repentina/abrupta (muro parcial ou completamente conservado sob o ponto de vista da sua morfologia original - vestígios de "cimento" entre as pedras constituintes da estrutura, …); padrão de deformação sinusoidal dos tambores de colunas (caso elas estejam erguidas – dispersão divergente dos tambores provocando desalinhamento da coluna; verificação de falhas normais (distensivas), inversa (compressivas)  ou cisalhante (movimento divergente) em qualquer tipo de contexto arqueológico, quer sejam testemunhadas em estruturas quer sejam em sedimento; levantamento de pisos com mosaicos e/ou pavimentos, vias, etc.; abertura de rachas no sedimento e/ou estrutura, colmatadas com material posterior; todo e qualquer tipo de subsidências ou levantamentos anormais de unidades estratigráficas (estruturais ou sedimentares); ...

 

- Numa gruta: Deslocação/destruição de espeliotemas; deslocação do local de formação estalagmítica original por movimentação/deslocação desfasada de chão e tecto de gruta; abatimento de blocos/palas/tectos; todo e qualquer tipo de subsidências ou levantamentos anormais de unidades estratigráficas (estruturais ou sedimentares); verificação de falhas normais (distensivas), inversa (compressivas)  ou cisalhante (movimento divergente).

...

 

Estes mecanismos de manifestação sísmica em contexto arqueológico que acabei de referir constituem-se como uma pequena lista, num universo certamente mais alargado de outras manifestações sísmicas que não podia colocar aqui. Para além disso,  o facto de não termos referido mais exemplos prende-se com a simples razão de não conhecermos todas as formas de destruição sísmica em contexto arqueológico, uma vez que um terramoto funciona de forma imprevisível.

 

Até acontecer, não se sabe ao certo que tipo de destruição um evento sísmico poderá causar. Tendo surgido do conhecimento empírico da observação destrutiva dos sismos nos mais variados ambientes e períodos da História, os actuais conhecimentos arqueosismológicos são ainda reduzidos.

 

Espero ter sido suficientemente claro, na paralela intenção de ter sido breve.

 

Saudações Geoarqueológicas,

João P. M. de Araújo Gomes

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