A morte de um Mestre.
Acabei de saber, via Archport, que nos deixou o Senhor Professor Doutor João de Castro Nunes. O choque, mesmo que esperado, nem por isso é menor. Mestre, Mentor e Amigo, João de Castro Nunes será o Director do Instituto de Arqueologia da FLUL, pós-revolução de Abril de 74 e por escolha dos então desenraizados investigadores a quem era negada entrada noutras paragens tidas como de “elite”.
Seu aluno em Arqueologia e Epigrafia Clássicas, foi com ele, levado para as Beiras que tanto amava, que, habituado à Arqueologia das paragens africanas, por onde aliás também passou como distinto Director dos Cursos de Letras da Universidade de Luanda, fui, no já longínquo ano de 1977/78, “fazendo a mão” ao Megalitismo da Beira-Alta.
Moinhos de Vento, S. Pedro Dias, Bobadela, Sobreda, Seixo da Beira, Lapa de Tourais foram alguns dos muitos monumentos megalíticos beirões que escavou e de que quis confiar-me a continuidade de estudo para a minha dissertação de doutoramento de que foi orientador atento, exigente mas sempre aberto à discussão de novas perspectivas de investigação.
Foi o introdutor em Portugal (por vezes esquecido…), em 1957, do método dos quadrantes de Mortimer Wheler para o estudo da integralidade das mamoas e não só, como então era comum, da câmara e corredor dos dólmens.
Se dele é mais conhecida a produção respeitante à Arqueologia e Cultura Clássicas, onde aliás e junto com o Latim centrou a actividade docente, não podemos esquecer o muito que noutros campos lhe deve a Arqueologia das “gentes beirãs”. A publicação das espadas de Vilar Maior e Castelo Bom, do depósito de Moura da Serra, do conjunto da Eira de Mouros para já não referir a Pedra Letreira e a Pedra Riscada e as reflexões sobre algumas da primeiras estelas panóplia do Bronze Final da Beira Interior , cunhando o conceito de "rota das estelas". emprestam à sua obra um importante carácter pioneiro em relação a tantas questões hoje “na berra”.
Se a Universidade nem sempre lhe quis reconhecer os méritos, possam estas poucas notas fazer jus ao muito que lhe devemos e com ele aprendemos científica e humanamente.
R.I.P.
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