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[Archport] A morte do Prof. Castro Nunes

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>, "histport" <histport@ml.ci.uc.pt>, "museum" <museum@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] A morte do Prof. Castro Nunes
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Sun, 19 Jun 2016 00:46:53 +0100

         Acabo de saber por mensagem de seu filho, que ora mesmo divulguei na archport, que faleceu o Prof. João de Castro Nunes.

         A seu filho, Manuel, e demais família, apresento os mais sentidos pêsames.

         Personalidade forte, do género dos portugueses de «antes quebrar que torcer», o Doutor Castro Nunes não hesitava em dizer o que lhe parecia correcto, não temendo enfrentar polémicas.

         Formado na Faculdade de Letras de Coimbra, foi professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa no âmbito dos Estudos Clássicos, mas cedo começou a dedicar-se à Arqueologia. Natural de Arganil, teve no acampamento romano da Lomba do Canho um dos seus primeiros e mais importantes trabalhos, que abriu novas perspectivas à história dos primórdios da vinda dos Romanos para a Lusitânia.

         Também a Epigrafia o interessou e «Inscrições latinas inéditas do conventus Bracaraugustanus», publicado em Santiago de Compostela em 1948, deve ter sido um dos seus primeiros artigos nesse domínio, a que outros se seguiram: os miliários de Nerva na Gallaecia (1950), «Pugius, um erro de leitura epigráfica» (1954)… Fez também incursões no âmbito da Pré-História e da Idade do Bronze e teve papel preponderante na organização, de 4 a 8 de Novembro de 1980, do III Colóquio Internacional sobre Línguas e Culturas Páleo-Hispânicas, em Lisboa (Fundação Calouste Gulbenkian), que terminou com uma inesquecível jornada precisamente em Arganil com visita à Lomba do Canho e memorável recepção por parte das entidades locais.

Acrescentarei que não se coibia, amiúde, de – com elevado espírito crítico e sempre pleno de ironia – comentar com uma quadra notícia que, veiculada pela archport ou por qualquer outra das listas, particularmente lhe caísse no goto. Exemplifico, em sua memória:

- A 4 de Outubro de 2014, a propósito do Destaque do mês "180 anos da morte D. Pedro IV - Palácio de Queluz", escreveu:

                      D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil

                        Foi no Real Palácio de Queluz

                        que sob o signo da fatalidade

                        a sua infausta mãe o deu à luz

                        para instaurar na pátria a liberdade.

- Antes, a 13 de setembro de 2014, a propósito do convite para a apresentação do Foral de Aldeia Galega:

Se acaso lá não me virem,

por motivo é de saúde:

longe estou da juventude

para comigo... insistirem!

- Sobre uma reunião científica em que o tema era a Turdetânia, não hesitou em dar a sua opinião (07-11-2014):

Mas que raio de projecto

que coisa alguma adianta:

marcando passo, em concreto

poeira apenas levanta!

 

Que descanse, pois, em paz quem sempre foi um estrénuo lutador!

 

                                                                  J. d’E.

 


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