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[Archport] Saudações

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Saudações
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Tue, 2 Jan 2007 16:57:28 -0000

----- Original Message ----- 
From: <mclopes@ci.uc.pt>
To: <archport-owner@lserv.ci.uc.pt>
Sent: Tuesday, January 02, 2007 11:50 AM
Subject: saudações


No Final de 2006 A Archport atingiu um número de inscritos que nos orgulha a
todos os que fazemos a gestão deste espaço de comunicação. Aquilo que a
Archport hoje é, e a felicidade de se manter em funcionamento por tão longo
tempo (contrariamente ao que acontece com frequência  às lista deste género)
deve-se, antes de mais, ao trabalho atento e competente do Professor José
d'Encarnação quem, praticamente em exclusivo, a tem mantido e assegurado o
equilíbrio da informação que aqui se coloca.
Trabalharemos para que esta lista seja cada vez maior e melhor e, para isso,
pedimos a todos que no próximo ano continuem a participar e a zelar pelo seu
boa uso.

Porque é Ano Novo, enquanto membro da lista, aceitem que coloque aqui e
partilhe convosco o poema de Jorge de Sena, datado de 1963, e que intitulou

CABECINHA ROMANA DE MILREU
"Esta cabeça evanescente e aguda,
 tão doce no seu ar decapitado,
 do Império portentoso nada tem:
 nos seus olhos vazios não se cruzam línguas,
 na sua boca as legiões não marcham,
 na curva do nariz não há os povos
 que foram massacrados e traídos.
 É uma doçura que contempla a vida,
 sabendo como, se possível, deve
 ao pensamento dar certa loucura,
 perdendo um pouco, e por instantes só,
 a firme frieza da razão tranquila.
 É uma virtude sonhadora: o escravo
 que a possuía às horas da tristeza
 de haver um corpo, a penetrou jamais
 além de onde atingia; e quanto ao esposo,
 se acaso a fecundou, não pensou nunca
 em desviar sobre ele tão longo olhar.
 Viveu, morreu, entre colunas, homens,
 prados e rios, sombras e colheitas,
 e teatros e vindimas, como deusa.
 Apenas o  não era: o vasto império
 que os deuses todos tornou seus, não tinha
 um rosto  para os deuses. E os humanos,
 para que os deuses fossem, emprestavam
 o próprio rosto que perdiam. Esta
 cabeça evanescente resistiu:
 nem deusa nem mulher, apenas ciência
 de que nada nos livra de nós mesmos.

    Bom ano a todos










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