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Re: [Archport] Exposição em Paris

To :   'José d'Encarnação' <jde@fl.uc.pt>, "'archport'" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Exposição em Paris
From :   "Filipe Castro" <fvcastro@tamu.edu>
Date :   Mon, 8 Jan 2007 14:20:20 -0600

Acho pena que a arqueologia subaquática ainda seja uma actividade para diletantes e “exploradores”.  Estas noticias infelizmente sucedem-se, com “exploradores” a apresentarem as “suas” escavações “arqueológicas.”

 

O Sr. Goddio deve ser uma pessoa extraordinária e dizem-me que e simpatiquíssimo, mas que eu saiba não é arqueólogo e por isso, na minha opinião, não devia dirigir escavações arqueológicas.

 

Como especialista – e baseando-me no livro sobre a escavação “dele” do navio espanhol San Diego – achei o trabalho apresentado uma tremenda oportunidade perdida para se perceber melhor como eram construídos estes navios, que eram talvez as maquinas mais sofisticadas do tempo deles. 

 

O ênfase nos artefactos e nos “tesouros” retirou a importância devida ao registo rigoroso do contexto em que os artefactos foram encontrados e, sobretudo, ao estudo dos restos do casco, que me parecem – a julgar pelos fraquíssimos desenhos e fotografias publicados – tão ou mais importantes que os do conhecido navio inglês Mary Rose.

 

Julgo que a arqueologia subaquática devia ser deixada aos arqueólogos.  

 

Creio que todos nos congratulamos por não haver “exploradores” entre os cirurgiões nos serviços de urgências dos nossos hospitais e não percebo porque é que ninguém se importa que a arqueologia subaquática continue a ser um passatempo de aristocratas e de milionários (ou dos caçadores de potes e de porcelanas que andam por Moçambique a espatifar restos de navios portugueses incrivelmente bem preservados e que dizem que me querem mandar matar por eu ter dado uma opinião técnica sobre a actividade deles).

 

Como não sou egiptólogo não posso julgar o trabalho do Sr. Goddio no campo da egiptologia, mas como arqueólogo náutico acho o trabalho dele no campo da arqueologia náutica tremendamente fraco.  

 

Considerando que as escavações são por definição actividades altamente destrutivas, não acho que o diletantismo deva ser encorajado.

 

Mas enfim, os políticos franceses, como quase todos os políticos do nosso tempo, são ignorantes e selvagens, e se calhar esta versão populista da arqueologia já é o futuro da arqueologia: recuperar estátuas de faraós e pratos de porcelana da China, ou desembrulhar múmias em directo para o Discovery Channel. 

 

Se calhar o futuro não é das pessoas que se preocupam com as minudências dos métodos e da teoria da Arqueologia, ou as que tentam reconstruir o passado de uma forma séria, baseando as suas deduções no estudo paciente de artefactos sem valor de mercado. 

 

Ainda há poucas semanas não consegui fazer perceber a um historiador (e professor universitário) porque é que não se deve vender os artefactos “repetidos” das escavações arqueológicas.  

 

E há dois anos uma pessoa com enormes responsabilidades no Ministério da Cultura disse-me que se não fossem os caçadores de tesouros quase que não havia artefactos para os museus.

 

Um dia, se tiver tempo, escrevo outra vez aqui o que penso do trabalho (miserável) dos arqueólogos no que diz respeito à educação dos colegas de outras áreas, dos políticos e dos jornalistas.  :-)

 

Filipe Castro

Texas

 

 

 

 

 

 

 

 

 


From: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of José d'Encarnação
Sent: Sunday, January 07, 2007 2:44 AM
To: archport
Subject: [Archport] Exposição em Paris

 

Da Lettre d'informations culturelles - Nouvelles de Clio (Janeiro, nº 66), transcrevo, com a devida vénia, a informação acerca de uma deveras interessante exposição patente no Grand Palais, em Paris, até 16 de Março próximo.

 

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Trésors engloutis d'Egypte

Paris, Grand Palais, jusqu'au 16 mars 2007


 

C’est à une véritable résurrection que nous convie l’exposition organisée au Grand Palais pour présenter au public le produit des fouilles sous-marines entreprises depuis 1996 au large d’Alexandrie et en baie d’Aboukir par Franck Goddio, petit fils du navigateur Eric de Bisschop. Soutenu par Jean Yoyotte, professeur honoraire au Collège de France, il a su intéresser des mécènes privés au financement de recherches de grande envergure mobilisant des équipes de spécialistes nombreuses et bénéficiant du soutien précieux du Commissariat à l’Energie Atomique, qui a fourni des moyens de détection magnétométrique particulièrement performants. Le résultat est impressionnant. C’est tout un pan de l’histoire égyptienne trop longtemps sous-estimé qui est ainsi ramené au jour. Les restes d’Alexandrie et de plusieurs cités littorales ravagées à la fin de l’Antiquité par des séismes et un violent raz-de-marée – 489 statues, pièces et objets divers – initialement présentés à Berlin font revivre cette Egypte hellénistique et romaine qui, née de la fusion de l’héritage pharaonique et des apports grecs et orientaux, constituait alors l’un des principaux centres de gravité du monde méditerranéen. Trois statues de granit rose, hautes chacune de cinq mètres – un roi d’Egypte figé dans l’attitude de la marche, entouré d’une reine figurée en Isis et du dieu du Nil Hapy – accueillent le visiteur. Elles proviennent du temple d’Herakleion (Thönis), une cité dont les ruines sont totalement immergées à sept kilomètres du rivage actuel. Ville prospère, dont la fondation était antérieure à celle d’Alexandrie, elle fut submergée par les eaux et ses vestiges recouverts par les limons apportés par le Nil. On y a retrouvé les ruines du temple dédié à Amon et à son fils Khonsou, que les Grecs assimilaient à Héraclès. C’est dans la baie d’Aboukir qu’a été identifié un gigantesque sanctuaire dédié à Sérapis, à proximité duquel on a découvert, à Canope (la Pegouti des Egyptiens), une superbe statue d’Arsinoé II sculptée dans le granit noir et figurée comme une Aphrodite dont la tunique mouillée signifie qu’elle sort des eaux. Miraculeusement reconstitué en plusieurs étapes à la faveur de découvertes successives qui doivent beaucoup au hasard, le « naos des décades » réalisé dans la première moitié du IVe siècle avant notre ère sous le règne de Nectanébo, est l’une des pièces les plus impressionnantes de l’ensemble dans la mesure où il nous présente un étonnant calendrier, identifié par les périodes de dix jours figurées sur ses parois extérieures. Les fouilles ont également permis de reconstituer un panorama complet du Grand Port d’Alexandrie. Faut-il préciser que l’exposition ne présente qu’une faible part des trouvailles réalisées et que les espaces à prospecter demeurent immenses… Cette manifestation, exceptionnelle par la richesse des objets présentés et par l’ampleur des moyens qu’ont mobilisés les recherches effectuées en amont, n’en lève pas moins le voile sur l’une des périodes les plus riches de l’histoire antique.

 

 

 

 

 

 


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