Re: [Archport] Dúvida pertinente. Estrela ou Pico?

["Carla Alexandra N. C. Lopes" <calopes@ippar.pt>]

Title: Re: [Archport]Dúvida pertinente. Estrela ou Pico?

Caro Professor, é claro que a sua perspectiva é também a minha. Tenho perfeita noção desses outros valores e saberes de que fala. Mas a questão que foi formulada não ponderava, a meu ver, esses pressupostos, referia-se antes à geomorfologia.

O que penso é que o assunto, ainda que numa aula do 4º ano do 1º ciclo, deveria ser abordado nas várias vertentes, porque suscitou polémica, e não se bastar com os manuais escolares. Neste caso, talvez tal como disse o Professor Forjaz ambas as respostas poderiam estar correctas.

O que me levou a este périplo foi realmente a vontade de saber mais, questionar e passar isso ao meu filho...E o perceber que algo que para mim era básico não o era realmente foi também muito interessante.

 

Cumprimentos

 

carla lopes

 

 

 

 -----Mensagem original-----
De: Vítor Oliveira Jorge [mailto:vojorge@clix.pt]
Enviada: sexta-feira, 19 de Janeiro de 2007 10:37
Para: Carla Alexandra N. C. Lopes; Alexandre Monteiro
Cc: Archport@ci.uc.pt
Assunto: Re: [Archport]Dúvida pertinente. Estrela ou Pico?

> Não tenho tido tempo para ver em pormenor o debate que 
>   houve na lista de geografia, e agora aqui.
> Pareceu-me porém que do ponto de 
>   vista de geografia alguns colegas esclareceram o assunto, que é facílimo, 
>   aparentemente ao menos.
> Só gostaria de fazer uma anotação, uma lembrança 
>   óbvia: é que para além da ciência (geográfica neste caso) há outros saberes, e 
>   muitas designações tradicionais, populares, a ter em conta, porque traduzem 
>   formas de relacionamento com o território. Qualquer arqueólogo sabe 
>   isso.
> De 1978 a 1990 trabalhei na chamada Serra da Aboboreira, distrito do 
>   Porto, onde se cruzam os concelhos do Marco de Canavezes, Baião e Amarante. 
>   Ora aquilo, geomorfologicamente, não é uma serra... Salvo erro!
> Perto do 
>   local onde agora trabalho (área de Freixo de Numão, Vila Nova de Foz Côa) há a 
>   Serra da Touça, onde aliás uma pedreira de exploração de granito está todos os 
>   dias a torná-la mais pequena. Trata-se de uma elevação baixa, diminuta, que 
>   noutros pontos do paóis ninguém se lembraria de chamar Serra. É uma designação 
>   tradicional.
> Creio que este património se não devia perder, como a 
>   micro-toponímia, por exemplo também. Pelo gosto erudito de conservar? Não. 
>   Pela própria riqueza que é a diversidade de experiências do diálogo milenar do 
>   ser humanao com o mundo. Esse é muito rico.
> Às vezes interessa-me mais a 
>   experiência vivida do habitante, do que a classificação cientifica, algo árida 
>   – embora ambas sejam necessárias. A científica é um instrumento de arrumação; 
>   a popular uma fonte de vivência e de abertura para uma pluralidade de 
>   compreensões.
> Saudações cordiais e... Vejam o meu blogue e comentem, se 
>   quiserem!
> Vitor O. Jorge
>
>
> On 19.01.07 10:07, "Carla Alexandra N. 
>   C. Lopes" <calopes@ippar.pt> wrote:
>
> > Caro Alexandre, 
> >     concordo em parte consigo, pois também eu tenho essa perspectiva sobre o que 
> >     é uma "serra" e uma "montanha". No entanto discordo quando diz que a questão 
> >     deveria ter sido formulada desta forma "Qual a serra que 
> >     contém o ponto mais alto de Portugal?" . O Pico não se insere 
> >     numa serra, mas é por si, tal como diz mais  à frente "um único cone 
> >     vulcânico". portanto se era suposto responder Pico. Então a questão 
> >     deveria ter sido: Qual a elevação mais alta de Portugal ou qual o ponto mais 
> >     alto de Portugal.
> >
> > Devo 
> >     acrescentar, relativamente ao contributo do Prof. Vitor Oliveira Jorge, que 
> >     apesar da questão ter sido também por mim colocada na lista de discussão 
> >     Geografia.pt,  na realidade não suscitou qualquer discussão.
> > Obtive 
> >     respostas de vários investigadores e especialistas nesta área do 
> >     conhecimento, mas através de outros meios, e quase todos me deram razão. A 
> >     única excepção foi, curiosamente o vulcanólogo Vitor Forjaz, que 
> >     telefonicamente me disse que aceitaria ambas a respostas como certas.
> > Eu, 
> >     ainda não consegui ver a luz, mas provavelmente ela não 
> >     existe.
> >
> > carla lopes 
> > Arqueóloga 
> >     
> > Departamento de 
> >     Estudos 
> >     
> > Instituto Português 
> >     do Património Arquitectónico 
> >     
> > Ext. 
> >     1278 
> > Tel. 21 
> >     3614329 
> >     
> > Fax. 213628472 
> >     
> > email.calopes@ippar.pt 
> >     
>
>
> _________________________________________________________________
> Vítor Oliveira Jorge
> Prof. Univ. Porto; 
>   investigador do CEAUCP
> http://www.architectures.home.sapo.pt
> http://configuracoes.planetaclix.pt
> http://www.uc.pt/iauc/cea/membros/vjorge.html
> blogue: http://trans-ferir.blogspot.com/
> ________________________________________________________________